segunda-feira, 3 de maio de 2021

NOITES DA INFÂNCIA - A REVANCHE

Quando a indústria cinematográfica americana produz um sucesso estrondoso de bilheteria, um blockbuster, sempre resolve fazer uma continuação para faturar mais um pouco.  E não estão errados, mesmo que às vezes a continuação não mantenha a qualidade alcançada no original.

Jotabê, que é menos bobo do que aparenta ser (a diferença é imperceptível), também age assim. Como o post “Noites da Infância” teve boa aceitação, porque não tentar enfiar (no sentido figurado, lógico) uma segunda parte nos milhares de leitores do Blogson? Então é isso.

O TICO-TICO
No post original eu mencionei a revista O Tico-Tico e os personagens Faustina e Zé Macaco, que foram tomados de empréstimo por meu pai para suas histórias delirantes. Pois bem, resolvi desencavar o único exemplar d'O Tico-Tico que tenho e escanear a capa, onde aparecem os dois personagens citados. Na verdade, não é uma revista normal, é um almanaque que saiu no final de 1956 e foi dado de presente de Natal para meu irmão.

Não sei por que ele não se interessou em ficar com o almanaque. Talvez pelo fato de ter um defeito grave de montagem, pois várias páginas aparecem repetidas. Provavelmente esse pode ter sido o motivo de não ter nenhuma história dos personagens que aparecem na capa do almanaque de 1957. Não importa. Quando minha irmã perguntou ao “Sr. Memória” aqui se queria ficar com ele, a resposta foi –“Lógico!

Como nesse almanaque os personagens são apenas esboçados, como se feitos por uma criança, resolvi buscar na internet uma imagem melhor, a capa de um almanaque de 1954. Nas duas capas o Zé Macaco é facilmente identificável (porque será?) e a Faustina mais ainda, pois é a única mulher que aparece, com seu nariz imenso. Nessa época eu tinha uns seis anos ("o tempo passa, o tempo voa...").





PROPULSÃO A JATO
Essa história, que já era ridícula, ficará agora um pouco mais. Na casa de minha avó não se diziam palavrões nem palavras vulgares. Havia um certo pudor, um certo recato, mesmo que falsos (foram quebrados por minha avó, ao soltar alguns palavrões, já demente).

Assim, a propulsão obtida através da ingestão de batata doce pela heroína peidorreira, nunca foi identificada dessa forma. “Peido” não era uma palavra de bom tom na minha família. Como ninguém conhecia a palavra “flato” (que eu mesmo só vim a conhecer há uns dez, quinze anos), o termo usado era (já estou rindo de novo) “funfa”. Assim, lá em casa ninguém peidava, soltava “funfas” ou, na pior hipótese, “funfava”.  Dureza, não?

(13/02/2016)

6 comentários:

  1. Você está um tanto quanto escatológico hoje. Primeiro o desastre ambiental provocado pelo Digão e agora a tal da funfa. De onde saiu isso? Digo a palavra, o que ela designa eu sei de onde sai. Chamar de funfa, fazia feder menos que o peido?

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    1. Essa é uma daquelas coincidências "cósmicas" (ou cômicas).

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  2. Rapaz, não faço a menor ideia (embora a palavra seja meio onomatopaica). Talvez regionalismos muito específicos, surgidos em localidades mais isoladas. Um dos "queridinhos" dos chefs hoje é a planta "ora pro nobis". Na casa de minha avó crescia igual mato. Meu pai, nascido em Oratórios, chamava aquilo de "lobrobô", sempre motivo de ironia por parte de minha mãe, da região de Lavras.

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  3. peido na casa da minha saudosa mae era algo proibido e tolerado
    não podia soltar, mas todo mundo peidava
    pior era engraçado, para quem peidava, mas não para os outros
    coisa de pobre mesmo, hehe

    abs!

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    1. O mesmo acontecia na casa de minha avó (onde morávamos), mas era um sinal de boa educação, de respeito pelo próximo.Eu morei 24 anos em uma casa onde chegaram a viver 14 pessoas e não me lembro de ter sido importunado pelo barulho ou pelo cheiro do peido de ninguém. Creio que havia um certo recato que as pessoas foram perdendo com o tempo. Num outro extremo, conheci um sujeito que devia se considerar muito engraçado, pois quando ia à casa de parentes e coincidia de uma de suas sobrinhas estar com namorado novo, ele chegava perto, peidava e reclamava da falta de educação da sobrinha. Eu classifico essa atitude como "falta de berço", mas ele devia achar o máximo.

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MARCADORES DE UMA ÉPOCA - 4