O cartunista Jean-Marc Reiser foi um dos colaboradores do Charlie Hebdo e morreu de câncer aos 42 anos. É o autor do cartoon acima, um ótimo exemplo de humor cruelmente incorreto - e, por isso mesmo, delicioso.
Eu sempre gostei muito de ler e já li um bocado de coisa (provavelmente, mais que a maioria das pessoas - o que acaba não significando nada em um país de analfabetos funcionais). Qualquer tipo de obra literária disponível. Ultimamente, não tenho tido muita paciência para ficção, tenho lido mais sobre história, biografias, memória, essas coisas.
Mas, para mim, o grande barato é e sempre foi o humor, aquele humor que revira os conceitos e ideias estabelecidas. Em se tratando de texto, o Luis Fernando Veríssimo e o Millôr Fernandes são o que de melhor eu já li nessa área. Já dos cartunistas, os melhores estrangeiros que considero são o Schulz (Charlie Brown) e o autor do desenho que abre este post (Reiser).
No Brasil, meus ídolos são o Jaguar e o Angeli. Tirando o Schulz, esses cartunistas reviraram o bom tom, o bom gosto, o bom senso e o bom mocismo. E é isso que sempre me encantou no humor, que é (ou deveria ser) a antítese do pensamento e comportamento politicamente corretos.
No Brasil, meus ídolos são o Jaguar e o Angeli. Tirando o Schulz, esses cartunistas reviraram o bom tom, o bom gosto, o bom senso e o bom mocismo. E é isso que sempre me encantou no humor, que é (ou deveria ser) a antítese do pensamento e comportamento politicamente corretos.
O Millôr Fernandes foi brilhante (como sempre) quando disse em uma entrevista que "estamos nos aproximando perigosamente da neo-ditadura americana - a mais estúpida da história, tendendo a ficar violenta - a do politicamente correto. Mexe com tudo - cigarro, trepadas, segurança (o cinto), as piadas, as etnias. O cidadão americano hoje se auto-policia tanto quanto o cidadão soviético se policiava no stalinismo e o alemão no nazismo. (...) Os débeis lá de cima - de um lado e de outro - não percebem que quando um negro está sendo tratado com cuidado, é porque o outro o está colocando como inferior, no respeito, e ele está se colocando como inferior, na exigência".
Em português e em inglês existe a palavra drama (com uma pronúncia parecida com "drêma"). Vira e mexe, em algum programa legendado, eu ouço e leio essa palavra, mas o assunto tratado não se encaixa bem no meu conceito de "drama".
A mesma sensação eu tenho em relação ao famigerado "politicamente correto". Essa é uma expressão infeliz que me dá azia. Sei não, mas tenho uma desconfiança que deve haver alguma sutileza na forma original, não captada por quem a traduziu.
Por mim, mudaria essa expressão para "comportamento socialmente desejável". Acabaria dando na mesma merda, mas seria mais inteligível. Embora continuasse tão detestável e castrador quanto.
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