quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

A DOR QUE NÃO DÁ TRÉGUA!


A DOR EM FORMA DE MÚSICA
Dói de tanto medir a distância saber que não vou te tocar além da lembrança
A tua falta é sol sem calor e está aqui, mas se foi virou estrela, a nossa estrela do céu.
 
Das lembranças que eu trago na vida você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim outra vez.

Nem o sol, nem o mar, nem o brilho das estrelas
Tudo isso não tem valor sem ter você


A DOR EM FORMA DE POESIA
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
 
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
 
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
 
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.


A DOR NA FALTA DE ATENÇÃO
Depois da primeira internação minha para sempre amada Eliany alternou momentos de lucidez - quando conversava normalmente - com momentos de puro delírio. Nessas fases de confusão mental eu às vezes me exasperava e elevava a voz, tentando obrigá-la tomar o remédio que não queria ou se alimentar com a comida pastosa e insossa do hospital. Um dia, em um desses momentos, diante de um brutamontes que tentava obrigá-la a comer a gororoba trazida, uma menininha indefesa diante de um animal insensível que a ameaçava, fez esta súplica:
- Não brigue comigo não!
 
Aí eu desabei.


Em outro momento, ainda internada, a mesma menininha frágil e carente fez este pedido:
- Zé, me leve para casa para eu dormir na nossa cama!
 
E eu não pude levá-la, pois logo nossa cama foi substituída por uma cama hospitalar alugada.
 
Ah, vida desgraçada que me faz chorar agora, ao me lembrar daquela menininha indefesa que um dia eu prometi a mim mesmo que sempre iria defender e proteger. E não consegui!


5 comentários:

  1. Foi uma história feliz. Tenha certeza.

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  2. Me causa muita comoção ler esses teus textos de dor. Não acho que você está certo ao dizer que "não consegui".

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    1. Eu me espanto que as pessoas leiam o que estou publicando, pois são explosões de dor, raiva, sofrimento. Eu sei que um dia eu estarei melhor, mas agora está foda. Nunca imaginei que sentiria tanta falta da Eliany. Mas a dor vai passar. Obrigado por comentar.

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  3. A dor não vai passar, nunca passa. Talvez, caso tenha sorte, torná-se-a tolerável. Livrarmo-nos da dor da perda de um amor deste nível, é desonrá-lo; sentir a dor diária é prestar eterno tributo a ele. Eterno, é claro, enquanto também durarmos.
    Não queira livrar-se dessa dor, a traga mais para perto, amanse-a, domestique-a, faça-a tão amiga e cúmplice quanto lhe foi a sua amada.

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    1. "Livrarmo-nos da dor da perda de um amor deste nível, é desonrá-lo". Impactante, surpreendente, magnífico este comentário! Obrigado mesmo por tê-lo feito e por ter vindo aqui comentar. Retiro publicamente todas as críticas que fiz a você em um momento de raiva. Mas nem pense que vou beber cerveja com você! Cara, como so valores mudam!

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