Creio que ninguém discordará de mim se eu
disser que a primeira vez de cada atividade é sempre cercada de insegurança e
até de desconforto. O primeiro dia no novo emprego, o primeiro beijo – quando não
se sabe bem o que fazer quando uma língua estrangeira invade sua boca, o
primeiro intercurso sexual – que pessoas menos contidas chamam de a primeira
trepada, o primeiro passeio de automóvel depois de habilitado (o que não o
salva de um eventual amassado ou arranhão ao manobrar o carro na garagem
estreita).
Algumas primeiras vezes podem provocar choros
convulsivos ou explosões de raiva, que é quando o filhão ou a filhinha querida decide
que está na hora de contar para os pais que o armário foi aberto. Conheço um
caso em que o pai expulsou o filho de casa, para logo depois readmiti-lo.
Mas algumas primeiras vezes são apenas
aborrecidas ou constrangedoras. Por exemplo, quando as tias e tios ficam
sabendo que você está de namorada nova ou namorado novo. Aí o bicho pega, pois
começa a inquisição: Como é ela? É
bonita? Quantos anos? Mora onde? É baixaaltamagragordalouramorena?
Nosso filho mais novo está mais ou menos
nesse processo. Quando ficaram sabendo da novidade nossas netas mais velhas (sete
anos) mandaram mensagem para ele
- Tio
Dani, você está namorando? Eu faço questão de conhecê-la!
A explicação para isso é simples: nosso filho
começou a namorar uma menina quando tinha uns quatorze, quinze anos. Namoro
longo que só terminou quando entrou na faculdade, pois logo começou a namorar
uma colega. Outro namoro longo, só terminado quando a menina quis sair de casa
para morar com ele. Ele recusou, argumentando não ter condições de manter uma
casa, pois estava ganhando uma merreca.
Depois disso foi só “ficância”, azaração,
balada. Fase que durou tempo suficiente para a Cacá, uma das netas mais velhas
ter levado esse papo com as amigas, no vestiário, depois da aula de natação:
- Sabia que meu tio tinha
uma namorada quando a gente morava na barriga da minha mãe?
- É?
- Aí ele desnamorou e
agora está namorando de novo.
Agora, dureza mesmo é
quando um tio tem a finesse de um rinoceronte e a sutileza de um hipopótamo.
Conheci um sujeito que ao ser apresentado ao namorado de uma das muitas
sobrinhas, fazia os comentários de praxe, afastava-se um pouco e, ao retornar, soltava um barulhento flato, ou melhor, peidava e acusava a sobrinha, roxa de
constrangimento:
- Que coisa feia, Marília/Odete/Vera/Maga
Patalógica, não tem vergonha não? Fazer isso na frente do rapaz? Assim ele acaba terminando o namoro!
E ele achava isso engraçado!
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