Meu filho mais velho nasceu às 11h30 de um
dia 25 de dezembro, criando um novo significado do Natal para mim.
Meu sogro faleceu em 02 de dezembro de 1980,
deixando o Natal daquele ano muito chocho, triste.
Minha para sempre amada Eliany me abandonou
em um tristíssimo 8 de dezembro. Que posso esperar deste Natal?
Por isso, por mim, ficaria enfurnado dentro
de casa, tomando leite com toddy e biscoito maisena, e vendo os especiais de
fim de ano que nunca pude ver. Talvez isso escandalize meus filhos e filhas.
Por isso, escrevi esta mensagem para eles:
Pessoal, por brincar muito, talvez eu tenha
mais dificuldade de me expressar com seriedade. Natal e Ano Novo, talvez por
algum complexo adquirido ainda na infância, sempre foram datas que nunca me
sensibilizaram muito. Para ser sincero, sempre achei uma chatice ter de ficar
acordado para a mudança de segundo, transformador de ano velho em ano novo. De
Natal nem preciso falar muito, basta lembrar o contraste dos presentes
legaláticos que meus primos ricos ganhavam com a indigência dos que recebíamos.
Isso mudou depois que vocês nasceram, pois
conseguíamos comprar presentes tão legais quantos meus primos ganharam. Para
ser sincero, fiquei também com um complexozinho de culpa ao comparar o que
vocês ganhavam com o que o Lipe ganhava. E olha que a Erê ralou para não deixar
o filho infeliz ou complexado.
Agora, tudo mudou outra vez. A perda da para
sempre saudosa Eliany fez com que eu voltasse a não me ligar muito nessas
festividades tão cheias de clichês. Hoje, agora, eu me permito decidir se quero
ou não ir aqui ou acolá. Por exemplo, nem a gancho, nem sob tortura, nem
privado de leite com toddy eu pretendo estar na passagem de ano na casa da Dona
Lourdes.
Ao mesmo tempo, pretendo não atrapalhar a comemoração
de vocês, pois vocês são jovens e têm amigos, enquanto eu sou velho e não tenho
ninguém da minha faixa etária com quem comemorar a mudança de calendário. O que
isso significa? Que estou pensando em ficar em casa e talvez até ligar a
televisão. Isso será ruim? Claro que não, pois um litro de leite gelado com
toddy e biscoitos cura qualquer depressão. E eu não estou deprimido. Triste
sim, deprimido não.
Hoje, para que todos saibam, estou totalmente
desapegado de tudo a que dava valor, pois o maior valor eu perdi. Por isso, 90%
do que tem nesta casa pode ser doado ou jogado fora. E eu não ligo a mínima.
Talvez isso cause perplexidade, irritação ou desconforto em quem quer me
ajudar. O prazo para limpeza e descarte de objetos inúteis ou vencidos é
qualquer um. Apenas acho e desejo que o “ataque” seja feito cômodo por cômodo,
serenamente, de forma definitiva. Isso para mim é um pouco difícil, por ter
mania de fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo, o que deixava a Eliany puta da
vida. Mas era assim que eu agia no tempo da Convap. Naquela época até dava
certo, pois o cérebro ainda estava zero bala.
Que mais eu queria falar? Talvez dizer que
estou me sentindo muito paparicado, o que me faz lembrar da propaganda do
Unibanco, com a Débora Bloch como mãe do Luis Fernando Guimarães, dizendo:
–“Aquela Lúcia Helena do Unibanco mima você
demais!”.
E é isso que estou sentindo. E é muito bom!
Por isso, fiquem tranquilos, eu estou bem, tanto quanto é possível estar.
Beijão.
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