sexta-feira, 30 de julho de 2021

IN MY LIFE - SEAN CONNERY

George Martin, maestro, arranjador e produtor musical dos Beatles resolveu fazer uma espécie de legado musical em cima das músicas do Fab Four. Em 1998, chamou uma penca de atores, cantores e instrumentistas e gravou o ábum "In my Life". Um dos convidados foi o ator Sean Connery, que declamou os versos da magnífica "In My Life" tendo como fundo a própria melodia da canção, de forma instrumental. Impossível para um velho beatlemaníaco de primeira hora como eu não se emocionar. Baba aí!



 

quinta-feira, 29 de julho de 2021

SEPARANDO O JOIO DO JOIO


 
Já contei parte desta história aqui, mas vou repetir. Não creio que isso tenha acontecido com todos os meus tios, mas sei que pouco antes de morrer pelo menos um dos irmãos de meu pai rasgou ou queimou tudo o que tinha escrito até então. Meu pai dizia que Tio Chiquinho escrevia super, super bem e que até colaborou em algum jornal, mas isso foi insuficiente para desejar ver preservada sua “obra”. Aparentemente, muitas pessoas acham necessário ou gostam de "apagar rastros", destruir papeis e documentos que eventualmente poderiam mudar a imagem que construiram de si e para si mesmos. 
 
Meu pai também escrevia bem, mas tinha um vício quase indesculpável: para impressionar colegas e superiores misturava comentários irônicos e até engraçados nos textos técnicos relacionados à profissão por ele exercida. Essa salada tornava a leitura dessa mistura bastante indigesta (pelo menos para mim, a quem submetia o que acabara de escrever). Talvez fosse esse o pecado dos textos que me deixou ler. Tenho certeza de que o resultado seria fabuloso se tivesse resolvido registrar casos de sua infância e do tempo em que permaneceu no distrito de São José dos Oratórios (onde nasceu), porque ele era um ótimo contador de casos.
 
Mas não sei o destino de toda a papelada que produziu, pois foi meu irmão que se incumbiu de limpar, triar, guardar ou jogar fora o que nosso pai deixou. Além dos textos escritos por ele, guardava também uma papelada imensa que recortava de jornais e revistas. Anotava muita coisa, escreveu outro tanto, mas não sei se sobrou algo a ser preservado, pois meu irmão disse que os cupins fizeram uma festa com esses papeis. Por isso, ele pode ter feito com os guardados de Seu Amintas o que nossos tios fizeram antes de morrer com a papelada por eles produzida: talvez tenha queimado tudo.
 
Mas alguma coisa meu irmão preservou (de imenso valor sentimental para mim). Depois da morte de nosso pai descobri que ele guardava rótulos dos produtos produzidos pelo laboratório farmacêutico da família (que faliu). Meu irmão disse que me daria um jogo dessas relíquias Como hoje não nos falamos mais, a coisa parou por aí. Mas, tudo bem, talvez um dia, lá no Centro Oriente, eu resolva "baixar" em alguém só para conhecer esses rótulos que nunca vi (bazinga!).
 
Por que estou dizendo isso? Por um comentário que um amigo virtual fez em um post que publiquei há algum tempo. Comentando sobre o que eu tinha escrito sobre meu pai ele disse que “Talvez se na época dele houvesse blogs, a obra dele teria ficado registrada, feito a sua. Feito a minha. Mas não sei se eu quero algum possível futuro neto lendo a herança do avô”.
 
Achei extremamente curiosa a última frase, pois meu pensamento vai na direção oposta. Não tenho a menor vergonha, o mínimo receio de que meus filhos ou netas leiam o que publiquei aqui no blog. Pelo contrário, gostaria que lessem e curtissem tudo!
 
E o motivo é o fato de ter-me atirado no velho Blogson sem nenhuma rede de proteção, sem filtro quase nenhum. A cada espatifada que eu dava no chão surgiam peças do mosaico que fui montando de mim mesmo.  E o que começou como uma brincadeira, um passatempo para um idoso aposentado acabou se transformando em  uma terapia gratuita, uma blogoterapia de longa duração que me permitiu ver com bastante nitidez quem eu realmente sou hoje, quem eu fui e o que fiz para chegar até este momento.
 
Com essa visão e com o empurrão de outro amigo virtual, resolvi me divertir mais um pouco. Como a inspiração tem andado mais seca que rio intermitente do semi-árido nordestino, resolvi selecionar material entre os mais de 2.200 posts como se fosse publicar um livro ou e-books “de grátis” na Amazon. E mesmo que isso seja apenas ficção, mesmo que nunca publique porra nenhuma, o prazer de separar o joio do joio está sendo muito grande (que foi, acha que aqui tem algum trigo? No Blogson é assim: joio primeira escolha, joio segunda escolha e quirera). E assim vai rolando minha vida até onde der, pois tenho sentido que minha blogoterapia está chegando ao fim. Mas deletar o que publiquei no blog, nem pensar!

domingo, 25 de julho de 2021

UM BRINDE AO VAZIO

No início da semana passada, sem entender por qual motivo, acordei às duas da madrugada e não consegui mais dormir. Levantei-me, bebi água, fui ao banheiro, deitei-me de novo, virei para um lado, virei para o outro e nada de voltar a dormir. Estava nessa luta com a insônia quando assim do nada surgiram em minha mente as frases "tenho saudade das paixões que não provoquei" e “um brinde ao vazio”. Aí foi que eu não consegui mais dormir.
 
Levantei-me, peguei um caderno (o computador estava desligado) e comecei a escrever estes "versos". Só assim voltei a dormir. Depois que amanheceu, liguei o computador, digitei o que estava no caderno e enviei para meu filho perguntando se estava bom. A resposta foi desconcertante: "Bacana, já tinha visto antes". Como assim, se foi escrito às duas da matina? Eu sei que o tema é meio recorrente nas coisas que escrevo, mas não consegui descobrir onde ou o que meu filho leu. Se algum de meus amigos virtuais também já leu, peço que me avisem, pois plagiar a mim mesmo é foda.
 
 
Tenho saudade
Sim, tenho saudade
Dos lugares que não conheci
Dos sabores que não provei
Dos cheiros que não senti
Dos filmes que não assisti
Dos livros que nunca lerei
 
Tenho saudade
Sim, tenho muita saudade
Dos sonhos que não sonhei
Dos amigos que não conheci
Das paixões que não despertei
Dos amores que não conquistei
Da vida que não vivi
 
Sinto saudade de mim






quinta-feira, 22 de julho de 2021

OSMANOPIRA

 
Eu acho que o título “Conteúdo Adulto” do penúltimo blog fez pirar os robôs do blogger. Como todos sabem, o Blogson Crusoe é um blog família, deixando claro que sua (dele) família não é do tipo nem da Família Adams nem da família Manson nem de uma famiglia muito conhecida. Mesmo que chegado a uma caricatura não é um blog careta. Por isso, seguindo o exemplo do Bill Clinton, já fumou mas não tragou. Mas é família. Só não traz fotos de oncinhas pintadas, zebrinhas listradas e coelhinhos peludos por ser alérgico a pelos de animais - mesmo que sejam de animaizinhos fofinhos. E nem quer sofrer processo por plágio dos Titãs.
 
Um blog família. E anêmico. Quando suas visualizações diárias ultrapassam a impressionante marca de 30 acessos isso é motivo de celebração, com direito a uma rodada extra de leite com Toddy (gelado, por favor). Pois bem, talvez graças ao capcioso título “Conteúdo Adulto” (pode não ser esse o motivo), o blog da solidão ampliada registrou ontem 509 acessos e 519 hoje, ainda no início da manhã (fechou em 1223). Que posso deduzir disso? Que os robozinhos talvez tenham fantasias ocultas, talvez desejem secretamente ver algum tipo de pornografia - que nunca encontrarão aqui -, ou estão perdidos no (ciber)espaço (creio que só o Marreta talvez entenda essa piada). Bando de voyeurs!


SABE O QUE EU MAIS QUERO?

Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender por que se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber

Pois é, o Vander Lee tinha a manha. O lance é o seguinte: conheci um sujeito que na juventude torcia doentiamente pelo Atlético mineiro. Viajava para ver alguns jogos, comprava faixas, bandeiras e outras tralhas e enchia a cara durante as partidas (para ser sincero, antes, durante e depois, em todos os dias da semana). Já mais velho, moderou um pouco essa paixão (só pelo futebol!), mas gostava de declarar-se "primeiro anti-cruzeirense e depois, atleticano". Ou seja, o ódio pelo principal adversário do seu time do coração era tão insano que pouco importava para ele se seu Galo só estivesse jogando tampinha.
 
O que esta história tem de similar fora dos estádios? Isto: muitas pessoas têm tanto medo, ódio ou preconceito contra alguma ideia ou pessoa que qualquer pé rapado que apresente um discurso radical contra essas ideias ou pessoas vistas como ameaças e que odeiam, logo é incensado como o redentor, o messias tão aguardado. E é aí que a coisa desanda.
 
Vamos supor que esse redentor seja uma toupeira míope que não consegue enxergar ou não quer entender nada que esteja fora da sua toca, do seu nicho. Se acreditar que recebeu poderes para salvar o mundo, esse toupeira-mor tudo fará para que o mundo à sua volta (aquele que consegue enxergar) seja uma grande toca, cheia de toupeirinhas que o adoram e veneram. Mas ele pode estar errado (todo mundo erra!). Apesar disso, continua a agir como se estivesse sempre certo, pois talvez acredite que realmente é o "salvador da pátria".
 
E é por aí que as coisas se complicam, pois pode acontecer dele tomar decisões equivocadas (pois as julga totalmente corretas). Em seu benefício, digamos que sua visão poderia estar parcialmente certa. Mas, por desprezar, ironizar ou não acreditar em outras visões do problema, por entender que ele é quem está sempre com a razão, suas ações e decisões podem travar todo o "ecossistema" à sua volta.
 

Este texto começou a ser rascunhado (continua com cara de rascunho) a partir de um pensamento que tive (eu estava de bom humor no dia): por mais assustador que isso possa ser, e se o Bolsonaro realmente acreditasse estar fazendo o melhor para o país, que nunca tivesse se equivocado, que sempre tivesse agido de forma desinteressada, movido apenas por um ideal? Pois é...
 
Mas a CPI da Covid começou, descobriu-se que um reles cabo da PM lotado em Alfenas-MG (80 mil habitantes) tentou vender 400 milhões de doses de vacina (imagino que se tivesse patente mais alta talvez propusesse imunizar a população do planeta), habeas corpus foram sendo apresentados e resguardado o direito de alguns depoentes ficar em silêncio (mas com cara de cachorro que peidou na igreja). Aí eu perdi o bom humor de vez.
 
Esse silêncio preventivo para não se autoincriminar lembra a história do bafômetro - mesmo que você não sopre no etilômetro (bonita palavra!) já deixou a pista de quem tem "culpa no cartório". Por tudo isso, pela sensação de já ter visto esse filme antes na era petista, cheguei à conclusão de que não quero entender nada, eu quero mais é que o Bozo se foda. E leve o Lula com ele.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

MUITA PERPLEXIDADE COM PITADAS DE INDIGNAÇÃO

Este post serve apenas para registrar minha perplexidade e indignação por conta de comportamentos lamentáveis, deploráveis, impensáveis, inaceitáveis. Um escritor de verdade estaria agora se contorcendo por conta dessa repetição obsessiva do sufixo. Mas é proposital, só para incomodar, pois incomodado eu estou. Agora, pitada de indignação, porra nenhuma! Este post é uma pizza mezzo a mezzo, pois aqui a perplexidade e a indignação aparecem em partes iguais, meio a meio, fifty-fifty
 
 
PEGOU MAL
Creio que foi por volta de 1960 que a TV Itacolomi de BH exibiu a série de capa e espada Zorro, meio bobinha mas divertida. O personagem que a tornava engraçada era o atrapalhado e subserviente Sargento Garcia, sempre tentando prender o herói. Anos depois fizeram um filme com o Antonio Banderas, mas não faço a mínima ideia sobre ele, pois nunca me interessei em assistir. O que um sargento rotundo e trapalhão tem a ver com os dias atuais? Boa pergunta! Quando ainda era ministro da Saúde, o gordinho Pazuello disse uma frase que merece ser lembrada no futuro: “É simples assim: um manda, o outro obedece”, a propósito do cancelamento da compra de milhões de vacinas determinado pelo presidente. Ao agir assim um general ficou parecido com o atrapalhado sargento Garcia diante do seu próprio capitão.
 
O problema é que recentemente divulgaram um vídeo onde ele negocia a compra das mesmas vacinas – através de intermediários e a um preço três vezes maior! Numa boa, eu, se fosse o Bolsonaro, descia porrada no Pazuello, só para não me ver mergulhado no mesmo caldeirão de bruxarias (concorda, Luana?). E não custa lembrar que o presidente explicou assim o fim da Operação Lava Jato: “Acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo”. É claro que eu creio nisso! E acredito também em duendes e gnomos. Pegou mal, pegou muito mal.
O verdadeiro sargento Garcia


 
MEDIEVAL
Publiquei recentemente um texto aqui no Blogson onde falava da morte de um primo, abatido pela Covid. Estava super chateado. E fiquei ainda mais chateado ontem. Chateado, não, sacaneado. Sacaneado não, puto da vida. E o motivo foi ter descoberto que ele não foi vacinado porque não quis. (descobri que existe uma ala de retardados mentais na minha família). Disse que não se vacinaria e ponto final. Grandessíssimo filho da puta!
 
A sorte é que sua mãe - que está com 102 anos - começou a apresentar sinais de demência. Assim, ficará fácil (relativamente) mantê-la na ignorância da morte de um dos dois filhos que teve.
 
Fico pensando no medo, no desespero e no arrependimento que meu primo deve ter sentido ao saber que seria sedado e intubado. Péssima escolha, péssima aposta. Se não fosse pai e avô bem que mereceria ganhar o Prêmio Darwin, aquele que premia postumamente as pessoas que contribuíram para o desenvolvimento da espécie ao não deixar descendentes.
 
Por ser rico de nascença, frequentou os melhores colégios, conheceu vários países, tornou-se empresário bem sucedido, mas empacou no limite das ciências exatas, da engenharia. Pelo jeito, não foi capaz de ultrapassar essa barreira. Só isso poderia explicar o inexplicável, o obscurantismo e a ignorância de que foi vítima, 
o provável desinteresse por conhecimento científico fora de sua área de atuação. Eram essas as piores comorbidades que poderia ter. Apostou contra o coronavírus e perdeu. Superstições, crendices e apostas mal feitas podem matar, seja na Idade Média ou nos tempos atuais. Otário!

sexta-feira, 16 de julho de 2021

BLOGOTECÁRIO

Uns nove ou dez anos depois de terem se separado, os integrantes da formação original da banda inglesa The Animals tentaram uma segunda vida ao se reunir novamente e lançar um ótimo disco com o título “Before we were so rudely interrupted”, mas creio que o gás acabou aí. E é nessa linha que começo este post, uma espécie de revival - mesmo que o original não tenha sido “tão rudemente interrompido”.
 
Eu sempre me identifiquei muito com o personagem Dom Quixote, por perceber minha tendência  a ser um sonhador romântico. Essa identificação aumentou mais ainda nos últimos anos, pois um sujeito septuagenário que insiste em manter um blog de conteúdo idiota só pode mesmo ser meio louco, descalibrado.

Nessa linha de pensamento, em maio de 2020 publiquei o texto “Quixotesco”, um verdadeiro quixotexto, tão ridícula é a história nele contada. Como teve doze visualizações e doze também é o número de amigos virtuais que o blogger insiste em identificar como “seguidores”, imagino que todos já conhecem esse caso. Por isso, em respeito à boa vontade e paciência dos amigos apenas direi que falava de um “presente” que dei para minha mulher em 1976, quando completamos um ano de namoro.
 
Como parte desse presente, anexei um desenho maravilhoso de Dom Quixote feito pelo fantástico Gustave Doré (o cara desenhava bem demais!). Como sempre fui um sonhador ridículo ou um ridículo sonhador, é claro que não poderia simplesmente tirar um xerox do original, eu precisava reproduzi-lo à mão.
 
Bom, mesmo que eu estudasse desenho durante 100 anos eu nunca conseguiria produzir uma imagem tão rebuscada, tão graciosa. A solução foi a velha cópia em papel de seda, técnica utilizada para copiar os mapas das antigas aulas de geografia. O resultado (a cópia) ficou mais ou menos e assim mesmo graças à trabalheira insana para copiá-lo de forma minimamente decente.
 
Pois bem, ao procurar uma certidão antiga, descobri que esse desenho não tinha sido destruído junto com o restante do “presente”. E como o velho Blogson (além de blogoterapia) é também uma espécie de biblioteca de minha atividade “intelectual”, uma verdadeira blogoteca, resolvi escanear o desenho para guardá-lo aqui no blog da solidão ampliada. Olha ele aí.


 
E se alguém se interessar em (re)ler o tal “quixotexto”, o link é este:

https://blogsoncrusoe.blogspot.com/2020/05/quixotesco.html

 

 


MISSA, MISSA

- Você viu o que aconteceu com ele?

- Ele quem?

- Ele, pô! ÊÊÊLE!

- Ah, foi internado, né?

- Parece que está afônico.

- Não é isso o que eu li!

- É que às vezes ele fala pela bunda.

- Ah, bom!

- Estou até pensando em mandar celebrar uma missa em sua intenção.

- Missa? Você?

- É, missa, missa negra.

- Caraca!



terça-feira, 13 de julho de 2021

O MUNDO É UM MOINHO - CRIOLO

 
"Este samba vai pra Dorival Caymmi, João Gilberto e Caetano Veloso. Vamos lá!" Assim começa a gravação original de "Aquele Abraço", do Gilberto Gil. Lembrei-me dessa frase ao pensar em dedicar uma música a quem tem me deixado às vezes pirado, às vezes pilhado. E essa pessoa é uma personalidade proeminente e pra lá de polêmica do mundo da política.

Como o homenageado é pessoa importante e de fino trato, claro que não poderia escolher qualquer música. Precisaria ter uma melodia bonita e uma letra bem encaixada e que fizesse pensar. A escolha acabou recaindo em "O mundo é um moinho", composta por Cartola. A título de curiosidade, já li em algum lugar que a letra dessa música foi inspirada em sua filha de criação, que na época era meio chegada a uma esbórnia.

Resumindo tudo isso, este samba vai para... Ah, esqueci de dizer que não é exatamente a música toda que estou oferecendo ao rei da cocada preta - até por ser ele o moinho de si mesmo, ao "reduzir as ilusões a pó" - apenas os dois versos finais, aqueles que dizem:
 
Quando notares, estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés
 
Escuta aí, Jair! (Falando sério, o violão de sete cordas ficou bonito demais)



 

domingo, 11 de julho de 2021

NÓ EM PINGO D'ÁGUA

Se tem uma coisa que me incomoda é o radicalismo. Em qualquer forma que se apresente. Eu sou mineiro, caipira, escorregadio, daquele tipo que dá um boi para não entrar numa briga e uma boiada para sair dela (até porque tem muito gado disponível por aí).
 
Admiro os políticos mineiros que davam nó em pingo d’água, como José Maria Alkmin, que ao encontrar-se por acaso com a esposa do vice-governador da época cumprimentou-a efusivamente:
- "Há quanto tempo, Lia! Como você está jovem, bonita!"
- "Que nada, doutor Alkmin. Acabo de ser avó."
- "Sim, mas avó por mérito, não por antiguidade."
 
Por isso, resolvi juntar as duas postagens que fiz hoje no Facebook em uma só, para publicar aqui no Blogson, uma dedicada ao Jair e outra ao Lula, porque para mim vale o ditado “pau que dá em Chico dá também em Francisco”.






sexta-feira, 9 de julho de 2021

OS BRUTOS TAMBÉM AMAM !

As redes sociais parecem ser uma espécie de cafetinas da internet, pois acolhem todo tipo de putaria e prostituição literária. Sempre é possível ver textos apócrifos atribuídos aos bacanas da literatura. Sem contar os textos de Chico Xavier psicografados por Platão, Voltaire e outros bambambans da mediunidade.
 
Talvez seja essa a explicação de mimosos versos de autor desconhecido, que bem poderiam ser atribuído a Ricardo Salles, ex-ministro do ½ ambiente. Se o textículo for de sua (dele) autoria, mesmo já não sendo ministro nem de ¼ do ambiente, certamente mereceria os cumprimentos por interessar-se por poesia.
 
Como disse um senhor ao descobrir tardiamente os efeitos miraculosos da sildenafila e da tadalafila, “antes tarde do que nunca!” Só sei que gostei demais do lirismo impregnado nestes versos:
 
Vou-me embora para passar gado
Lá sou amigo do rei
Motoserro onde quero
Nas matas que escolherei




quarta-feira, 7 de julho de 2021

POESIA DESENHADA

 
Já disse antes que dois de meus filhos são pais de gêmeas, tornando-me portanto avô de quatro menininhas tão lindas e tão graciosas que é impossível não chamá-las de maravilhinhas. Pois bem, acabei de receber de um deles uma poesia a que deu o nome de “Duas luzes”, despreocupadamente rascunhada em uma folha de agenda antiga. Não só rascunhada como também desenhada, ilustrada por uma criança de três anos (para mim é um porco, mas pode ser também um cachorro, gato ou o que se quiser que seja).
 
Ao enviar-me pelo whatsapp a imagem dessa folha, comentou “Poesia desenhada”, com um emoji sorridente, munição suficiente para um avô declaradamente coruja reagir, um avô que graças a uma mamoninha assassina esperou três anos para poder dar um abraço carinhoso, o primeiro abraço nessas menininhas (e um ano e meio para ganhar um abraço dos filhos).
 
Estava sem nenhuma vontade de publicar aqui no blog um texto bobo que está escrito há uns dois meses, quase decidido a deixar passar mais um tempo distante do velho Blogson. Entretanto, ao receber o conjunto poesia-desenho resolvi publicá-lo aqui no blog, pela emoção e amor nele contidos. Emoção e amor tão evidentes, tão sinceros e serenos que me levaram a concluir:
- Esse menino não puxou o pai!
 
Duas luzes
Um belo dia duas luzes se acenderam na minha vida
Duas pequenas e tímidas luzes entre tantas
Como as luzes no “pisca-pisca”
Que envolve a árvore de natal
 
Duas luzes pulsantes e vibrantes
Que crescem em luminosidade de uma forma tão intensa que
Sei que não importa mais
Onde vou aportar
Essas duas luzes gêmeas
São o farol a minha vida guiar



segunda-feira, 5 de julho de 2021

FRIO PRA CARAMBA

 
“Se você acha que pequenos gestos não conseguem definir uma personalidade, escuta essa”:
 
Assim começava um texto que escrevi em 02 de julho de 2017 e que redescobri graças ao Facebook, onde foi publicado. Às vezes eu me surpreendo quando acesso essa rede e aparece a frase “Veja suas lembranças” encimando alguma postagem que publiquei em anos anteriores exatamente naquele dia do mês.
 
Geralmente eu nem me lembro dos posts que repliquei ou escrevi há um, dois, três ou quatro anos. Às vezes, quando revejo alguma coisa legal, geralmente compartilho a lembrança. Eu poderia ter compartilhado esse texto outra vez, mas achei melhor copiar para publicar no velho e claudicante Blogson, minha blogoteca.
 
Hoje, domingo, fui comprar pão tão logo a padaria abriu. Aos domingos e feriados ela só abre às seis e meia. Fiquei surpreso de encontrar tomando um café (só café) um sujeito que já trabalhou de servente de pedreiro em nossa casa. Estava frio pra caramba e o vento que soprava dava um jeito de piorar um pouco mais a sensação de clima polar. Eu estava todo agasalhado, mas ele estava apenas de bermuda e camiseta de manga curta. Perguntei se não estava sentindo frio e ele disse que estava:
- Pior é que está frio mesmo!
 
Ofereci carona até a entrada da favela onde mora, mas recusou, dizendo que iria no sentido contrário.
- Sem problemas, te deixo mais perto, senão vai morrer de frio - disse, achando-me o máximo da generosidade. Agradeceu, mas não aceitou (- "Tá de boa!"). Cheguei em casa e comentei com minha mulher sobre isso e do frio absurdo que estava fazendo. A reação foi imediata:
- “Volte lá e leve para ele uma de suas blusas”.
 
Aquilo foi como um soco na minha cara. Como não pensei nisso? Peguei uma blusa de moleton e saí, conseguindo ainda alcançá-lo. E esta é a nossa diferença: eu posso me condoer, ter pena, etc., mas não movo uma palha para realmente ajudar alguém que esteja precisando. Minha mulher, ao contrário, sempre, imediatamente, coloca-se ao lado ou à disposição de quem precisa de apoio, ajuda, conforto ou consolo. Ela é a pessoa mais solidária que conheço.
 
E essa atitude prática e reveladora de um coração generoso apenas confirma, ratifica a frase inicial: pequenos gestos podem sim, definir uma personalidade. E uma reflexão tão rasteira, tão rasa que poderia ser chamada de reflequichão: eu jamais conseguirei ser definido como "de esquerda", pois sou tão individualista, tão egocêntrico que minha preocupação pelo próximo é apenas teórica, nunca se transforma em prática. Outra reflexão: este post ficou uma merda!

domingo, 4 de julho de 2021

LULA E BOLSONARO: SÃO ESTES DOIS TRASTES OS FAVORITOS EM 2022 - RICARDO KERTZMAN

  
(Extraído da coluna de Ricardo Kertzman em 04/07/2021)
 
Líder de organização criminosa quer interdição ou impeachment de Bolsonaro
Se 'ladrão que rouba ladrão, tem 100 anos de perdão', quantos anos terá Lula por criticar o verdugo dos 1000%?
 
Lula, o meliante de São Bernardo, apontado pelo MPF como chefe de quadrilha, quebrou o silêncio e resolveu se manifestar sobre as suspeitas de corrupção nas compras de vacinas pelo Ministério da Saúde.
 
Em entrevista ao jornal O Liberal, de Belém, o ex-tudo (ex-presidiário, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro) declarou que, ‘se for verdade as denúncias de corrupção, se for verdade o gabinete paralelo, se for verdade o que estão falando sobre esse governo, então acho que a CPI pode pedir ao STF a interdição do Bolsonaro, ou, com base no relatório, mais um pedido de impeachment’.
 
Que fofo, né? Que bonitinho. O pai do mensalão, o líder do petrolão, o inseparável ‘irmão-comparsa’ de crimes de José Dirceu, Antonio Palocci e extensa companhia, agora dá lição de moral e pede punição - a mesma que não teve - para o patriarca do Clã das Rachadinhas, quem diria? O pai do Ronaldinho dos Negócios acredita ser moralmente superior ao pai do senador da mansão de seis milhões de reais.
 
Um embate como este escancara o tamanho da nossa encrenca; a profundeza da nossa fossa abissal. São estes dois trastes os favoritos em 2022. Se não surgir o nome da salvação, um deles terá mais quatro (ou oito) anos para roubar e deixar roubar; entupir o governo com sindicalistas e com mais militares inúteis; produzir mais milhares, quiçá milhões, de novos cadáveres por doenças, fome e miséria.
 
Lula é uma espécie de câncer. Bolsonaro, sua metástase. E o povo brasileiro é o doente terminal que insiste em não se tratar nem em não morrer. O remédio seria o voto, mas como as vacinas contra a Covid, ou é ausente ou está estragado. E o pouco que resta é insuficiente para imunizar o País contra os vírus do lulopetismo e do bolsonarismo, já que juntos formam um rebanho impossível de se vacinar. E de se curar.

 

sábado, 3 de julho de 2021

CHOVE LÁ FORA - MILTON NASCIMENTO

Quando estávamos na primeira infância, eu e meu irmão só podíamos brincar com duas crianças, dois primos mais ou menos com a mesma idade que a nossa. Hoje, dia 03/07/2021, morreu o mais novo, mais uma vítima da Covid. A notícia de sua morte deixou-me aturdido e triste, muito triste. Quase instantaneamente pensei em uma música gravada ao vivo por Milton Nascimento.
 
Em julho de 1973 aconteceu um acidente aéreo na Índia, tão trágico quanto trágicos e estúpidos são todos os desastres de avião. Esse, em particular, privou o Brasil de duas personalidades do meio artístico: o elegantíssimo cantor Agostinho dos Santos e a atriz porra-louca (e musa da “Banda de Ipanema”) Leila Diniz.
 
Em 1974, o Milton Nascimento gravou o disco “Milagre dos Peixes ao vivo”, um álbum duplo lindíssimo, resultado de um show (dois dias) provavelmente mais lindo ainda. No envelope-encarte de cada um dos discos está impressa a frase: “este show foi dedicado a Agostinho dos Santos e Leila Diniz”. Uma das músicas interpretadas é “Chove lá fora”, um samba-canção de Tito Madi com letra de corno, que o Milton transformou de forma absolutamente magnífica em um espasmo de dor e saudade, esticando as palavras como se fossem elástico, como se estivessem sob tortura. Sua interpretação foi tão intensa, tão carregada de sentimento - e que o arranjo tornou ainda mais cheia de sombras e de dor -, que é impossível não se emocionar.
 
Antes do início da música, pode-se ouvi-lo dizer o que imagino ser o final provável de uma homenagem aos amigos falecidos: “... e a muitos outros que a mão de Deus levou” (no CD acabou mantida no final da faixa anterior). Em seguida, começa um lamento em falsete que é de arrepiar (e que se repete ao longo da interpretação).
 
Essa é a música que resolvi compartilhar aqui no blog, como uma homenagem a meu primo Paulo César, um sujeito sempre bem humorado, sempre de bem com a vida, que cometeu o desatino de não se vacinar. Espero que gostem (da música, obviamente).

 





Para quem não conhece, a letra é esta:

A noite está tão fria
Chove lá fora
E essa saudade enjoada
Não vai embora
Queria compreender porque partiste
Queria que soubesses como estou triste
E a chuva continua
Mais forte ainda
Só Deus pode entender como é infinda
A dor de não saber
Saber lá fora onde estás, como estás
Com quem estás agora

MENSAGEIRO DA MADRUGADA

 
Mensageiro da madrugada
Que rouba meu sono
Com imagens antigas
De tempos passados
Que envenena meus sonhos
Com imagens disformes
De tempos sofridos
 
Mensageiro da madrugada
Que pretende afinal?
Que eu pague os pecados
Me sinta culpado
Do que não pude ou quis ser?
Não roubei nem fiz mal a ninguém
Só a mim, só a mim!
 
Mensageiro da madrugada
Cansei das imagens
De suas mensagens
De suas cobranças
do meu desconsolo
da minha tristeza
Me deixe dormir!

ESTRELA DE BELÉM

  Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...