segunda-feira, 19 de julho de 2021

MUITA PERPLEXIDADE COM PITADAS DE INDIGNAÇÃO

Este post serve apenas para registrar minha perplexidade e indignação por conta de comportamentos lamentáveis, deploráveis, impensáveis, inaceitáveis. Um escritor de verdade estaria agora se contorcendo por conta dessa repetição obsessiva do sufixo. Mas é proposital, só para incomodar, pois incomodado eu estou. Agora, pitada de indignação, porra nenhuma! Este post é uma pizza mezzo a mezzo, pois aqui a perplexidade e a indignação aparecem em partes iguais, meio a meio, fifty-fifty
 
 
PEGOU MAL
Creio que foi por volta de 1960 que a TV Itacolomi de BH exibiu a série de capa e espada Zorro, meio bobinha mas divertida. O personagem que a tornava engraçada era o atrapalhado e subserviente Sargento Garcia, sempre tentando prender o herói. Anos depois fizeram um filme com o Antonio Banderas, mas não faço a mínima ideia sobre ele, pois nunca me interessei em assistir. O que um sargento rotundo e trapalhão tem a ver com os dias atuais? Boa pergunta! Quando ainda era ministro da Saúde, o gordinho Pazuello disse uma frase que merece ser lembrada no futuro: “É simples assim: um manda, o outro obedece”, a propósito do cancelamento da compra de milhões de vacinas determinado pelo presidente. Ao agir assim um general ficou parecido com o atrapalhado sargento Garcia diante do seu próprio capitão.
 
O problema é que recentemente divulgaram um vídeo onde ele negocia a compra das mesmas vacinas – através de intermediários e a um preço três vezes maior! Numa boa, eu, se fosse o Bolsonaro, descia porrada no Pazuello, só para não me ver mergulhado no mesmo caldeirão de bruxarias (concorda, Luana?). E não custa lembrar que o presidente explicou assim o fim da Operação Lava Jato: “Acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo”. É claro que eu creio nisso! E acredito também em duendes e gnomos. Pegou mal, pegou muito mal.
O verdadeiro sargento Garcia


 
MEDIEVAL
Publiquei recentemente um texto aqui no Blogson onde falava da morte de um primo, abatido pela Covid. Estava super chateado. E fiquei ainda mais chateado ontem. Chateado, não, sacaneado. Sacaneado não, puto da vida. E o motivo foi ter descoberto que ele não foi vacinado porque não quis. (descobri que existe uma ala de retardados mentais na minha família). Disse que não se vacinaria e ponto final. Grandessíssimo filho da puta!
 
A sorte é que sua mãe - que está com 102 anos - começou a apresentar sinais de demência. Assim, ficará fácil (relativamente) mantê-la na ignorância da morte de um dos dois filhos que teve.
 
Fico pensando no medo, no desespero e no arrependimento que meu primo deve ter sentido ao saber que seria sedado e intubado. Péssima escolha, péssima aposta. Se não fosse pai e avô bem que mereceria ganhar o Prêmio Darwin, aquele que premia postumamente as pessoas que contribuíram para o desenvolvimento da espécie ao não deixar descendentes.
 
Por ser rico de nascença, frequentou os melhores colégios, conheceu vários países, tornou-se empresário bem sucedido, mas empacou no limite das ciências exatas, da engenharia. Pelo jeito, não foi capaz de ultrapassar essa barreira. Só isso poderia explicar o inexplicável, o obscurantismo e a ignorância de que foi vítima, 
o provável desinteresse por conhecimento científico fora de sua área de atuação. Eram essas as piores comorbidades que poderia ter. Apostou contra o coronavírus e perdeu. Superstições, crendices e apostas mal feitas podem matar, seja na Idade Média ou nos tempos atuais. Otário!

4 comentários:

  1. Há a burrice congênita, genética mesmo, de nascença. E quem disse isso nem fui eu, não; foi James Watson, um dos "pais" do DNA, lá pelos idos de 2003, e ela, a burrice inata, se estende, segundo ele, a mais de 20% da população.
    Contra ela, de nada adianta ter tido a melhor educação ou ter frequentado as melhores escolas e ambientes. Me parece ser o caso desse seu primo. Não culpa as ciências exatas. Não reforce, ainda mais você, um digníssimo representante dela, essa ideia de que o "exato" é tacanho e tapado.
    Pois é justamente o oposto. O das "humanas" são os mais tapados, afinal se "especializam" apenas nos feitos humanos, no comportamento e atitudes de uma única espécie do planeta (dentre milhões de outras), uma espécie de um planeta também cercado de milhões de outros. Dá para ser mais tacanho que um das "humanas"?
    Um bom físico, um bom matemático, tem uma visão muitíssimo mais ampla do universo que um historiador, um geógrafo, um pdegago etc.
    Em tempo : tb conheço um professor (de sociologia) que não se vacinou até agora, por vontade própria.

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  2. A referência a "Exatas" é pelo fato de os engenheiros geralmente serem pessoas normalmente pragmáticas, pouco ligando para a "cultura". Gente que vê uma construção belíssima do início do século XX e só enxerga as possibilidades de ganho financeiro que o terreno oferece. Veem um edifício a construir, não veem a casa. O comentário foi nesse sentido. Meu primo era especialista em projetos de barragens e esse era o foco de sua empresa. Eu sempre soube que a família de minha mãe era conservadora, alguns até chegados a uma carolice, por aí. Só não imaginava que havia um ninho de anti-vacinas entre meus parentes. Quer saber mais? Minha irmã é médica, mas resolveu especializar-se em homeopatia. Já viu, né? Resultado: nem ela nem o marido se vacinaram. Então, a conta fica assim (até onde sei): dois tios, um primo, uma irmã e um cunhado não se vacinaram e provavelmente não o farão. Por isso, pelo conservadorismo e por esse comportamento inacreditável estou até achando que fazem parte das hostes bolsonaristas (o Bolsonaro é o papa da religião anti-vacina).

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    1. Que eu saiba, nenhum parente meu deixou de se vacinar, que eu saiba... Médicos homeopatas também são o cu da cobra.

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    2. Minha irmã é meio esotérica, mas esse tipo de fundamentalismo é foda. Já brinquei dizendo que ela não é esotérica, mas exoterra, pois vive no mundo da lua. Enquanto não está fazendo mal, tudo bem. Foda é quando você sabe que um primo morreu depois de se recusar a ser vacinado e ainda assim continua com viseira.

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MARCADORES DE UMA ÉPOCA - 4