Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender por que se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber
Morar no interior do meu interior
Pra entender por que se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber
Pois é, o Vander Lee tinha a manha. O lance é o seguinte: conheci um sujeito
que na juventude torcia doentiamente pelo Atlético mineiro. Viajava para ver alguns
jogos, comprava faixas, bandeiras e outras tralhas e enchia a cara durante as partidas
(para ser sincero, antes, durante e depois, em todos os dias da semana). Já mais
velho, moderou um pouco essa paixão (só pelo futebol!), mas gostava de declarar-se "primeiro anti-cruzeirense
e depois, atleticano". Ou seja, o ódio pelo principal adversário do seu time
do coração era tão insano que pouco importava para ele se seu Galo só estivesse
jogando tampinha.
O que esta história tem de similar fora dos estádios?
Isto: muitas pessoas têm tanto medo, ódio ou preconceito contra alguma ideia ou
pessoa que qualquer pé rapado que apresente um discurso radical contra essas ideias
ou pessoas vistas como ameaças e que odeiam, logo é incensado como o redentor, o
messias tão aguardado. E é aí que a coisa desanda.
Vamos supor que esse redentor seja uma toupeira
míope que não consegue enxergar ou não quer entender nada que esteja fora da sua
toca, do seu nicho. Se acreditar que recebeu poderes para salvar o mundo, esse toupeira-mor
tudo fará para que o mundo à sua volta (aquele que consegue enxergar) seja uma grande
toca, cheia de toupeirinhas que o adoram e veneram. Mas ele pode estar errado (todo
mundo erra!). Apesar disso, continua a agir como se estivesse sempre certo, pois
talvez acredite que realmente é o "salvador da pátria".
E é por aí que as coisas se complicam, pois pode
acontecer dele tomar decisões equivocadas (pois as julga totalmente corretas). Em
seu benefício, digamos que sua visão poderia estar parcialmente certa. Mas, por
desprezar, ironizar ou não acreditar em outras visões do problema, por entender
que ele é quem está sempre com a razão, suas ações e decisões podem travar todo
o "ecossistema" à sua volta.
Este texto começou a ser rascunhado (continua com cara de rascunho) a partir de um pensamento que tive (eu estava de bom humor no dia): por mais assustador que isso possa ser, e se o Bolsonaro realmente acreditasse estar fazendo o melhor para o país, que nunca
tivesse se equivocado, que sempre tivesse agido de forma desinteressada, movido
apenas por um ideal? Pois é...
Mas a CPI da Covid começou, descobriu-se que um reles cabo da PM lotado em Alfenas-MG (80 mil habitantes) tentou vender 400 milhões de
doses de vacina (imagino que se tivesse patente mais alta talvez propusesse imunizar a população
do planeta), habeas corpus foram sendo apresentados e resguardado o direito de alguns
depoentes ficar em silêncio (mas com cara de cachorro que peidou na igreja). Aí eu perdi o bom humor de vez.
Esse silêncio preventivo para não se autoincriminar lembra a história do bafômetro - mesmo
que você não sopre no etilômetro (bonita palavra!) já deixou a pista de quem tem "culpa no cartório". Por tudo isso, pela sensação de já ter visto
esse filme antes na era petista, cheguei à conclusão de que não quero entender nada,
eu quero mais é que o Bozo se foda. E leve o Lula com ele.
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