Quando estávamos na primeira infância, eu e
meu irmão só podíamos brincar com duas crianças, dois primos mais ou menos com
a mesma idade que a nossa. Hoje, dia 03/07/2021, morreu o mais novo, mais uma
vítima da Covid. A notícia de sua morte deixou-me aturdido e triste, muito
triste. Quase instantaneamente pensei em uma música gravada ao vivo por Milton
Nascimento.
Em julho de 1973 aconteceu um acidente aéreo na Índia, tão trágico quanto trágicos e estúpidos são todos os desastres de avião. Esse, em particular, privou o Brasil de duas personalidades do meio artístico: o elegantíssimo cantor Agostinho dos Santos e a atriz porra-louca (e musa da “Banda de Ipanema”) Leila Diniz.
Em 1974, o Milton Nascimento gravou o disco “Milagre dos Peixes ao vivo”, um álbum duplo lindíssimo, resultado de um show (dois dias) provavelmente mais lindo ainda. No envelope-encarte de cada um dos discos está impressa a frase: “este show foi dedicado a Agostinho dos Santos e Leila Diniz”. Uma das músicas interpretadas é “Chove lá fora”, um samba-canção de Tito Madi com letra de corno, que o Milton transformou de forma absolutamente magnífica em um espasmo de dor e saudade, esticando as palavras como se fossem elástico, como se estivessem sob tortura. Sua interpretação foi tão intensa, tão carregada de sentimento - e que o arranjo tornou ainda mais cheia de sombras e de dor -, que é impossível não se emocionar.
Antes do início da música, pode-se ouvi-lo dizer o que imagino ser o final provável de uma homenagem aos amigos falecidos: “... e a muitos outros que a mão de Deus levou” (no CD acabou mantida no final da faixa anterior). Em seguida, começa um lamento em falsete que é de arrepiar (e que se repete ao longo da interpretação).
Essa é a música que resolvi compartilhar aqui no blog, como uma homenagem a meu primo Paulo César, um sujeito sempre bem humorado, sempre de bem com a vida, que cometeu o desatino de não se vacinar. Espero que gostem (da música, obviamente).
Em julho de 1973 aconteceu um acidente aéreo na Índia, tão trágico quanto trágicos e estúpidos são todos os desastres de avião. Esse, em particular, privou o Brasil de duas personalidades do meio artístico: o elegantíssimo cantor Agostinho dos Santos e a atriz porra-louca (e musa da “Banda de Ipanema”) Leila Diniz.
Em 1974, o Milton Nascimento gravou o disco “Milagre dos Peixes ao vivo”, um álbum duplo lindíssimo, resultado de um show (dois dias) provavelmente mais lindo ainda. No envelope-encarte de cada um dos discos está impressa a frase: “este show foi dedicado a Agostinho dos Santos e Leila Diniz”. Uma das músicas interpretadas é “Chove lá fora”, um samba-canção de Tito Madi com letra de corno, que o Milton transformou de forma absolutamente magnífica em um espasmo de dor e saudade, esticando as palavras como se fossem elástico, como se estivessem sob tortura. Sua interpretação foi tão intensa, tão carregada de sentimento - e que o arranjo tornou ainda mais cheia de sombras e de dor -, que é impossível não se emocionar.
Antes do início da música, pode-se ouvi-lo dizer o que imagino ser o final provável de uma homenagem aos amigos falecidos: “... e a muitos outros que a mão de Deus levou” (no CD acabou mantida no final da faixa anterior). Em seguida, começa um lamento em falsete que é de arrepiar (e que se repete ao longo da interpretação).
Essa é a música que resolvi compartilhar aqui no blog, como uma homenagem a meu primo Paulo César, um sujeito sempre bem humorado, sempre de bem com a vida, que cometeu o desatino de não se vacinar. Espero que gostem (da música, obviamente).
Para quem não conhece, a letra é esta:
A noite está tão
fria
Chove lá fora
E essa saudade enjoada
Não vai embora
Queria compreender porque partiste
Queria que soubesses como estou triste
E a chuva continua
Mais forte ainda
Só Deus pode entender como é infinda
A dor de não saber
Saber lá fora onde estás, como estás
Com quem estás agora
Chove lá fora
E essa saudade enjoada
Não vai embora
Queria compreender porque partiste
Queria que soubesses como estou triste
E a chuva continua
Mais forte ainda
Só Deus pode entender como é infinda
A dor de não saber
Saber lá fora onde estás, como estás
Com quem estás agora
que descanse em paz
ResponderExcluirsó a fé para consolar num momento desses
70 anos de amizade - bem pesado
abs!
Você é o cara, meu caro Scant!
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