“Se
você acha que pequenos gestos não conseguem definir uma personalidade, escuta
essa”:
Assim começava um texto que escrevi em 02 de
julho de 2017 e que redescobri graças ao Facebook, onde foi publicado. Às vezes
eu me surpreendo quando acesso essa rede e aparece a frase “Veja suas lembranças” encimando alguma postagem
que publiquei em anos anteriores exatamente naquele dia do mês.
Geralmente eu nem me lembro dos posts que repliquei ou escrevi há um, dois, três ou quatro anos. Às vezes, quando revejo alguma
coisa legal, geralmente compartilho a lembrança. Eu poderia ter compartilhado esse
texto outra vez, mas achei melhor copiar para publicar no velho e claudicante
Blogson, minha blogoteca.
Hoje,
domingo, fui comprar pão tão logo a padaria abriu. Aos domingos e feriados ela só abre às seis e meia. Fiquei surpreso de encontrar tomando um café (só café) um
sujeito que já trabalhou de servente de pedreiro em nossa casa. Estava frio pra
caramba e o vento que soprava dava um jeito de piorar um pouco mais a sensação de clima polar. Eu estava
todo agasalhado, mas ele estava apenas de bermuda e camiseta de manga curta. Perguntei
se não estava sentindo frio e ele disse que estava:
- Pior
é que está frio mesmo!
Ofereci
carona até a entrada da favela onde mora, mas recusou, dizendo que iria no
sentido contrário.
- Sem
problemas, te deixo mais perto, senão vai morrer de frio - disse, achando-me o
máximo da generosidade. Agradeceu, mas não aceitou (- "Tá de boa!").
Cheguei em casa e comentei com minha mulher sobre isso e do frio absurdo que
estava fazendo. A reação foi imediata:
- “Volte
lá e leve para ele uma de suas blusas”.
Aquilo
foi como um soco na minha cara. Como não pensei nisso? Peguei uma blusa de
moleton e saí, conseguindo ainda alcançá-lo. E esta é a nossa diferença: eu
posso me condoer, ter pena, etc., mas não movo uma palha para realmente ajudar alguém que
esteja precisando. Minha mulher, ao contrário, sempre, imediatamente, coloca-se
ao lado ou à disposição de quem precisa de apoio, ajuda, conforto ou consolo.
Ela é a pessoa mais solidária que conheço.
E essa atitude prática e reveladora de um coração generoso apenas confirma, ratifica a frase inicial: pequenos gestos podem sim, definir uma personalidade. E uma reflexão tão rasteira, tão rasa que poderia ser chamada de reflequichão: eu jamais conseguirei ser definido como "de esquerda", pois sou tão individualista, tão egocêntrico que minha preocupação pelo próximo é apenas teórica, nunca se transforma em prática. Outra reflexão: este post ficou uma merda!
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