sexta-feira, 11 de junho de 2021

HONRA AO MÉRITO

 
Talvez os leitores mais recentes desta bagaça não conheçam, mas aqueles que acompanham o blog há mais tempo provavelmente se lembrarão de três posts publicados no início de 2015, dedicados a prêmios internacionais de grande importância (bem, talvez nem todos). O primeiro abordou o Prêmio Nobel, aquele que os cientistas e intelectuais brasileiros - parafraseando o Zeca Pagodinho – assim definem: “Nunca vi, não ganhei, só ouço falar”. Paciência, um dia alguém ganhará.
 
O segundo é o mais hilário dos três (vale a pena ler o post ou procurar na internet) e recebe o nome de Prêmio Ignobel (já viu que aí tem coisa, né?). Mas é o terceiro que me fez pensar em escrever este texto. Seu nome é “Prêmio Charles Darwin” (Darwin Awards). Quem bolou esse último tem alma de filho da puta e um senso de humor absurdo, pois é humor negro da melhor qualidade.
 
Para não estragar a eventual descoberta do post original, farei apenas um breve esclarecimento. Esses “prêmios” são atribuídos de forma simbólica às pessoas que cometeram erros absurdamente improváveis ou que se descuidaram de forma tão estúpida que acabaram pondo fim à própria vida ou, no caso de terem sobrevivido, se auto-esterilizando. O humor negro decorre do pressuposto de que os “laureados” – ao se autodestruírem ou se mutilarem – contribuíram para a evolução da espécie humana, pois eliminaram o risco de deixar descendentes. Puta e divertidíssima sacanagem.
 
Com a pandemia rolando solta pelo mundo, com os coronaviruzinhos brincando de quicar uns nos outros como se fossem bolas de bilhar ou sinuca, acredito que precisaríamos criar uma nova premiação ou, no mínimo, uma versão coletiva do Prêmio Darwin, para premiar todas as pessoas que se recusam a tomar vacina. Essa versão coletiva - mais simples e menos rigorosa - não exigiria dos premiados a inexistência de descendentes, apenas haveria uma torcida para que a seleção natural agisse mais rapidamente. Uma irmã de minha mãe já citada recentemente com certeza seria uma das laureadas.
 
E para abrilhantar ainda mais a premiação, poderia ser concedida uma medalha de honra ao mérito para aqueles que com seu exemplo e palavras continuam se dedicando a desestimular ou, pelo menos a não incentivar as pessoas já predispostas a não confiar no efeito benéfico da vacinação, de qualquer vacina.
 
As frases entre aspas transcritas a seguir foram ouvidas recentemente"O Brasil é o quarto país que mais vacina no planeta. Neste ano, todos os brasileiros que assim o desejarem serão vacinados, vacinas essas que foram aprovadas pela ANVISA".
 
Ou esta outra: “E eu pergunto: a vacina tem comprovação científica ou está em estado experimental ainda? Está experimental". "Pera" lá! Como podem estar em estado “experimental” as vacinas da Pfizer e de Oxford (Astrazeneca)se a ANVISA já concedeu registro definitivo a elas ?
 
Quem disse essas frases não poderia ganhar nenhuma das medalhas ou diplomas do novo "Prêmio", pois é hors concours na disputa. O que ele merecia mesmo é ter seu nome dado à medalha de honra ao mérito do desestímulo e da desinformação!

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