O GIGANTE VITRUVIANO

Conversando recentemente com um de nossos filhos, fiquei sabendo da existência de um pé gigantesco em um museu de Roma. Esse pezão (do tamanho de uma pessoa) é um dos fragmentos que restaram de uma estátua monumental do imperador Constantino (aquele, o primeiro imperador romano a se converter ao cristianismo). Perguntei qual seria a altura da estátua, mas não soube dizer com exatidão ("talvez dez ou doze metros"), até porque só restam alguns pedaços. Olha ele aí:

 
Depois que meu filho foi para sua casa, mergulhei no Google e descobri que a estátua destruída exibia um Constantino sentado. Mesmo assim, continuei pensando em sua altura caso o imperador tivesse sido representado em pé. E como eu só tinha a informação do comprimento aproximado do pezão, comecei a procurar na internet alguma correlação entre o comprimento do pé e a altura de seu "proprietário".
 
Descobri, por exemplo, que no tempo dos faraós os egípcios usavam o comprimento do dedo médio do alto sacerdote como unidade de medida. Assim, o corpo ideal corresponderia a dezenove vezes esta medida. Já os gregos consideravam que a estatura ideal de um homem deveria corresponder a oito vezes a altura de sua cabeça. Mas a melhor e mais divertida informação eu encontrei no site Educa Mais Brasil. A partir daí foi só diversão. Vou transcrever um pequeno trecho, mas o link do site é este:
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/homem-vitruviano

 
O Homem Vitruviano é um desenho de Leonardo da Vinci que apresenta o corpo humano a partir das proporções ideais. Arquitetado por meio dos conceitos expostos na obra “De Architectura” do arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio, a ilustração representa o ideal de beleza e a harmonia nas proporções.
 
Cânone das proporções do corpo humano, a obra apresenta regras segundo o raciocínio matemático e tem como base a proporção áurea ou número de ouro. O homem descrito por Vitruvius é considerado o exemplar ideal de ser humano e como suas proporções são perfeitas, ele representa a beleza, a harmonia e o equilíbrio. 
 
Na parte superior do desenho de da Vinci estão relacionadas as proporções necessárias para que um homem seja considerado “perfeito ou belo”. Para não ficar monótono, só transcrevi as que poderiam ajudar a esclarecer minha curiosidade:
Um palmo é o comprimento de quatro dedos
Um pé é o comprimento de quatro palmos
Um côvado é o comprimento de seis palmos
Um passo são quatro côvados
A altura de um homem é igual a quatro côvados
A distância entre o cotovelo e a ponta da mão é um quarto da altura de um homem
A distância entre o cotovelo e a axila é um oitavo da altura de um homem
O comprimento da mão é um décimo da altura de um homem
O comprimento do pé é um sexto da altura.
 
Como só sabia o comprimento aproximado do pé do Constantino, optei por me concentrar no último quesito (o comprimento do pé é um sexto da altura). E para avaliar essa proporção, medi meu próprio pé, chegando a um comprimento aproximado de 28 cm. Segundo o Vitruvius minha altura deveria ser igual a 1,68 m. Aliás, se fosse definir minha altura pelo critério dos egípcios eu deveria ser menor ainda, pois deveria medir 1,62 m. Mas eu tenho 1,84 m.
 
Diante disso, mesmo sabendo que meu corpitcho está a anos-luz do corpo ideal, comecei a viajar. Se meu pé tem 28 cm e minha altura 1,84 m, no meu corpo a razão altura / pé é igual a 6,8. Mas no homem vitruviano o pé corresponde a 1/6 da altura. Explicitando o cálculo, na época do Vitruvius (ou do Leonardo) a minha altura não poderia ser igual a 1,84 m, deveria ser 28 cm x 6 = 1,68 m (ou até menos).
 
As medidas obtidas com os critérios egípcio e vitruviano indicam que as pessoas realmente eram bem mais baixas que hoje. Isso também é coerente com uma informação dada por outro filho. Segundo ele, em alguma cidade da Europa existe um museu que expõe uma coleção formada por várias armaduras medievais. E o que chama a atenção dos visitantes é a baixa estatura daqueles que as utilizaram. (o ócio leva à cultura!).
 
Para finalizar a investigação, descobri que o pezão mede mais de dois metros do calcanhar até o dedão. Nesse caso, a estátua de Constantino representaria um homem de doze metros de altura ou até mais (claro, se não estivesse sentado). Aqui cabe um comentário: tudo indica que humildade não era exatamente uma das qualidades do primeiro imperador cristão...
 
A indústria do vestuário utiliza e até revisa as proporções relativas das várias partes do corpo humano para produzir sapatos, calças e outras peças. Essa revisão eventual parece ser necessária. E digo isso pensando no meu exemplo. Quando me formei no segundo grau eu era o aluno mais alto da minha sala. Hoje eu me sinto um pigmeu bandar quando fico perto de jovens de 1,90 a 2,00 m. Sem falar nos gigantes do vôlei ou basquete, pois aí já é covardia.
 
Mas preciso parar por aqui mesmo tendo ainda um assunto para tratar. Porque quando um texto está muito grande, qual a solução? A gente pica, claro. Pica o texto em dois, obviamente. Então está combinado: a próxima postagem tratará do mesmo tema, mas de forma mais localizada. E para fechar o post, uma ótima piadinha que li no Facebook: Um sujeito vira para o outro e diz:

- “Calculei meu IMC e descobri que minha altura está 20 cm abaixo da ideal”.

See you later!