sexta-feira, 25 de junho de 2021

L' UOMO VITRUVIANO

 
O post O Gigante Vitruviano terminou com uma piada. Como este texto é sua continuação, começará com uma piada antiga que fala de um gay que fica sabendo ser o pé um ótimo indicativo de que o dono é ou não bem dotado. Louco para testar (na prática) a teoria, fica de bobeira na entrada de um sanitário masculino, daqueles que tem um cocho de aço inox (frequentemente mal cheiroso), avaliando o tamanho dos pés de quem entra. Não demora e logo chega um sujeito com pés enormes. Com os olhos brilhando de alegria e emoção, o “inspetor” vai atrás. Mas quando o sujeito põe o “estojo” para fora, é aquela decepção. Aí o rapazzz não se contém e diz:
- “Sapato emprestado, né?”
 
E agora eu pergunto: qual é o jovem que lá no início da adolescência não se interessou em medir a extensão de seu telescópio quando apontado para o céu? Talvez exista algum que nunca fez isso, mas não deve ser muito normal. Agora, dureza mesmo é alguém querer medir o pau dos outros. Sigam-me os bons, pois o assunto é meio ridículo. Meio não, bastante ridículo.
 
Quando eu já estava “estudando” engenharia, pegava o ônibus para casa por volta de meio-dia, por aí. Geralmente, nesse horário, sempre havia algum banco vazio. Não sei como essa história começou, só sei que um dia me sentei ao lado de um sujeito provavelmente na mesma faixa etária que eu. Eu carregava minha pasta preta de courvin ou material semelhante, que além do nome “Engenharia”, tinha a roda dentada símbolo do curso. E o sujeito ao meu lado carregava uma pasta semelhante, só que do curso de economia ou coisa parecida.
 
Naquele tempo eu não tinha o costume de falar pelos cotovelos. Por isso, provavelmente foi esse cara que deve ter comentado alguma coisa, provavelmente eu devo ter respondido e a coisa parou por aí. Mas ao longo do ano aconteceu de estarmos várias vezes no mesmo ônibus. Ele era tranquilo, talvez um pouco educado demais, mas inofensivo. E falava com a língua presa.
 
Sem nenhum preconceito, sem nunca imaginar nada e mesmo sem ter perguntado seu nome, acabei ficando “amigo” do sujeito. Assim, durante os vinte ou trinta minutos gastos no trajeto, íamos papeando sobre banalidades. Um dia comentou que estava fazendo algum trabalho, estudo ou sei lá o quê sobre as proporções e correlações das diversas partes do corpo. Para exemplificar, disse que a medida do dedo indicador que “sobra” quando ele é encostado ao dedo polegar corresponde ao comprimento do nariz. Achei interessante, apesar do tamanho de meu nasal sensual (como dizia o Juca Chaves). A imagem abaixo, um dos fragmentos da estátua do imperador Constantino, explica melhor o que acabei de dizer.
 


Não sei se no mesmo dia ou em algum subsequente, me disse também que a medida obtida entre a ponta do dedo médio estendido e o ponto identificado ao dobrar-se esse dedo em direção à palma da mão até tocá-la seria o comprimento do pênis “em vigília”. Achei curioso e prático o método de “mensuração”, comentei com minha namorada a história e reproduzi a medida (só na mão!). Não sei se ela se alegrou com o resultado ou chorou às escondidas de pura tristeza, mas tinha alguma semelhança com a “estatura da criança” (esta história está muito ridícula!).
 
Na próxima oportunidade (ou talvez passado algum tempo) a situação ficou muito constrangedora. O língua presa me disse que estava fazendo uma pesquisa, tentando identificar alguma correlação entre o pé, mão ou outra parte do corpo com o pênis ereto. Não me lembro de que parte era essa, só sei que o pênis tinha de entrar na pesquisa - feita já com vários conhecidos, e me perguntou se eu poderia ir à sua casa para participar de tão importante estudo. Confesso que fiquei meio aturdido com o convite feito com a cara mais séria do mundo. Desconversei, mudei de assunto e logo depois o ônibus parou no ponto onde ele sempre descia. Ao saber do convite para ser “cobaia” em experimento tão relevante, minha namorada ficou puta da vida e quase espumou de ódio ao imaginar que eu poderia pensar em aceitar ser um voluntário para ajudar a evolução da ciência.
 
A partir desse dia, ao entrar no ônibus, eu me sentava no primeiro lugar vago que encontrasse e procurava evitar qualquer tipo de contato visual com o cientista. Talvez tenha saído daí a "reflexão" que muitos anos depois, inconscientemente, surgiu em minha mente: Não há nada mais esquisito que alguém com língua presa e rabo solto. Eu, heim?

7 comentários:

  1. Eu também já tinha falado dessa correlação de dobrar o dedo médio até ele tocar a palma da mão. No meu caso, o resultado foi parecido com o caso daquele cara que calculou o IMC e decidiu que ele tinha uma altura 20 cm abaixo do ideal.
    Fiz também essa medida do dedo e vi que eu tenho um dedo médio com um comprimento acima do normal, o dedo médio meu é que é muito acima da média. Pããããããta....

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  2. correção : eu já tinha falado, não : eu já tinha ouvido falar da correlação do dedo médio.

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  3. Pois é, creio que se eu fosse fazer a medida hoje talvez fosse melhor usar o dedo mínimo (mindinho). Pããããããta...

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    1. Você fica dando essas sugestões esdrúxulas e eu acato. Tive a pachorra de fazer o procedimento com todos os dedos da mão, mindinho, indicador etc, fora o polegar, claro, e medir com uma régua. Por incrível que pareça, todos deram a mesma medida.

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    2. Bom pra você. No meu caso, atualmente vou precisar usar o "Pi" (letra grega)

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  4. Que putaria é essa? Dedo Médio pra que? Olha que esse cálculo pode ser uma via de mão dupla. E vamos tornando o "pãããããta" cada vez mais um bordão social.

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    1. Rapaz, você já ouviu falar do INMETRO? Pois é, antes dele existiu o InMano. Até porque, in metro mesmo só o Kid Bengala.

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