Até o dia 07/06 vou me permitir escrever o que der na telha (inclusive utilizando gírias em desuso)!
Um dia, acordei de madrugada e estava
passando um filme estranho, estrelado por Jeff Bridges, um dos filhos do “Mike
Nelson”, herói da minha infância. Mesmo tendo perdido o início, continuei a
assistir, talvez por alguma cena mais inusitada. O que sei é às vezes ria
nervosamente, tão grande era a permanente perplexidade do personagem. Só a
hilariante cena das cinzas do amigo lançadas "ao mar" já me faz
recomendar esse filme. O tempo passou, fiquei com aquela história na cabeça,
mas não sabia o título. Só recentemente descobri tratar-se de "O Grande Lebowski".
E hoje (força de expressão, entende?) eu
descobri o motivo de ter ficado tão marcado pelo comportamento do cara ("The Dude"): é como se o personagem
tivesse sido inspirado em mim! Sempre às voltas com seu cigarro de maconha
(isso não foi inspirado em mim), sempre com ar apalermado, sempre dando a
impressão de estar perdido em outro planeta, sempre com uma perplexidade
irritante, sempre sem entender nem ligar para nada à sua volta.
Acho que foi isso que me incomodou (apesar de
achar engraçado). Eu joguei minha vida estudantil e profissional fora
justamente por não saber como me encaixar em um mundo em que eu não prestava
atenção. Já disse isso aqui e vou repetir: eu passei em um dos primeiros
lugares no único vestibular que fiz, mas saí da faculdade de braços dados com
os mais relapsos, ignorantes e desajustados alunos que conseguiram se formar no
tempo certo.
No primeiro ano as aulas tinham duração de
mais de uma hora, o que dava três aulas por dia. Eu chegava no meio da
primeira, coçava saco dentro ou fora da sala durante a segunda e saía no meio
da terceira. A primeira providência que tomei ao tirar 2 em um total de 20 na
primeira prova de Cálculo Diferencial e
Integral foi trancar matrícula, o que zoneou meu curso inteiro. Colei em
90% de todas as provas ao longo dos cinco anos de duração do curso. Portos, Canais e Vias Navegáveis foi a
única matéria em que tive 100% de aproveitamento. Também foi a única em que
nunca assisti a nenhuma aula.
O trabalho final (único) de Aeroportos era um projeto que utilizava
o número de matrícula e mais alguma pegadinha para definir o comprimento da
pista. Como eu não tinha dinheiro para pagar alguém que fizesse o trabalho por
mim, pedi emprestado o rascunho do trabalho de um colega cuja pista era
bastante próxima da minha, meti um papel vegetal em cima e nem nanquim usei. Copiei
o desenho utilizando para isso uma caneta Bic
Preta Escrita Fina e uma caneta Hidrocor
preta. Meu colega tirou 100 e eu passei com 60, que era a nota mínima. Também só
vi o professor uma única vez.
Eu agia dessa forma o tempo inteiro, sonambulicamente,
como se estivesse sob o efeito de alguma droga alucinógena (mas não estava). Depois
de formado, quando eu precisei manter a família que tinha iniciado, eu era um
sujeito destroçado, inseguro, que tinha medo até de tirar férias para não ser
demitido, pois tinha um medo permanente de perder o emprego e não ter como
manter mulher e os filhos que foram nascendo. Mesmo assim, a perplexidade
diante da vida e do mundo se manteve. Só a expressão de idiota era disfarçada
(se era mesmo!). Hoje eu vejo que eu era um Lebowski
da vida real, “o cara” no pior sentido possível, ou melhor, The Dude. Ah, se eu pudesse voltar no tempo e se pudesse corrigir não todos, mas pelo menos alguns erros, com algum "Photoshop de vidas"! Ah, se eu pudesse!
Um dia, acordei de madrugada e estava passando um filme estranho, estrelado por Jeff Bridges, um dos filhos do “Mike Nelson”, herói da minha infância. Mesmo tendo perdido o início, continuei a assistir, talvez por alguma cena mais inusitada. O que sei é às vezes ria nervosamente, tão grande era a permanente perplexidade do personagem. Só a hilariante cena das cinzas do amigo lançadas "ao mar" já me faz recomendar esse filme. O tempo passou, fiquei com aquela história na cabeça, mas não sabia o título. Só recentemente descobri tratar-se de "O Grande Lebowski".
E hoje (força de expressão, entende?) eu descobri o motivo de ter ficado tão marcado pelo comportamento do cara ("The Dude"): é como se o personagem tivesse sido inspirado em mim! Sempre às voltas com seu cigarro de maconha (isso não foi inspirado em mim), sempre com ar apalermado, sempre dando a impressão de estar perdido em outro planeta, sempre com uma perplexidade irritante, sempre sem entender nem ligar para nada à sua volta.
Acho que foi isso que me incomodou (apesar de achar engraçado). Eu joguei minha vida estudantil e profissional fora justamente por não saber como me encaixar em um mundo em que eu não prestava atenção. Já disse isso aqui e vou repetir: eu passei em um dos primeiros lugares no único vestibular que fiz, mas saí da faculdade de braços dados com os mais relapsos, ignorantes e desajustados alunos que conseguiram se formar no tempo certo.
No primeiro ano as aulas tinham duração de mais de uma hora, o que dava três aulas por dia. Eu chegava no meio da primeira, coçava saco dentro ou fora da sala durante a segunda e saía no meio da terceira. A primeira providência que tomei ao tirar 2 em um total de 20 na primeira prova de Cálculo Diferencial e Integral foi trancar matrícula, o que zoneou meu curso inteiro. Colei em 90% de todas as provas ao longo dos cinco anos de duração do curso. Portos, Canais e Vias Navegáveis foi a única matéria em que tive 100% de aproveitamento. Também foi a única em que nunca assisti a nenhuma aula.
O trabalho final (único) de Aeroportos era um projeto que utilizava o número de matrícula e mais alguma pegadinha para definir o comprimento da pista. Como eu não tinha dinheiro para pagar alguém que fizesse o trabalho por mim, pedi emprestado o rascunho do trabalho de um colega cuja pista era bastante próxima da minha, meti um papel vegetal em cima e nem nanquim usei. Copiei o desenho utilizando para isso uma caneta Bic Preta Escrita Fina e uma caneta Hidrocor preta. Meu colega tirou 100 e eu passei com 60, que era a nota mínima. Também só vi o professor uma única vez.
Eu agia dessa forma o tempo inteiro, sonambulicamente, como se estivesse sob o efeito de alguma droga alucinógena (mas não estava). Depois de formado, quando eu precisei manter a família que tinha iniciado, eu era um sujeito destroçado, inseguro, que tinha medo até de tirar férias para não ser demitido, pois tinha um medo permanente de perder o emprego e não ter como manter mulher e os filhos que foram nascendo. Mesmo assim, a perplexidade diante da vida e do mundo se manteve. Só a expressão de idiota era disfarçada (se era mesmo!). Hoje eu vejo que eu era um Lebowski da vida real, “o cara” no pior sentido possível, ou melhor, The Dude. Ah, se eu pudesse voltar no tempo e se pudesse corrigir não todos, mas pelo menos alguns erros, com algum "Photoshop de vidas"! Ah, se eu pudesse!
Um textao, JB.
ResponderExcluirTristemente real. Estou aproveitando o tempo que me resta para acertar velhas contas comigo mesmo.
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