As melhores férias da minha infância sempre
foram passadas na casa de campo da irmã mais rica de minha mãe. Na verdade, a
casa era de sua sogra, mas isso nada significava para mim, pois ou ia para lá
ou ficava em casa. O que sei é que podia brincar com outras crianças além de
meu irmão. Meus primos, no caso.
À noite, em uma sala iluminada por lampião (a energia elétrica ainda não havia chegado), a cunhada solteirona de minha tia comandava as brincadeiras. Uma delas era
especialmente divertida para mim, pois exigia um mínimo de atenção. Para
começar, eram designadas patentes militares a cada um dos participantes. A tia
de meus primos dava o alerta:
-
Passando em revista a tropa dei por falta do alferes!
.
- Alferes
não falta!
- Quem
falta?
- Quem
falta é o capitão
.
-
Capitão não falta!
- Quem
falta?
- Quem falta é o ...
- Quem falta é o ...
E a coisa ia nesse batido até que um dos
participantes se distraia, esquecia a própria patente ou respondia errado. Todo
mundo ria, os participantes que erravam iam sendo excluídos e a brincadeira
acabava ao restar apenas dois. Como se vê, era uma coisa bem ingênua, criada
talvez para impedir que as crianças pusessem fogo na casa depois do jantar.
Lembrando-me disso, fiquei pensando em uma
sala de aula onde alguém faz a chamada dos alunos (ainda existe isso?). E ficou
assim:
- Jair?
- Eu? O
mito!
-
Flavim?
- Limito...
-
Carluxo?
- Transmito!
- Dudu?
- Imito!
- Queroz?
- Omito!
- Alguém
deixou de ser chamado?
- A
senhora esqueceu o Olavo.
- Ah,
sim, é verdade! Astrólogo?
-
Vomito!
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