O post “Sonhando
de olhos abertos” teve como ponto de partida a celebração de 44 anos de nosso
casamento (muito tempo, não?). O que não foi dito é que se passaram 50 anos
desde que conheci minha mulher, em pleno Carnaval de 1969. E depois dizem que
amor de carnaval dura só três dias! Obviamente só mais uma solene bobagem que
as pessoas gostam de dizer. Bobagem desatualizada, diga-se, pois hoje o
carnaval dura no mínimo uma semana (na Bahia deve durar uns trezentos dias). Mas não é de carnaval que quero falar. Meu
assunto hoje é o casamento civil.
Quando nos casamos, era normal que acontecessem duas cerimônias. O casamento religioso era o que dava ibope, tinha valor e era aceito pelos parentes e amigos do noivo e da noiva - imediatamente escaneada dos pés à cabeça pelas tias e primas bisbilhoteiras do noivo, atentas a um eventual e suspeito aumento de volume abdominal (“será que é o que estou pensando?”).
Quando nos casamos, era normal que acontecessem duas cerimônias. O casamento religioso era o que dava ibope, tinha valor e era aceito pelos parentes e amigos do noivo e da noiva - imediatamente escaneada dos pés à cabeça pelas tias e primas bisbilhoteiras do noivo, atentas a um eventual e suspeito aumento de volume abdominal (“será que é o que estou pensando?”).
Para o casamento civil, embora acontecesse
primeiro, ninguém dava muita bola (“mera
formalidade burocrática!”). Isso podia afetar até o status dos padrinhos
escolhidos. O que foi parcialmente confirmado no nosso caso. Mesmo sendo
obrigatórios apenas dois, chamamos uma penca de parentes queridos para
testemunhar a constituição de nossa “sociedade
de responsabilidade limitada”. Mas acontecia uma exceção nessa história.
Havia um barzinho a que íamos frequentemente,
justamente por ficar a uns cem metros da casa de minha mulher. Íamos eu, ela, algumas
amigas, as irmãs e namorados e ficávamos horas conversando fiado. Era chamado de “Postinho” por fazer parte das
instalações de um posto de combustíveis. Talvez pela parcimônia na dosagem do uísque
que um dos cunhados de minha mulher gostava de consumir, o único garçom acabou
ganhando o apelido de “Conta-Gotas”.
Como era bem humorado, acabamos ficando “amigos”.
Pois bem, naquela época eu era quase um “bicho-grilo” de tão alternativo, tão “ilimitada”
era minha “irresponsabilidade”. Por isso, mesmo sem nunca ter perguntado como
se chamava, convidei-o para ser meu padrinho no casamento civil. Creio que
ficou meio cabreiro com o convite (talvez com receio de ter de dar presente),
mas acabou aceitando depois de ser desobrigado dessa chatice.
E é ele que aparece com sua camisa estampada
de mangas compridas e calça pantalona em algumas fotos, tiradas durante e
depois da cerimônia.. Não me lembro mais do que aconteceu depois disso, pois passamos
a ir muito pouco ao Postinho depois de
nos casarmos. E meu padrinho Conta-Gotas
sumiu sem que eu nunca ficasse sabendo como se chamava. Olha ele aí.
E cadê a foto do Conta-Gotas?
ResponderExcluirPode conferir.
ExcluirRapaz, a moda da década de 70 era mesmo o cu da cobra. Eu mesmo, numa foto ainda menino, junto a um primo, creio que num aniversário, estava trajando um vestuário muito parecido ao do Conta-Gotas. A calça era bordô e de um tecido meio aveludado, acamurçado, sei lá. Imagina isso num calor feito o de Ribeirão Preto.
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