sábado, 1 de dezembro de 2018

SABE VOCÊ?

Sabe, Arquiteto? - ao ler seu nome no Facebook, não pude resistir à tentação de escrever esta mensagem para você. Se você a recebesse, talvez pudesse sentir algum desconforto ou estranheza. Mas fique tranquilo, eu não a enviarei. E explico por quê. Você não me conhece e certamente não se lembra de mim. Eu, ao contrário, lembro-me de você e de sua família em vários momentos.

Seu pai era médico radiologista e fez “aplicação de rádio” em mim e em meu irmão para que não precisássemos operar as amígdalas. Eu devia ter uns seis anos quando isso aconteceu. E fiquei puto por não fazer a extração desse órgão, pois queria que acontecesse comigo o mesmo que vi acontecer com meus primos ricos, que se fartaram de tomar sorvete para aliviar a dor, sei lá. Graças à nossa indigência, raramente tinha oportunidade de tomar sorvete.

Falando em parentes, esses primos eram muito ricos e nós éramos muito, muito pobres. Por isso, minhas férias foram passadas na casa de campo que possuíam em uma cidade próxima a BH. Foi a primeira vez em que ouvi falar no seu nome, pois você era amigo do meu primo mais velho.

Lembro-me que você chegou exibindo uma faca com bainha de couro, o que me deixou vivamente impressionado. Mas você era (é) uns quatro anos mais velho que eu e nem notou minha admiração reverente.

Naquela época, na maior das lagoas existentes no município, vocês tinham um “trampolim” ao lado do que meus tios possuíam. Um belo dia aquela palafita abrigou uma multidão, pois, de alguma forma, sua família estava ligada a um evento de esqui aquático, com direito a rampa de salto e tudo mais. E eu, que nem nadar sabia, fiquei lá, só babando.

O próximo passo foi saber – muitos anos depois - que você era um profissional respeitado, um genro querido de um colega de serviço. Graças a ele fiquei sabendo de suas realizações, seus projetos, seu sucesso, etc. É isso. Achei divertido te contar essas lembranças. Você não sabe quem eu sou, mas eu até poderia parafrasear uma música antiga, só para perguntar e dizer:

Você é muito mais que eu sou, está bem mais rico do que eu estou, mas o que eu sei você não sabe e antes que o seu poder acabe, eu vou mostrar como e por que eu sei, eu sei mais que você”. Sabe você o que é a dor de não ter? Não sabe? Eu sei.


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