segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

A VAIDADE NA FOGUEIRA

Em um post antigo (A praxe dos imbecis) falei da forma carinhosa com que nosso pai tratava a mim e a meu irmão quando éramos crianças. Aliás, sempre nos tratou assim. Bem no início da minha infância, nosso pai sempre dizia que éramos os “meninos mais bonitos do mundo”. E, tal como o personagem Alvarenga, do Jô Soares, eu acreditei!

Pior é que nunca consegui me libertar completamente dessa crença, apesar de não pegar nem resfriado na fase da adolescência. Por isso, é absolutamente espantoso ter conseguido namorar e casar com uma menina lindíssima (real!), digna de fazer parte do cast de modelos das agências Ford ou Elite.

Como um sujeito esquelético e mal acabado como eu conseguiu fazer com que uma menina que todos os marmanjos queriam namorar se interessasse por ele? A resposta está nos comentários “educativos” que escutei em várias ocasiões. “Eu sempre gostei de caras feios”, dizia ela. Mas, sabe como é, eu sempre fiquei tentado a crer que não era bem isso o que ela pensava ao me ver (presunção é foda!).

Hoje, fuçando uma caixa com cartas e cartões ainda do tempo de namoro, encontrei um desenho que fiz há muito, muito tempo. Apesar do tema e da perda do anonimato, resolvi escaneá-lo para guardar na blogoteca. Em algum momento de 1970, fiquei sentado durante algumas horas (ou dias) em frente ao espelho do guarda-roupa da minha tia, tentando desenhar meu retrato. Imagino que isso tenha acontecido ainda no primeiro semestre, quando o cabelo já tinha crescido um pouco depois de ter sido raspado com “máquina 1” (máquina um) por causa do vestibular.

Quando dei o desenho para minha então namorada, ela comentou que tinha ficado bacana, apesar de apresentar músculos e alguns traços que eu não possuía (eu pesava 64 quilos, media 1,84m e nunca tive queixo). Acredito que essa autobenevolência “narcísica” poderia ser chamada de “licença quase poética”, pois, ao contrário da letra do Caetano, o “Narciso” esquizofrênico aqui deve ter achado feio o que era espelho e resolveu dar uma photoshopada na imagem. De qualquer forma, o resultado está aí, apesar do olhar e da boca levemente aviadados (que eu nunca tive!). E o motivo de uma postagem desse tipo é o de sempre: “é a memória, estúpido!

O tempo passa, o tempo voa...



2 comentários:

  1. Passando aqui pra dizer que tô com Photoshop aberto, uma mesa digitalizadora à minha esquerda esperando ser tirada de uma caixa, e esse desenho e uma foto do ator que mencionou. Tudo isso prestes a entrar em um processo de sincronia pra sair um desenho aproximado seu. Ozy out.

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  2. segura aí que eu vou te dar mais algum subsídio.

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MARCADORES DE UMA ÉPOCA - 4