Creio que uma das coisas de que a Eliany mais gostava era dar presentes.
Um desses presentes eram discos de madeira para servir de enfeite ou “tábua de corte” – obtidos da serra de árvores, que ela lixava, envernizava e onde às vezes aplicava o retrato de quem receberia o presente, Para obtê-los em estado ainda bruto, íamos a São José da Lapa, cidade da região metropolitana de BH, onde morava o “Nem da Motoserra”, funcionário da prefeitura local e e sempre procurado para fazer limpeza de lotes e remoção de árvores caídas. Com esses troncos fazia móveis rústicos e bancadas, além dessas “pizzas” de madeira.
Durante uma mega reforma feita em nossa casa, algumas questões precisaram ser resolvidas. E a Eliany fez isso de forma brilhante. E essa é a história contada por ela em carta endereçada aos irmãos e filhos:
Numas dessas vindas, ficou recortando alguns papéis, como era seu costume. Ele abriu dois recortes, dizendo que dariam lindos azulejos. Eu os guardei por mais de 30 anos.
Fiz um sótão na minha casa, aproveitei umas tábuas corridas que eram do antigo barracão e estavam guardadas há mais de 34 anos.
Como faltaram algumas tábuas, resolvi que o piso combinaria bem com ladrilhos hidráulicos.
Fui a uma fábrica e encantei-me com a variedade. Fiquei de voltar outro dia para encomendar a quantidade exata.
O dono da fábrica disse que poderia fazer o desenho que eu quisesse, só que teria que pagar o molde, que é um pouco caro.
Durante a noite estava pensando nos ladrilhos e lembrei-me dos recortes do papai. Pensei, por que não homenageá-lo?
Já estávamos chamando o sótão de “Cantinho do Neca”, então...
Tirei vários xerox dos recortes e colori.
Usei a cor vermelha para simbolizar o amor e a azul para lembrar os lindos olhos do papai.
O Daniel fotografou, passou para o computador e fez a “arte final”.
Exatamente no dia 11 de março de 2010, dia do centenário do nascimento do papai, voltei à fábrica para encomendar o ladrilho pois queria homenageá-lo naquele dia específico.
O rapaz estava ocupado e fiquei conversando com a irmã dele, falando sobre o papai. O rádio estava ligado mas não havia prestado atenção nas músicas.
Ela se levantou e eu fiquei lembrando dele. De repente começou a tomar tocar a música do Ed Motta “Manuel foi pro céu...”
Fiquei muito emocionada, senti que ele estava feliz com a minha homenagem: a concretização do seu recorte.
A moça retornou e viu que eu estava bastante emocionada. Falei para ela sobre a música que estava tocando, disse-lhe que o nome do meu pai era Manuel.
Ela falou que ele deveria estar por perto e eu disse-lhe que tinha certeza, que ele estava ao meu lado.
Fiz o ladrilho. Ele ficou tão lindo, que resolvi dá-lo de recordação para cada um de vocês.
Desejo que essa lembrança signifique o carinho, a dedicação, o exemplo, o sacrifício, a risada, o sorriso, a religiosidade, a braveza, a gentileza, a humildade, o acolhimento e tudo, tudo que ele significava e significa para todos nós.
Com todo o meu carinho,
Eliany
Natal de 2010
Gosto de ladrilhos ao estilo meio que português, né?
ResponderExcluirPena que, hoje em dia, sejam uma arte perdida... mais uma arte perdida.
Boa tarde:- É salutar que exista imaginação e renovação nas prendas que se oferece e se recebe.
ResponderExcluir.
Bom Domingo.
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Que o ANO NOVO de 2026, traga Saúde, Prosperidade, Paz, Harmonia, Esperança, e tudo o mais que seja bom para si, sua família e amizades.
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“” Poema: - Próspero ano de 2026 … Feliz Año Nuevo 2026.
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