segunda-feira, 19 de maio de 2025

BONECAS, BEBÊS E BATALHÕES DE BOMBEIROS

 
Ralei muito para atender a encomenda da Catiaho sobre bebês reborn, pois a inspiração não vinha (terminei de escrever o texto “O Fim do Mundo Chegou” às quatro da matina). Depois de tomar café e resolver as inadiáveis atividades matinais, fiquei com vontade de saber o que uma inteligência artificial poderia dizer sobre um bebê tão artificial como ela.
 
Por isso, copiei da Wikipedia um texto gigantesco escrito em inglês e fiz este pedido ao ChatGPT:
- Este é um assunto do momento. Poderia fazer uma crítica ácida sobre, utilizando o texto a seguir, que encontrei na internet? Mas faça em português.
 
E ele fez, gastando para isso uns três segundos. Sincera e humildemente, sou obrigado a admitir que o texto da IA ficou muito melhor que o meu. Por isso, achei que valeria a pena publicá-lo no velho Blogson..
 
Depois, creio que só de sacanagem, o ChatGPT ainda escreveu:
- Se quiser, posso escrever outra versão com humor mais escrachado, ou com um tom mais melancólico e reflexivo. Deseja experimentar?
 
Nem respondi, de tão humilhado fiquei. Ah, IA filhadaputa!
 
A partir de agora o “mando de campo” é do ChatGPT. E até o título é dele.
 
Era uma terça-feira como outra qualquer até que, no noticiário da noite, surgiu a manchete: "Bebê abandonado dentro de um carro é salvo por bombeiros — era uma boneca." Pronto. Lá estava de novo. A humanidade, em sua versão mais dramática e atrapalhada, confundindo plástico com carne, tinta com choro.
 
As reborn dolls, essas bonecas com aparência tão realista que até fazem as veias saltarem (literalmente, pois são pintadas à mão com esmero quase cirúrgico), agora vivem cercadas de cuidados maternos e, por vezes, de sirenes. Porque, veja bem, se um carro está parado sob o sol, e há um "bebê" imóvel dentro, não é loucura quebrar o vidro. Loucura é descobrir que o bebê não respira por falta de pulmões. Que tem cílios colados com cola quente e um magneto na boca para prender a chupeta.
 
Não é só o vidro que se quebra. É a fronteira entre realidade e delírio.
 
O mais curioso é que essas bonecas são vendidas em “berçários virtuais”, entregues com certidão de nascimento, fralda, mantinha e, se o freguês pagar um extra, até com batimentos cardíacos eletrônicos e narizes que "respiram" (movimentos sutis, claro, nada de secreções). Algumas vêm com nome escolhido, outras com aroma de talco, outras ainda em incubadoras para simular a chegada prematura ao mundo. O que falta? Talvez um CPF.
 
"Não julgue," dirão os defensores. "Ajuda no luto, no vazio, no instinto maternal." Sim, talvez. Mas quando o luto exige fraldas Pampers e carrinho de passeio, é possível que o luto tenha virado um espetáculo. Ou uma comédia.
 
Porque, convenhamos, há algo deliciosamente patético em ver duas senhoras discutindo no supermercado sobre qual shampoo é menos agressivo para o couro cabeludo... da boneca. Ou na mãe que não deixa ninguém segurar "a bebê" porque "a cabecinha ainda não firma" — ignorando que a cabeça, feita de vinil, jamais firmará ou cairá, a não ser por defeito de fábrica.
 
Há uma indústria inteira dedicada a tornar plástico mais humano. Enquanto isso, há seres humanos sendo tratados como descartáveis. Ironia? Não. Só mais um capítulo de um tempo em que a fantasia é tão bem-feita que parece real — e a realidade, às vezes, tão absurda que parece brincadeira.
 
Por via das dúvidas, se vir um bebê sozinho no carro, chame os bombeiros. E depois, quem sabe, chame um psiquiatra. Ou um artista. Afinal, está cada vez mais difícil distinguir onde acaba a arte e começa a loucura.
 

domingo, 18 de maio de 2025

O FIM DO MUNDO CHEGOU

 
Aqui em BH, existe um apresentador de telejornal local muito simpático, já mais velho, que, ao noticiar fatos bizarros ou inacreditáveis, às vezes comentava com voz pausada e meio sorriso no rosto: “Minha mãe diz que o mundo já acabou, mas ninguém acredita”. Ou então, ao final de uma daquelas notícias de azedar o fígado, e sem mover o corpo, olhava diretamente para a câmera à sua direita (ou esquerda) e dizia: “Ah, nem!
 
É essa a sensação que tenho quando leio certas notícias que parecem saídas de um programa de humor. Bebês reborn são desse tipo. Você, que lê atentamente este blog desconjuntado enquanto segura uma fatia de pizza marguerita em uma das mãos, sabe do que estou falando?
 
Precisei consultar a internet - a mãe dos muito burros e pátria das fake news -, para também aprender que porra é essa. Muito bem (ou muito mal): bebê reborn é um boneco com traços hiper-realistas que começou a ser vendido em 2002. Mas é pior que o boneco assassino Chuck, pois faz com que adultos adquiram comportamentos de deficientes mentais.
 
Aqui no Brasil, seus proprietários têm provocado mais risos do que preocupação. Mas, mesmo achando graça na total falta de senso de ridículo de alguns dos donos de reborn, receio que a humanidade esteja com viagem marcada para a insanidade. Basta lembrar de um presidente estrangeiro que cogitou criar um resort num país destruído pela guerra e um reality show em que imigrantes competiriam entre si por cidadania americana. Se um presidente pensa nessas sandices, o que se pode dizer das pessoas comuns, intoxicadas por imagens manipuladas e notícias falsas disseminadas nas redes sociais?
 
Mas, como cantou o Belchior, “deixando a profundidade de lado” – pois a vida é breve –, o bom é rir das notícias da insensatez e do ridículo dos donos de bebês reborn (esse é o nome da coisa):

- Ao ser questionada por uma mulher se poderia solicitar pensão mensal do ex-marido “diante dos altos custos para manter o ‘filho’”, a advogada Fernanda Sanchez foi curta e grossa: “Criança é criança, pet é pet. Você pode não aceitar, mas bebê reborn é uma boneca.”
- Outro advogado, cujo nome infelizmente não sei, publicou em suas redes sociais que ter bebê reborn não dá direito a pedidos de pensão alimentícia nem previdenciária.
- Depois que uma mulher levou um bebê reborn ao posto de saúde, alegando que “a coisa” estava com febre, o deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL-MG) propôs proibir o atendimento de reborns em hospitais. Sensatamente, comentou: “É alarmante ver o quanto as pessoas se sentem solitárias e desconectadas, buscando fuga da realidade e tentando suprir seus vazios com esse tipo de brinquedo de madame. (...) Quando isso se transforma em uma fuga emocional, criando uma realidade paralela que sobrecarrega os nossos serviços públicos, alguém precisa dar um basta.”
- O padre Chrystian Shankar publicou em suas redes sociais o seguinte aviso:
“Não estou realizando batizados para bonecas reborn ‘recém-nascidas’.
Nem atendendo ‘mães’ de boneca reborn que buscam por catequese.
Nem celebrando Missa de Primeira Comunhão para crianças reborn.
Nem oração de libertação para bebê possuído por um espírito reborn.
E, por fim, nem missa de 7º dia para reborn que arriou a bateria.”
E ainda completou: “Essas situações devem ser encaminhadas ao psicólogo, ao psiquiatra ou, em último caso, ao fabricante da boneca. Sem mais!”
-Já o deputado federal Zacharias Calil (União Brasil – GO) propõe multa para quem usar bonecos simulando crianças com o objetivo de obter benefícios como filas preferenciais.
- A Prefeitura de Curitiba informou, em suas redes sociais, que passageiros com bebês reborn não têm direito a assentos preferenciais nos ônibus da cidade. “Mãe de bebê reborn não tem preferência”, diz o aviso. Ainda em tom descontraído, a publicação destaca: “Os reborns são fofos, mas não garantem lugar no (assento) amarelinho.”
- E, para terminar, esta notícia (infelizmente, a reportagem onde a encontrei não traz mais detalhes): casal disputa na Justiça a guarda de uma reborn e o controle de um perfil no Instagram que gera lucros com a exposição da boneca.
 
Não sei se a gíria “rebordosa”, usada para indicar a ressaca provocada pelo consumo de álcool ou substâncias “só um pouquinho mais ilícitas”, ainda existe, mas acho que, depois de ler essas maluquices, estou também com rebordosa — ou melhor, reborndosa. Ah, nem!

sábado, 17 de maio de 2025

DUCHA FRIA

Por ter poucos “seguidores” – ou, como prefiro chamá-los, amigos virtuais –, sempre me alegro quando descubro mais uma adesão à lista de leitores do Blogson. Costumo então fazer um post-agradecimento a essa gente maluca que achou alguma graça nas tranqueiras que publico no blog. Só lamento que não o tenham descoberto há mais tempo, época em que eu era mais criativo.
 
E por terem se incorporado só agora à multidão de 18 seguidores, talvez não saibam que a este blogueiro faltou discernimento, desconfiômetro e bom senso quando resolveu aplacar sua ansiedade congênita publicando quatorze (isso mesmo!) e-books na Amazon com material extraído dentre as mais de 3.000 publicações feitas ao longo de quase onze anos.
 
E, de certo modo, até fico aliviado por não conhecerem esses filhotes do blog, pois fui muito condescendente e precipitado na seleção e publicação dos e-books. Desde então tenho sentido um pouco de vergonha por ter publicado material de baixa qualidade, só para acalmar meus demônios internos. Por isso, tenho pensado em reduzir para a metade ou menosos quatorze livros que publiquei.
 
E hoje, finalmente, comecei a fazer essa limpeza. E a primeira escolha recaiu nos dois livros de poesia (O Eu Fragmentado e Garimpo de Palavras), que, depois de nova seleção, serão transformados em apenas um. Essa jogada permitirá também que o novo livro fique com download gratuito por cinco dias no site da Amazon. Aliás, essa era “a coisa que vem por aí” a que me referi em post anterior – o que, convenhamos, soa como uma verdadeira ducha de água fria diante da eventual expectativa que aquele enigmático e “promissor” mistério possa ter criado.
 
Assim, minhas novas amigas Beatriz e Maria Luiza terão a oportunidade de – caso queiram – conhecer a fabulosa produção poética de Jotabê, fazendo-as talvez se arrepender de terem se interessado em seguir esta bagaceira que é o Blogson Crusoe. Até lá, só posso agradecer – e dizer: bem-vindas!

DUELA A QUIEN DUELA

E O LULA, HEIM?
Nunca entrei em bola dividida, nem separei briga de filho na saída da escola. Jamais me meti em desavenças de irmão ou deixei de apontar os defeitos dos meus pais. Acho um horror quando uma mãe tenta suavizar a fama de criminoso do filho dizendo que “ele é um filho muito bom”. Em resumo: protecionismo, corporativismo e todo tipo de conivência por laços ideológicos, afetivos ou de sangue são comportamentos que abomino, condeno ou desprezo. Assim deveriam pensar e agir os homens públicos (sonha, Jotabê!).
 
Mas aí vem o Frei Chico, irmãozinho do presidente, e tem seu nome envolvido numa maracutaia gigantesca às custas dos aposentados. Ele é inocente? Não sei. Mas, se eu fosse o Lula — que já manchou sua reputação com as tretas dele próprio e de seus cupinchas nos episódios do Mensalão e no Petrolão – botaria a boca no trombone, chamaria o irmão de filho da puta (com ou sem razão) e estimularia a criação da CPI do INSS, duela a quien duela, como disse o condenado Collor. Porque é como no caso da mulher de César: não basta ser honesto – é preciso também parecer. E, usando uma linguagem mais direta, como se fala em qualquer zona do baixo meretrício: se o cu não é meu, pau nele!
 
Faria muito bem à biografia do Lula se ele desistisse dessa ideia ridícula de querer ser presidente pela quarta vez e passasse a régua em tudo – e em todos que consideram o bem público uma entidade abstrata e discutível, algo que existiria apenas para o enriquecimento de alguns. Será que ele ainda não entendeu isso?
 
 
E O BOLSONARO, HEIM?
No bairro onde moro havia um casal de namorados sui generis, para dizer o mínimo. Já idosos, aposentados e sempre chapados de bebida – ela mais que ele –, frequentavam a missa com regularidade. Sentavam-se nos últimos bancos e, sempre bêbados, conversavam em voz alta – ela mais que ele.

Um dia, durante uma missa lotada, o Padre Cornélio, excelente vigário, anunciou que estava voltando para a Holanda, seu país natal, por ter atingido a idade em que os padres se aposentam. Ao ouvir aquilo, a mulher começou a cantarolar, à meia voz: “Adiós muchacho, compañero de mi vida...” Estava sentado perto do casal e tive de fazer força para não cair na gargalhada.
 
Hoje, vi no portal da Isto É a seguinte manchete: “Vou morrer, não vai demorar, diz Bolsonaro sobre possível prisão.”
 
Não resisti: comecei a cantar mentalmente, – “Adiós muchacho...
 
Em outras palavras: mesmo sendo esse desabafo uma tentativa óbvia de chantagem emocional do Bozo, não resisto a dizer – já vai tarde!
 
 
E O TRUMP, HEIM?
Li esta manchete no portal G1: "Governo Trump avalia fazer reality show com imigrantes competindo entre si por cidadania americana".
Que se pode dizer de um presidente assim?  Doente!!!

 


sexta-feira, 16 de maio de 2025

VEM COISA POR AÍ

 
“Quem diz que fazer poesia é um sofrimento está mentindo: é bom, mesmo quando se escreve sobre uma coisa sofrida. A poesia transfigura as coisas, mesmo quando você está no abismo. A arte existe porque a vida não basta”. Ferreira Gullar
 
 
O que se lerá a seguir
São versos ingênuos, simplórios
Poemas escritos com prego
Grosseiros, vulgares, banais
Literatice sem brilho
Poesia sem rima, sem cor
Expressões toscas da dor
 
 
Você, caro leitor, estimada leitora, pode estar se perguntando que isso significa. Por enquanto, só posso dizer que vem coisa por aí.
 
 
Para encher um pouco mais de linguiça (como deve ser uma expressão equivalente em Portugal?), a transcrição de um cartão que recebi de meu filho em 2017, quando me deu de presente de dia dos pais o instigante, perturbador e super bem escrito livro “Sapiens”, de Yuval Harari:
 
“Para que meu pai, Homo Sapiens se torne cada vez mais sapiens e menos homo”.

 

quinta-feira, 15 de maio de 2025

ESCOLHAS CAUSADAS POR ESCOLHOS

 
O atual presidente tem uma legião, um exército, uma enormidade de pessoas que o odeiam, por abominar sua tolerância com as maracutaias promovidas por aliados e parceiros, feitas com sua ignorância, leniência, displicência ou até mesmo em benefício próprio. Concordo integralmente com quem pensa assim, mas o Brasil sempre foi um país abençoado onde fortunas surgem e aumentam de forma quase milagrosa, provavelmente pela habilidade na gestão dos investimentos de quem enricou, gente como o jurássico Adhemar de Barros ou os políticos Newton Cardoso, Orestes Quércia, Jader Barbalho, Paulo Maluf, Fernando Collor... tantos que fica até difícil lembrar.
 
Se você não gostou da ironia, vou tentar ser mais claro. Estão certos todos os que são contra a corrupção, contra quem se beneficia com isso ou que deixa que isso aconteça. Mas, infelizmente, a corrupção parece ser endêmica no país, não sendo “privilégio” nem de uma época nem de uma pessoa. Pior – muitíssimo pior – é aceitar como melhor opção de governante alguém que se cerca de gente com esta disposição:
 
“Em áudio, policial cita equipe formada para prender ministros, 'matar meio mundo', e se queixa de Bolsonaro: 'Deu para trás'
Polícia Federal interceptou conversas do agente Wladimir Soares, investigado por participação na trama golpista. Em conversas, ele menciona grupo para 'proteger' o ex-presidente’.
Uma perícia da Polícia Federal em aparelhos do agente Wladimir Soares — investigado pela trama golpista — revelaram áudios em que ele menciona um grupo armado preparado para prender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e admite que a equipe estava disposta a usar força letal, afirmando que iriam ‘matar meio mundo’ se necessário.
Em um dos áudios, Wladimir revela que ele e sua equipe estavam prontos para prender o ministro Alexandre de Moraes e outros membros do STF, caso Bolsonaro tivesse autorizado.
Ele também menciona que a operação só não aconteceu porque Bolsonaro não deu a ordem esperada.
‘A gente ia com muita vontade, ia empurrar meio mundo de gente, pô, matar meio mundo de gente. Não ia estar nem aí’, declarou”. Se quiser, leia a íntegra da reportagem aqui:
https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/05/14/em-audio-policial-cita-equipe-formada-para-prender-ministros-matar-meio-mundo-e-se-queixa-de-bolsonaro-deu-para-tras.ghtml
 
E agora é para fechar o post: quando leio coisas desse tipo, quando me lembro da época dos generais-presidentes, acho estranho quando alguém me marreta por preferir o roubo de bens materiais que o roubo da liberdade e da democracia – lembrando que “preferir” não é sinônimo de “concordar”.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

MALHANDO EM FERRO FRIO

 
Acho que estou muito velho, pois não tenho mais paciência para malhar em ferro frio, dar murro em ponta de faca ou marrada em cabeça de carneiro. Usando uma expressão antiga, sempre fico de bode quando vejo o ódio e o rancor serem guardados em geladeira, só para que não se acabem. Mas o sentimento que mais me incomoda é a crença radical de alguns, ou melhor, a crença de alguns radicais de que é impossível, inadequado, condenável que pessoas não radicais sejam obrigadas a fazer escolhas de Sofia, plebiscitárias, momentos em que o bom senso manda escolher a opção que se entende menos pior – mesmo que não se concorde com nenhuma delas. Tentando clarear o raciocínio, são aqueles momentos quando ou você come buchada de bode ou passa fome, quando bebe cerveja ou morre de sede, quando é vacinado com vacina chinesa ou morre de covid. Espero ter sido claro até agora.
 
E um dos temas favoritos daqueles que não aceitam o resultado das últimas eleições presidenciais é o fato de o candidato eleito ter sido beneficiado pela anulação de provas conta ele. Essa é uma história que vale a pena (re)contar. Mas talvez seja interessante voltar um pouco mais no tempo, tempo da Dilma.
 
Quando a então presidente Dilma Rousseff sofreu um processo de impeachment e foi destituída do cargo para a qual tinha sido eleita, muita gente vibrou com isso e eu fui um desses. Quem estava a favor e vibrou com o pé na bunda aplicado estava pouco se lixando se as filigranas jurídicas utilizadas contra a “presidanta” eram adequadas, corretas e incontestáveis, pois o que importava era o resultado alcançado. Para avivar a memória, um texto elaborado pelo ChatGPT:
 
O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, ocorrido em 2016, foi um processo legalmente previsto na Constituição Federal e na Lei nº 1.079/1950, que trata dos crimes de responsabilidade. No entanto, sua legitimidade e correção são temas de intenso debate jurídico e político no Brasil.
- Argumentos a favor da legalidade do impeachment
Os defensores do impeachment argumentam que Dilma cometeu crimes de responsabilidade ao realizar as chamadas "pedaladas fiscais" e editar decretos de crédito suplementar sem autorização do Congresso Nacional. Essas ações teriam violado normas orçamentárias e fiscais, justificando o processo de impedimento. O Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou ações que questionavam o rito do impeachment, indicando que o processo seguiu os trâmites legais estabelecidos. ​
- Argumentos que questionam a legitimidade do impeachment
Críticos do processo afirmam que não houve comprovação de dolo ou má-fé por parte de Dilma, requisitos essenciais para caracterizar crime de responsabilidade. Além disso, apontam que práticas semelhantes foram adotadas por governos anteriores sem consequências legais. O Instituto dos Advogados do Brasil (IAB) considerou o impeachment inconstitucional, argumentando que os atos atribuídos à presidente não configuravam crimes de responsabilidade conforme definido na legislação. ​
- Conclusão
Embora o processo de impeachment tenha seguido os procedimentos legais previstos, sua legitimidade continua sendo objeto de debate. A controvérsia reside na interpretação sobre se as ações de Dilma Rousseff configuraram efetivamente crimes de responsabilidade ou se o processo foi motivado por fatores políticos. Assim, a questão permanece aberta à análise e interpretação de juristas, políticos e da sociedade em geral.

Curiosa conclusão! Mas, e que se pode dizer sobre a “descondenação” do atual presidente? Não vou bancar o gato mestre nem tentar exibir um conhecimento que não tenho. Por isso, novamente pedi ao ChatGPT para destrinchar esse assunto. E saiu isto:
 
A anulação das provas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi fundamentada em decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), que apontaram irregularidades processuais e violações de garantias fundamentais.
Decisões do STF sobre as provas
Em setembro de 2023, o ministro Dias Toffoli, do STF, anulou todas as provas obtidas por meio do acordo de leniência da Odebrecht, utilizadas pela Operação Lava Jato. Toffoli considerou que essas provas foram obtidas de maneira ilegal, descrevendo os métodos empregados como "heterodoxos e ilegais”. Ele também afirmou que a prisão de Lula foi "um dos maiores erros judiciários da história do país”.
Anulação das condenações
Anteriormente, em abril de 2021, o plenário do STF confirmou a decisão do ministro Edson Fachin que declarou a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar os casos relacionados a Lula, anulando as condenações anteriores. Além disso, o STF reconheceu a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro nos julgamentos do ex-presidente.​
Conclusão
Portanto, a anulação das provas contra Lula foi baseada em decisões do STF que identificaram irregularidades processuais e violações de garantias fundamentais, questionando a legalidade das provas obtidas e a imparcialidade dos julgamentos anteriores.
 
Neste momento, diante das informações obtidas, eu começo a rir e a achar graça do ódio exibido pelos mesmos que aplaudiram a deposição da Dilma graças às filigranas jurídicas que a embasaram. E a graça que vejo nisso é o fato de o Lula ter-se beneficiado de outras filigranas jurídicas para anular processos, condenação e provas contra ele.
 
Ou seja, o senso de justiça do homem comum não foi ratificado pelas decisões técnicas extraídas da Constituição. Onde está o erro? Em uma constituição com mais de 200 artigos ou nos brilhantes advogados que encontraram as brechas para descondenar alguém que muita gente desejaria ver preso? Ou o erro está nos juízes cuja missão é a defesa da Constituição e que, por isso, proferem suas sentenças totalmente de acordo com ela?
 
Refletindo sobre a ironia de ver que o uso inteligente de filigranas jurídicas beneficiou um e prejudicou outra, submeti novamente à Inteligência Artificial minhas dúvidas e questionamentos sobre isso e esta foi sua resposta:
 
De fato, tanto a anulação das provas contra Lula quanto o impeachment da Dilma Rousseff envolveram forte uso de instrumentos jurídicos, muitas vezes interpretados de maneira técnica e formalista, o que distancia esses eventos daquilo que o "senso comum de justiça" — ou seja, a percepção popular de certo e errado — poderia esperar.
No caso do Lula, a anulação se baseou em princípios fundamentais, como o do juiz imparcial e da competência do foro. Tecnicamente, são fundamentos sólidos, pois se um juiz é parcial, todo o processo é contaminado. Porém, para a maioria das pessoas, que viu denúncias, delações, reportagens e condenações se acumularem durante anos, o argumento da parcialidade pareceu uma "brecha" para livrá-lo de consequências, independentemente de sua culpa ou inocência.
No caso da Dilma, o processo seguiu formalidades legais, mas a acusação (pedaladas fiscais e decretos de suplementação) foi considerada por muitos fraca ou irrelevante se comparada à gravidade associada à palavra "impeachment". Para o "homem comum", ficou a impressão de que se destituiu uma presidente sem um crime grave e inquestionável, usando tecnicalidades fiscais para justificar o que, no fundo, era uma grande disputa política.
Em resumo:
Juridicamente, os processos encontram amparo técnico.
Politicamente e moralmente, ambos geram dúvida sobre se o direito foi usado para realizar a justiça, ou para atingir fins pré-determinados.
Para o senso comum, tanto a anulação quanto o impeachment podem parecer "filigranas jurídicas" moldadas para atender interesses maiores.
 
Para terminar essa xaropada, deixo claro (pela enésima vez) que – mesmo tendo votado nele –, para mim fica a sensação de que no caso do Lula existiram de fato crimes que não foram punidos. No caso da Dilma uma perseguição injusta. Ou seja, as filigranas jurídicas condenaram uma e "descondenaram" outro. Essa também é a “opinião” do ChatGPT:
 
Ou seja: mesmo havendo indícios e suspeitas fundadas, os erros processuais (como a parcialidade de Moro) levaram à anulação dos processos, não a uma absolvição de mérito. Isso gera a sensação de "culpado que escapou" graças a filigranas jurídicas.
No caso da Dilma, a impressão é a de que não houve crime grave que justificasse a interrupção de um mandato presidencial. Foi mais uma manobra político-parlamentar embalada sob a aparência de legalidade. Assim, a filigrana jurídica serviu para condená-la, mesmo sem uma prova moralmente robusta de crime.
Em resumo:
As filigranas jurídicas salvaram Lula, mesmo que houvesse culpa material.
As filigranas jurídicas derrubaram Dilma, mesmo que não houvesse culpa grave.
Essa dissonância entre a aparência legal e o senso de justiça comum alimentou — e ainda alimenta — a desconfiança generalizada em relação às instituições brasileiras.
Filigranas Jurídicas e o Senso de Justiça
A história recente do Brasil expôs uma contradição desconfortável entre a aplicação da lei e o senso comum de justiça. No caso de Luiz Inácio Lula da Silva, a anulação de suas condenações se apoiou em fundamentos jurídicos sólidos, como o direito a um juiz imparcial e a competência adequada do foro. No entanto, permanece a sensação de que, embora erros processuais tenham ocorrido, crimes materiais graves ficaram sem a devida punição.
Já no caso de Dilma Rousseff, o impeachment seguiu o ritual previsto em lei, mas a acusação que o sustentou — manobras fiscais conhecidas como "pedaladas" — parece desproporcional à gravidade de destituir uma presidente eleita. Para muitos, tratou-se de uma perseguição política disfarçada de correção jurídica.
Assim, em um cenário paradoxal, as filigranas jurídicas serviram para "descondenar" quem parecia culpado e para "condenar" quem não cometera crime grave. A consequência é o enfraquecimento da confiança popular na Justiça e nas instituições, visto que o direito, longe de pacificar, acabou aprofundando a sensação de injustiça.
 
E agora é para acabar mesmo! Se você leu até aqui, parabéns, pois tem um fígado melhor que o meu. E, se quer saber, mesmo diante de todas as observações corretas geradas por uma Inteligência Artificial, mesmo detestando o PT e o Lula, nunca me arrependi e nunca me arrependerei de ter dado meu voto útil para impedir a eleição do ídolo da “direitalha” radical. Captou? Fui.
 

terça-feira, 13 de maio de 2025

DEU NO JORNAL

 


RETALHOS DESCOSTURADOS

Esta postagem lembra muito uma mistura de jiló com adoçante ou bacalhoada com toddy, tão  esquisita ficou a colagem de temas e estilos totalmente diferentes entre si.E fiz isso por achar que nenhum dos textos mereceria uma postagem independente.
 
 
ANALFABETISMO ELEITORAL
Meu filho contou ter um colega que disse sintonizar a TV Globo apenas para ver jogos de futebol (“sabe como é, não dá para confiar na Globo”) e que usa as redes sociais para manter-se “informado”. Prefiro nem identificar sua “cor ideológica”, OK?
Mas, pensando nessa distorção de entendimento, fico preocupado com o que poderá acontecer daqui para frente, e nem estou focado apenas nas futuras eleições. Pensem comigo: quantas pessoas na idade adulta terão condições de separar o que é verdadeiro das imagens impressionantemente “reais” criadas por uma Inteligência Artificial?
Só para que você comece a se preocupar, o Brasil possui hoje uma população total de 203 milhões de pessoas. Dessas, 160 milhões são eleitores (acho esse número muito elevado, mas é o que obtive). Segundo o INAF (Indicador de Alfabetismo Funcional), os dados mais recentes indicam que 8% desse universo correspondem aos analfabetos absolutos. Que devem ser somados aos 21% de analfabetos funcionais. Disso resulta que 46 milhões de brasileiros não conseguem entender o que leem – isso quando conseguem ler. Agora, imagine um filé desses manipulado por marqueteiros a partir de imagens “realistas” geradas por uma IA!
E os 46 milhões de eleitores são apenas a ponta do iceberg, pois nem consigo imaginar o total de “analfabetos eleitorais”, gente como o colega de meu filho (ingênuos, crédulos, de boa fé, ignorantes, ideológicos e todo tipo de pessoas que podem ser mais facilmente iludidas) que poderão transformar o Brasil num Titanic depois do choque com o iceberg. Como dizia um personagem de programa de humor, “Eu não vou aguentar!”
 
 
AULA DE RECONHECIMENTO
Assisti a um vídeo do Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol (provavelmente trecho de uma declaração ou discurso), em que ele ensina como reconhecer um fascista:
Se você quiser reconhecer um ultradireitista há um método que não falha:
Sempre se opõe a qualquer avanço social
Se opõe ao aumento do salário mínimo
Se opõe ao aumento das pensões
Se opõe a reduzir a precariedade trabalhista
Se opõe à renda mínima vital, dizendo que é uma mamata
Se opõe à tributação justa
Se opõe às políticas de igualdade entre homens e mulheres
Nega a evidência científica de que estamos diante de uma emergência climática
E quando não consegue bloquear esses avanços por vias democráticas – porque a população lhe ignora – o que faz é opor-se à democracia e recorrer ao ataque das instituições democráticas.
 
 
INTERDITA, PORQUE ESTÁ DOIDO
Eu não mando em minha mente (demente), ela pensa o que quiser e eu fico só na minha, como se ela fosse um ET que se instalou na minha cabeça. Esta introdução é só para tentar aliviar a barra por conta de uma piada que me fez pensar no humor doentio que o Henfil e outros malucos sempre fizeram sem se preocupar com o politicamente correto (eu adoro esse tipo de humor!). E este é o caso do diálogo a seguir:
- E aí, beleza? Fiquei sabendo que esteve internado. Que houve?
- Foda! Peguei uma infecção no pé, a coisa piorou, foi piorando tanto que fui obrigado a amputar um dedo.
- Puta merda! Mas não fique tão chateado, procure pensar de forma positiva.
- Do jeito que você é escroto, só falta dizer que é melhor amputar um dedo que o pé inteiro, né?
- Não, nem pensar, isola! O lado bom é que é menos uma unha encravada com que se preocupar.
- Puta que pariu!
 
 
DEFEITO DE FABRICAÇÃO
Parece que a democracia é mesmo uma merda, pois permite que se pratique o que regimes autoritários jamais permitirão. Liberdade de imprensa é uma delas. Que mania insensata algumas pessoas têm ao tentar expor seu pensamento e suas opiniões sem receio de ser presas! Outra esquisitice nas democracias é a possibilidade de alguém ser eleito para governar um país apenas com a maioria dos votos recebidos – dados em urnas eletrônicas ou sob a forma de papel depositado em pré-históricas e pouco confiáveis urnas que lembram mochilas ou malotes.
Outra falha da democracia é sua convivência com extremistas de todo tipo e matiz, gente sempre pronta a emular, a copiar o comportamento censório, policialesco que viceja nas ditaduras e regimes autoritários. Parece ser ofensa inadmissível para essa gente que a legislação em vigor no país seja respeitada, mesmo que isso resulte em condenações ou descondenações que o senso comum entende serem indevidas ou equivocadas.
Para algumas pessoas a política se resume a uma partida de final de campeonato entre dois times, sendo que um deles deveria ser proibido de ganhar, mesmo que para isso o regulamento precisasse ser rasgado, a bola furada e a as “quatro linhas” tivessem o produto que as demarca varrido ou espanado. E nem adiantaria argumentar ou tentar entregar alguma notificação ao técnico, pois o papel seria pulverizado depois de lido, como se jamais tivesse sido entregue. Democraciazinha filha da puta!
 
 
EXPLICANDO A ORIGEM DO POEMA “CAIPIRA DA CAPITAL”
Algumas pessoas me cumprimentaram pelo poema publicado recentemente, mas uma delas estranhou minha “confissão” e perguntou de onde eram meus pais. E esta é a explicação:
Minha mãe nasceu em Ijaci (Perto de Lavras. Já ouviu falar?), em 1922. A população estimada do então distrito estava em torno de 1.500 habitantes. Meu pai nasceu em 1911, no distrito de São José dos Oratórios (hoje o orgulhoso município de Oratórios). A população do antigo distrito de Ponte Nova quando meu pai nasceu estava em torno de 900 pessoas, pouco mais, pouco menos. Conheceram-se em Belo Horizonte, onde se casaram e onde eu nasci. Intimamente, mesmo tendo nascido em BH e independente da educação e cultura que fui adquirindo, sempre me considerei um caipira, um jeca tatu. Foi pensando nisso que escrevi aqueles “maravilhosos” versos.

domingo, 11 de maio de 2025

SAUDADES DO BRASIL - GUILHERME ARANTES

 
Hoje eu iria republicar um texto meio sério, meio desabafo, que retirei para revisar, ampliar, suprimir, enfim, para fazer o que eu sempre faço com posts que não me agradam. Mas hoje (ainda) é domingo, noite do Dia da Mães, eu estou feliz e resolvi compartilhar uma música que sempre melhora meu astral quando a ouço – mesmo que fale de reencontros e saudade. Composição do “hitmaker” Guilherme Arantes, um cara que, entre outras coisas, emplacou 27 músicas como trilhas de novelas.
 
Não sei se “Coisas do Brasil” foi trilha de novela ou não, só sei que me transporta para uma época em que eu tinha pouco mais de 20 anos, quando tudo estava bom para mim (inclusive os reencontros), época em que o povo brasileiro parecia mais cordial e que o Rio era  como continua a ser hoje , lindo, mas bem menos violento. E a melodia é muuuito boa. Se quiser cantar, a letra é esta:
 
Foi tão bom te conhecer
Tão fácil te querer
Triste não te ver por tanto tempo
É bom te encontrar, quem sabe feliz
Com a mesma alegria de novo
Mais uma vez, amor
Te abraçar, de verdade
Há sempre um novo amor
E uma nova saudade
Coisas do Brasil, coisas do amor
Luzes da cidade acendendo o fogo das paixões
Num bar à beira-mar
No verde-azul do Rio de Janeiro

 


 


CAIPIRA DA CAPITAL

 Mesmo que não aparente
Sou caipira que o acaso
Ou desfeita do destino
Fez nascer na capital
 
Me orgulhava de tal sorte
Esmerando-me em tentar ser o tal
Cuidando para que o sotaque
Não fosse denunciado, afinal
 
Queria disso distância,
Jamais ser confundido
Com um caipira ou capiau
Nos cafundó do Judas nascido
 
Sem notar que há beleza
Na real simplicidade
Das conversas que ouvia
De meus pais, minha família
 
Perna fina era cambito
Ora pro nobis, lobrobô
Flato era funfa, talvez dito
Com recato e meio sorriso
 
Eram palavras sonoras
Expressões desconhecidas
Regionalismos que faziam
Rir os que vinham de fora
 
O tempo passou e enfim notei:
Quando se tenta esquecer
Tirar de si o passado
Sobra só um vazio por dentro
 
Hoje declaro serenamente
Com alegria e modo natural:
Sou caipira sim
Caipira da capital.

sábado, 10 de maio de 2025

FAZ AI UM I DE IA

 
Recebi pelo whatsapp de um amigo esta imagem. Obviamente é falsa, tão falsa quanto uma imagem da barriga aberta do Bolsonaro, recentemente divulgada pelo próprio. Talvez uma Inteligência Artificial as tenha criado. O que as diferencia é a motivação. A do novo papa é só uma piada engraçada, melhor ainda com a frase que a acompanha. Já a do Bolsonaro...



sexta-feira, 9 de maio de 2025

FALANDO DE PAPAS

 
A eleição de um substituto para o Papa Francisco provocou uma série de reportagens sobre os candidatos e, também, sobre os antigos papas. Natural, não é mesmo? Isso me deu vontade de publicar algumas curiosidades. Lêaí.
 
Um Papa brasileiro.
Sabia que o país poderia ter comemorado a escolha de um papa brasileiro? Pois é, eu não sabia, mas isso aconteceu em 1978, durante o conclave que sucedeu à morte do papa João Paulo I. O cardeal brasileiro dom Aloísio Lorscheider obteve dois terços dos votos necessários para ser eleito. No entanto, ele recusou o cargo por motivos de saúde. Morreu dois anos depois.
 
Um Papa polonês
Com a recusa do cardeal brasileiro, o posto de líder dos católicos ficou, então, com o polonês Karol Wojtyła, o João Paulo II. Uma das cidades visitadas por esse papa quando esteve no Brasil pela primeira vez, foi Belo Horizonte. No alto da Avenida Afonso Pena, quase ao pé da Serra do Curral, foi montado um mega altar, com visão privilegiada e quase total da cidade. Diante daquele cenário magnífico, o papa exclamou:
- Que belo horizonte!
Hoje essa praça é conhecida como a “Praça do Papa”.
 
Um Papa inovador
Até o século VI os Papas não mudavam de nome. Ao assumirem a cátedra de São Pedro, mantinham todos o nome de batismo, e fim de papo. Isso mudou definitivamente no ano 533, quando escolheram para papa um homem de nome pagão, do deus Mercúrio na mitologia romana (Hermes, para os gregos). Achando que não pegava bem o vigário de Cristo ostentar o nome de deus pagão – Mercúrio – adotou o nome de João II.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA

 
Quando eu nasci o papa da igreja de Roma era Pio XII (época em que os dinossauros vagavam pela terra). O significado disso é que eu sou velho pra kawaka, entende? Depois vieram o reformador João XXIII, Paulo VI, João Paulo I (o breve),o santificado  João Paulo II, o intelectual Bento XVI, e o bem humorado e gente fina Francisco. E agora, quem será o próximo papa?
 
Mesmo na qualidade atual de católico-ateu ou ateu-católico eu gostaria de compartilhar com o novo papa minha visão sobre os entraves da Igreja. Poderia, talvez, sugerir um "Manual do Escoteiro Mirim" ou um “Manual de Sobrevivência na Selva” para ajudar o próximo papa a exercer seu papado na selva em que o mundo se transformou.
 
Para começar, pensando na queda das vocações sacerdotais, eu seguiria o exemplo da Igreja Anglicana e começaria a ordenar mulheres e homens casados. E isso seria relativamente tranquilo, pois já existem os diáconos perpétuos e as leigas consagradas. Os diáconos são uma espécie de padre que não pode fazer o rito da consagração durante a missa. As leigas consagradas são mulheres que, sem pertencer a nenhuma ordem religiosa, dedicam a sua vida a Deus e à Igreja, vivendo os conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência. Talvez sejam mais castas que muito padre ou freira por aí.
 
Outra mudança que o novo papa poderia implementar seria o casamento religioso gay. Em um mundo onde as minorias ficaram mais visíveis e mais ruidosas, não tem sentido a Igreja fingir que não vê as mudanças comportamentais que já aconteceram. Qual o problema de realizar um casamento entre dois homens ou entre duas mulheres? Qual é o grilo de existir um padre gay, ou melhor, um padre serena e declaradamente gay? Para mim, nenhum.
 
Mas os conservadores, os reacionários, certamente esbravejarão e chamarão de comunista ou ateu o papa que se dispuser a enfrentar sua gangue, pois tudo que desejam é que o mundo, a religião e a política sejam feitas ou mantidas à sua imagem e semelhança. E, se possível, voltar à missas em latim e com o padre de costas para a assembléia.
 
Mas nada disso estancaria a perda de fiéis para o ateísmo ou para as novas igrejas evangélicas (sem falar das igrejas não cristãs), pois não é a modernização da estrutura da igreja católica que espantará os antigos fieis. A migração ocorre pela busca de novas "pastagens", mais nutritivas, mais fáceis de assimilar e digerir. Imagino que se um papa "Santo Sílvio" dissesse "Quem quer dinheiro?", muita gente retornaria (conheço gente assim...)
 
Eu acredito que os católicos esclarecidos e cultos, ao resolver abandonar a fé católica, tornam-se ateus. Já os mais simplórios, os mais humildes, os mais necessitados, ao perceber o aceno dos “milagres” a rodo que ocorrem nos templos do bilionário Edir Mais cedo (porque “Deus ajuda a quem cedo madruga”) e coleguinhas de mesmo apetite, mudam rapidinho para a nova fé, pois o que mais precisam e desejam é o pão nosso de cada dia, mas que seja pão italiano com presunto Parma e queijo gorgonzola ou gouda, ou seja, estão em busca de bens materiais – carro, casa, dinheiro –, pouco se lixando para discussões teológicas e se Maria é ou não é a mãe da igreja.
 
Então pouco importa se o novo papa conseguirá ou não romper as resistências internas dos ultraconservadores, pois ele não poderá (nem deve) oferecer os “milagres” que as novas igrejas evangélicas têm a cara de pau de oferecer. E são esses milagres a isca que utilizam para pescar novos contribuinte.

quarta-feira, 7 de maio de 2025

ARRUMAÇÃO - ELOMAR

 
Para quem nunca ouviu falar nele, Elomar é um compositor, escritor, violonista e cantor brasileiro. Mas não só isso. É também formado em arquitetura, profissão que exerceu por muitos anos, estudou violão clássico e, para completar, é criador de bodes e cabras. Está hoje com 87 anos e imagino que esteja pouco se lixando para o sucesso comercial de suas músicas esquisitas (mas boas de ouvir).
 
Segundo texto encontrado na internet, sua música mistura elementos da cultura sertaneja e medieval e traz influências da poesia medieval, como o trovadorismo, e da música medieval, como o canto gregoriano e a polifonia. “Elomar utiliza a linguagem dialetal sertaneja e a temática medieval para criar um universo musical único e profundo”. Resumindo, a obra musical de Elomar “não é para amadores”.
 
Em um dos canais de TV de BH, nas manhãs de domingo, é transmitido o programa “Arrumação”, no estilo do antigo “Som Brasil”. “Arrumação” também é o nome da música que serve como tema de abertura do programa. E é ela que resolvi compartilhar com essa gente erudita que acessa o blog. Para facilitar o entendimento, transcrevo também a letra. Espero que gostem.
 
 
Jusifina, sai cá fora e vem vê
Oia os fôrro ramiado, vai chuvê
Vai, trimina reduzi toda criação
Das bandas de lá do rio Gavião
Chiquerá pra cá, já roncô o truvão
Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo prantá o feijão no pó
 
Mãe Prurdença inda num cuiêu o aio
O aio roxo dessa lavôra tardã
Diligença, pega o pano e cum balaio
Vai cum tua irmã, vai num rumo só
Vai cuiê o aio, o aio da tua avó
Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo prantá o feijão no pó
 
Lua nova, sussarana vai passar
Seda branca, na passada ela levou
Ponta d’unha, lua fina, risca no céu
A onça prisunha, a cara de réu
O pai do chiquêro, a gata comeu
Foi um trovejo cu’a zagaia só
Foi tanto sangue, de dá dó
 
Os cigano já subiro beira rio
É só danos, todo ano nunca vi
Paciença, já num guento a pirsiguição
Já sô caco véio nesse meu sertão
Tudo que juntei foi só pra ladrão
Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo prantá o feijão no pó
Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo prantá o feijão no pó
 

 





segunda-feira, 5 de maio de 2025

JÁ TENHO UM PLANO B

 

Um dia Deus acordou de seu sono milenar (O sono de Deus é contado em milênios; só um cochilinho dura no mínimo 200 anos. O que não é nada para quem é eterno) e chamou Gabriel, seu ajudante de ordens.

- Que aconteceu enquanto Eu dormia?

- Ih, nem vou falar! É tanta baixaria que o melhor a fazer é ignorar.

- E você acha que Eu, com Minha onisciência, consigo ignorar alguma coisa?

- Desculpe, Chefia, mas se o Senhor é onisciente – e o Senhor é –, por que me perguntar se alguma aconteceu enquanto dormia?

- Para te deixar sempre atento, sempre vigilante. E então?

- Odeio dizer, Senhor, que a maldade, a corrupção e a crueldade têm aumentado muito, chegando a níveis quase inacreditáveis.

 

Deus fez uma cara de nenhum amigo e começou um desabafo divino, daqueles de provocar terremotos, maremotos e aremotos:

- Quem essa gentinha pensa que é? A gente dá a mão e eles já querem o braço, Nós lhes demos a vida e eles logo quiseram saber do Bem e do Mal. E o pior é que nem sabem fazer escolhas decentes!

 

Gabriel escutava calado, com medo até de respirar. E Deus continuou:

- Eu não devia ter dado ouvidos a Mim mesmo... Preciso parar com essa mania de plural majestático! Eu os fiz à Minha imagem e semelhança, mas devia ter escolhido os Neandertais. O problema foi aquele queixinho esquisito e aquelas sobrancelhas grossas...

Eu ainda tolerei todas as iniquidades que foram sendo praticadas, toda a maldade que vi surgir, mas chegou num ponto em que eu precisava dar fim à baderna daquela escumalha.

- Foi aí que Vossa Onisciência chamou o Noé, não foi? Perguntou Gabriel.

-Sim, era um bom homem, mas precisei primeiro ensinar a ele com quantos paus se faz uma canoa.

- E o que deu de errado desde então?

-Problema de DNA defeituoso. Eles têm alguns gênesis ruins.

- E o que Vossa Magnificência pretende fazer?

- Vou dar uma chave de arrumação nessa cambada.

- Chave de arrumação?

- É, vou dar um susto nessa escória para ver se eles finalmente fazem por merecer serem considerados Meus filhos. Convoque o batalhão de anjos exterminadores!

- Eita! E o que – ouso perguntar – Vossa Onipotência está pretendendo?

- Limpar algumas das formas de maldade existente.

- Tipo o quê?

- Eliminação sumária de todos os corruptos, membros de quadrilhas, milícias e facções criminosas, pedófilos, serial killers, ladrões, assaltantes, sequestradores, fraudadores, divulgadores de fake news, garimpeiros ilegais, agressores contumazes do meio ambiente, grileiros, estelionatários, feminicidas e traficantes.

- Se me permitis comentar, apenas uma dessa categorias provoca uma dúvida em mim: mesmo se  eliminados os traficantes, as drogas continuarão a existir e os usuários talvez queiram assumir o controle disso. O que Vossa Sapiência pretende fazer?

- Todos os usuários de drogas que hoje vivem nas ruas também serão eliminados, pois não se gasta vela boa com mau defunto. Os outros se borrarão de medo e se afastarão das drogas.

- Não estais sendo demasiadamente severo?

- Eu sou o Deus do Fiat Lux!, da explosão. Comigo é na batata! Quem é a favor da paz e do amor é Meu Filho.

- É, os anjos exterminadores terão um bocado de trabalho! E se nem com esses avisos a humanidade melhorar?

 

Nesse momento Deus fechou os olhos e deu um sorrisinho que se poderia classificar de satânico se não fosse Ele o próprio Deus.

- Meu plano B já está definido. Só preciso escolher a data e o tamanho do asteroide que irá resetar o planeta.

BONECAS, BEBÊS E BATALHÕES DE BOMBEIROS

  Ralei muito para atender a encomenda da Catiaho sobre bebês reborn , pois a inspiração não vinha (terminei de escrever o texto “ O Fim do ...