segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

CULTURA INÚTIL

 
Li em algum lugar que o Vinicius de Moraes, de comportamento normalmente afetuoso, vivia oferecendo parcerias a seus amigos. E parece que foi isso que aconteceu quando resolveu escrever uma letra para a música “Gente Humilde”, composta na década de 1940 pelo violonista Garoto.
 
Com a letra praticamente toda pronta, Vinicius pediu que Chico Buarque a completasse, pois queria firmar parceria com Chico”. E o sogro do Carlinhos Brown escreveu estes versos: "Pela varanda flores tristes e baldias, como a alegria que não tem onde encostar".
 
O que provavelmente eles não soubessem é que essa música já tinha uma letra escrita. A versão original nunca chegou a ser gravada comercialmente e teria sido interpretada uma única vez em um programa de rádio, no início da década de 1950. A título de curiosidade, ei-lalá:
 
Em um subúrbio afastado da cidade
Vive João e a mulher com quem casou
Em um casebre onde a felicidade
Bateu à porta foi entrando e lá ficou
E à noitinha alguém que passa pela estrada
Ouve ao longe o gemer de um violão
Que acompanha
A voz da Rita numa canção dolente
É a voz da gente humilde
Que é feliz.
 
Sinceramente, todos devemos agradecer o desconhecimento de Vinicius e Chico Buarque, que nos presentearam com uma letra primorosa para uma melodia linda. Compare a primeira letra com esta belezura:
 
Tem certos dias em que eu penso em minha gente
E sinto assim todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece de repente
Como um desejo de eu viver sem me notar
 
Igual a como quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem vindo de trem de algum lugar
E aí me dá como uma inveja dessa gente
Que vai em frente sem nem ter com quem contar
 
São casas simples com cadeiras na calçada
E na fachada escrito em cima que é um lar
Pela varanda flores tristes e baldias
Como a alegria que não tem onde encostar
 
E aí me dá uma tristeza no meu peito
Feito um despeito de eu não ter como lutar
E eu que não creio peço a Deus por minha gente
É gente humilde, que vontade de chorar

Para concluir esta aula de cultura inútil, um comentário e uma confissão:
- Consegue cantar os versos da primeira letra sem problema? Percebeu que a letra é bem menor? Como fazer a divisão dos versos para que se encaixem na linha melódica? Difícil, não?

- Hoje bateu uma tristeza diferente, ao pensar que era mais feliz quando ainda tinha um pouco de fé, fé que me confortava e acalmava quando batia a depressão ou desespero. Foi quando me lembrei do verso “E eu que não creio peço a Deus por minha gente”. Sim, hoje eu sei que era mais feliz.

2 comentários:

  1. Jotabê,
    Eu não acho ser cutura
    inutil essas informações
    desta publicação em especial.
    Há nesse momento por ai
    pelo mundo, pessoas processando
    outras exatamente pelo ponto que
    cita seu texto de * eles não saberem
    ou terem tomado conhecimento de
    já haver letra escrita dessa canção*.
    Da mesma forma que há nu mundo
    dos blogs, caras de pau que vão
    nas páginas e copiam parte de
    texto e descaradamente assinam.
    Eu, mesmo com os filhos já adultos
    e netas adolescentes e a vida depois
    dos meio ja caminhando pro fim, não
    tenho saudade de um ontem.
    Mesmo com as limitações que já
    me apertam os dias, amo mais
    o hoje que o ontem.
    Cada tempo tem suas vantagens e
    suas desvantagens.
    Muito boa essa sua publicação que
    abre espaço para essa minha reflexão
    pessoal.
    Eu sigo bem o na recuperação da cirurgia
    do olho direito, leio e escrevo pouco
    por recomenção médica.
    Bjins de ótima nova semana.
    CatiahoAlc.

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    1. Fico feliz com sua recuperação! Quanto à transcrição de textos sem uso de aspas, sem indicação que você não é o autor, acho isso uma vergonha, uma lástima. Para você ter ideia, até textos produzidos pelo ChatGPT a partir de ideias iniciais minhas, se resolver publicá-los será sempre entre aspas e vinculados ao marcador "O chato do GPT", pois não são textos escritos por mim.

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