O Samba de uma Nota Só composto por Tom Jobim é (para mim) uma de suas composições mais geniais. Sem querer bancar o entendedor, o que me encanta nessa música é o fato da linha melódica da primeira parte se resumir apenas a uma nota (de “Eis aqui este sambinha...” até “Mas a base é uma só”). O que muda são as outras notas que compõem os acordes. Aliás, informação prestada na própria letra (“outras notas vão entrar”).
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025
SINFONIA
O Samba de uma Nota Só composto por Tom Jobim é (para mim) uma de suas composições mais geniais. Sem querer bancar o entendedor, o que me encanta nessa música é o fato da linha melódica da primeira parte se resumir apenas a uma nota (de “Eis aqui este sambinha...” até “Mas a base é uma só”). O que muda são as outras notas que compõem os acordes. Aliás, informação prestada na própria letra (“outras notas vão entrar”).
terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
E HÁ QUEM ACREDITE!
O papa Francisco tem 88 anos, está internado em um hospital de Roma e agora luta pela vida devido a um grave quadro respiratório. Para alguém que, ainda jovem, teve parte de um pulmão extraído, os prognósticos não são animadores. Isso me faz pensar que um sucessor para ocupar o trono de Pedro pode ser escolhido ainda neste ano.
"Logo este papa comunista vagabundo sem vergonha, que cagou no trono de Pedro, vai comer capim pela raiz."
"Nunca foi papa, foi um vagabundo comunista que adora terrorista."
"Papa comunista tem que morrer."
"Todo sofrimento do mundo é pouco para essa desgraça."
"Vou festejar muito o dia em que esse papa for para o inferno."
"Vou rezar para que ele morra logo."
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
PARDON, PARDAL!
Na casa de minha avó, havia dois animais de estimação: um cachorro preto e grande, cujo nome nunca soube, e um periquito verde em uma gaiola. Minha mãe limpava sua gaiola, trocava a água e prendia meio jiló nos arames. Depois que eles morreram, nunca mais houve animais naquela casa. Tentei convencer minha mãe a ter um cachorro, mas foi inútil. Quando comecei a namorar minha mulher, encontrei uma cultura familiar totalmente diferente.
sábado, 22 de fevereiro de 2025
YO NO CREO EN ROBOTS, PERO QUE LOS HAY, LOS HAY
O titular do blog Crônicas do Edu é um sujeito generoso. E não só generoso, mas também crédulo, pois é extremamente condescendente com o que lê aqui neste blog. E por que crédulo? Porque considera pouco 50 visualizações por dia para o “conteúdo que entrega” este velho e alquebrado Blogson.
E para matar a cobra e mostrar o pau, apresento a seguir um histograma que mostra a chegada dos robôs em sua revoada matinal. Olhaí.
- total de visualizações: 203.196
- total de postagens: 3.111
- total de comentários: 6.183
- soma das visualizações por post: 120.160
- visualizações por post: 120.160 / 3.111 = 38,6
(a média dos nove posts mais recentes foi de 6 visualizações por post)
203.196 – 120.160 = 83.036 visualizações fantasmas ou robóticas
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
POR DENTRO DO CÉREBRO
Outro dia minha mulher me mandou um link com trechos de uma entrevista do neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, feita pela revista eletrônica Poder. Achei bacana e de utilidade “publica” o assunto tratado. Por isso resolvi publicar no Blogson uma “seleção da seleção”, a minha escolha pessoal dos trechos selecionados. Pelo cuidado que tenho ao publicar no blog qualquer coisa que não tenha autoria reconhecida, procurei na internet e encontrei a entrevista completa, descobrindo ter sido concedida em 2012. Caso um dos (15) seguidores se interesse em ler o texto integral, o link está disponível no final deste post. Lêaí:
- Tem uma área nova na neurocirurgia chamada neuromodulação, o que popularmente se chama de marca-passo, mas que nós chamamos de estimulação cerebral profunda. O estimulador fica embaixo da pele e são colocados eletrodos no cérebro, para estimular ou inibir o funcionamento de alguma área. Isso começou a ser utilizado para os pacientes de Parkinson. Quando a pessoa tem um tremor que não controla, você bota um eletrodo no ponto que o está provocando, inibe essa área e o tremor para. Esse procedimento está sendo ampliado para outras doenças. Daqui a um ou dois anos, distúrbios alimentares como obesidade mórbida e anorexia nervosa vão ser tratados com um estimulador cerebral. Porque não são doenças do estômago, e sim da cabeça.
- O que se conhece do cérebro humano?
- Hoje você tem os exames de ressonância magnética, em que consegue ver a ativação das áreas cerebrais, e cada vez mais o cérebro vem sendo desvendado. Ainda há muito o que descobrir, mas com essas técnicas de estimulação você vai entendendo cada vez mais o funcionamento dessas áreas. O que ainda é um mistério é o psiquismo, que é muito mais complexo.
- Existe alguma coisa que se possa fazer para o cérebro funcionar melhor?
- Você tem de tratar do espírito. Precisa estar feliz, de bem com a vida, fazer exercício. Se está deprimido, com a autoestima baixa, a primeira coisa que acontece é a memória ir embora; 90% das queixas de falta de memória são por depressão, desencanto, desestímulo. Para o cérebro funcionar melhor, você tem de ter motivação. Acordar de manhã e ter desejo de fazer alguma coisa, ter prazer no que está fazendo e ter a autoestima no ponto.
- Cabeça tem a ver com alma?
- Eu acho que a alma está na cabeça. Quando um doente está com morte cerebral, você tem a impressão de que ele já está sem alma… Isso não dá para explicar, o coração está batendo, mas ele não está mais vivo.
- O que se pode fazer para se prevenir de doenças neurológicas?
- Todo adulto deve incluir no check-up uma investigação cerebral. Vou dar um exemplo: os aneurismas cerebrais têm uma mortalidade de 50% quando rompem, não importa o tratamento. Dos 50% que não morrem, 30% vão ter uma sequela grave: ficar sem falar ou ter uma paralisia. Só 20% ficam bem. Agora, se você encontra o aneurisma num check-up, antes dele sangrar, tem o risco do tratamento, que é de 2%, 3%. É uma doença muito grave, que pode ser prevenida com um check-up.
- Você acha que a vida moderna atrapalha?
- Não, eu acho a vida moderna uma maravilha. A vida na Idade Média era um horror. As pessoas morriam de doenças que hoje são banais de ser tratadas. O sofrimento era muito maior. As pessoas morriam em casa com dor. Hoje existem remédios fortíssimos, ninguém mais tem dor.
- Existe algum inimigo do bom funcionamento do cérebro?
- O exagero. Na bebida, nas drogas, na comida. O cérebro tem de ser bem tratado como o corpo. Uma coisa depende da outra. É muito difícil um cérebro muito bem num corpo muito maltratado, e vice-versa.
- Já aconteceu de você recomendar um procedimento e a pessoa não querer fazer?
- A gente recomenda, mas nunca pode forçar. Uma coisa é a ciência, e outra é a medicina. A pessoa, para se sentir viva, tem de ter um mínimo de qualidade. Estar vivo não é só estar respirando. A vida é um conjunto. Há doentes que preferem abreviar a vida em função de ter uma qualidade melhor. De que adianta ficar ali, só para dizer que está vivo, se o sujeito perde todas as suas referências, suas riquezas emocionais, psíquicas. É muito difícil, a gente tem de respeitar muito. É talvez esse respeito que esteja faltando. A Ética e a Moral devem voltar as salas de aula, desde a mais tenra idade.
- Como você lida com as famílias dos seus pacientes?
- Essa relação é muito importante. As famílias vão dar tranquilidade e confiança para fazer o que deve ser feito. Não basta o doente confiar no médico. O médico também tem de confiar no doente. E na família. Se é uma família que cria caso, que é brigada entre si, dividida, o cirurgião já não tem a mesma segurança de fazer o que deve ser feito. Muitas vezes o doente não tem como opinar, está anestesiado e no meio de uma cirurgia você encontra uma situação inesperada e tem de decidir por ele. Se tem certeza de que ele está fechado com você, a decisão é fácil. Mas se o doente é uma pessoa em quem você não confia, você fica inseguro de tomar certas decisões. É uma relação bilateral, como num casamento. Um doente que você opera é uma relação para o resto da vida.
- Você acredita em Deus?
- Geralmente depois de dez horas de cirurgia, aquele estresse, aquela adrenalina toda,quando você acaba de operar, vai até a família e diz: “Ele está salvo”. Aí, a família olha pra você e diz: “Graças a Deus!”. Então, a gente acredita que não fomos apenas nós.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
RAMPA PARA O FRACASSO
Uma vez eu li que o cantor-compositor Tom Zé, lá no início de sua carreira, teria participado de um programa de calouros com o nome tipo "Escada para o Sucesso". A música interpretada tinha sido composta por ele e o título era "Rampa para o fracasso". Contei este caso porque eu me identifico muito com sua mente anárquica e também porque "passo recibo", já disse isso várias vezes. E o novo recibo é a saída de mais dois seguidores do blog, provavelmente pelo post com a transcrição da carta-manifesto do advogado Kakay. Fazer o que, não é mesmo?
"OUÇA UM BOM CONSELHO"
Temos uma amiga que nos contou o conselho dado por seu pai às quatro filhas na entrada da adolescência. Segundo ela, para prevenir que uma delas tivesse uma gravidez indesejada e inoportuna, sempre dizia esta frase cheia de sabedoria e simplicidade: “Cabeça de pinto não tem juízo!”
Esse isolamento aí é que me fez pensar no conselho dado pelo pai de minha amiga. Embora o Kakay não tenha mencionado o nome de ninguém, tenho a impressão de que esse isolamento se deve principalmente à segunda primeira dama, doida para protagonizar ações para as quais não foi eleita e por quem tenho uma antipatia natural tão grande quanto a que sinto pela Gleisi Hofman. Pensem bem, o Lula estava viúvo, fama de comedor e, de repente... fica alguém dando palpites e falando abobrinhas no seu ouvido. Ninguém merece!
Pouco importa o motivo da queda de popularidade do presidente, pois o que considero intolerável é a possibilidade da volta da extrema direita ao poder em 2026. E foi essa amálgama de sentimentos que me fez querer publicar na íntegra a carta do Kakay, pois o Blogson Crusoe também tem a função de blogoteca, disponível para futuras consultas.
Lula, a esperança da democracia.
“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro", Clarice Lispector.
Lula ganhou 3 vezes e elegeu Dilma como sua sucessora. À época elegeria o qualquer de seus Ministros pois era imbatível.
Certa vez conversando com um Senador-do PT- ele me disse que tinha um ano tentava uma audiência com a Presidenta Dilma. Ela não fazia política. Sofreu impeachment.
Um dia no Governo Lula um Senador da oposição me liga as 11 hs da manhã e reclama que tinha assumido há 15 dias- era suplente- e que não havia sido recebido pelo Zé Dirceu, chefe da Casa Civil. Liguei para o Zé . As 12.30 a gente estava almoçando no Palácio do Planalto. O Zé - de longe o mais preparado dos Ministros- deu um show discorrendo sobre o Estado de origem do Senador, que saiu de lá com o número do celular do Zé e completamente encantado.
Neste atual governo Lula fez o que de melhor podia ao enfrentar Bolsonaro e ganhar do fascismo impedindo que tivéssemos mais 4 anos de Bolsonaro. Seria o fim da democracia. Seriam destruídas de maneira irrecuperável tudo que foi construído nos governos democráticos, não só do PT. O fascismo acaba com tudo. Este o maior legado do Lula. Para tanto foi necessário, senão não teríamos ganhado, fazer uma aliança ampla demais. Só o Lula conseguiria unir e fazer este amplo arco para derrotar Bolsonaro. Aqui em casa , no dia da diplomação , 12 de dezembro,determinado político se aproximou em um momento em que Lula e eu conversávamos, colocou amistosamente a mão no meu ombro e fez uma brincadeira. Ao sair da roda o Lula me falou baixinho, rindo :” este jamais será meu Ministro, e acha que vai ser.” Dia 1º de janeiro ele assumiu como Ministro. Este o brilhantismo do Lula neste momento difícil. Não fosse sua maturidade não teríamos tido chance de vencer o fascismo. Por isto cometo aqui certa indelicadeza de comentar este fato: para ressaltar a maturidade do Presidente Lula.
Mas o Lula do 3º mandato , por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro. Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas com capacidade de falar o que ele teria que ouvir. Não recebe mais os velhos amigos políticos e perdeu o que tinha de melhor: sua inigualável capacidade de seduzir, de ouvir, de olhar a cena política.
Outro dia alguns políticos me confidenciaram que não conseguem falar com o Presidente. É outro Lula que está governando.
Com a extrema direita crescendo no mundo e , evidentemente aqui no Brasil, o quadro é muito preocupante. Sem termos o Lula que conhecíamos como Presidente e sem ele ter um grupo que ele tinha ao seu redor, corremos o risco do que parecia impossível: perdermos as eleições em 2026. Bolsonaro só perdeu porque era um inepto. Tivesse ouvido o Ciro Nogueira e vacinado, ou ficado calado sem ofender as pessoas, teria ganho com a quantidade de dinheiro que gastou. Perder uma reeleição é muito difícil, mas o Lula está se esforçando muito para perder. E não duvidem dele, ele vai conseguir.
Claro que as circunstâncias estão favoráveis ao projeto de perder as eleições. Não dou tanto importância para estas pesquisas feitas o tempo todo. Mas prestei atenção nesta que indica que 62% não querem que Lula seja candidato a reeleição. A pergunta é : quem é seu sucessor natural? Não foi feito um grupo ao redor do Presidente, que se identifique com ele e de onde sairia o sucessor político natural, o “ grupo” do Lula a gente sabe quem é. E certamente não vai tirá-lo do isolamento. Ele hoje é um político preso à memória do seu passado. E isolado. Quero acreditar na capacidade de se reencontrar. Quem se refez depois de 580 dias preso injustamente, pode quase tudo . E nós temos o Haddad, o mais fenomenal político desta geração em termos de preparo. Um gênio. Preparado e pronto para assumir seu papel.
Já fico olhando o quadro e torcendo para o crescimento de uma direita civilizada. Com a condenação do Bolsonaro e a prisão, que pode se dar até setembro, nos resta torcer para uma direita centrista, que afaste o fascismo.
Que Deus se apiede de nós!
É necessário lembrar o mestre Torquato Neto no Poema do Aviso Final:
“É preciso que haja algum respeito , ao menos um esboço ou a dignidade humana se afirmará a machadada.”
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
MOTHER NATURE
Quando a espécie humana tiver desaparecido,
A Natureza – através de seus exércitos
De liquens, musgos, fungos e ervas,
Gramíneas, samambaias, arbustos e árvores,
Começará a ocupar os espaços,
As casas, os muros e prédios vazios,
Os túneis, as barragens, as fábricas abandonadas,
Tudo o que antes a ela pertencia.
E o planeta respirará aliviado.
terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
O HOMEM QUE INVENTOU TRUMP
Tenho lido alguns textos que me provocaram forte impressão. Por isso, independente de estar ou não sem assunto, resolvi publicá-los aqui no Blogson, nem que seja apenas para poder relê-los quando quiser. O primeiro deles foi recebido pelo whatsapp de um amigo. Trata-se de um artigo de Simon Schwartzman, sociólogo e membro da Academia Brasileira de Ciências, publicado no jornal "O Estado de São Paulo". Como a mensagem veio na forma de imagem, resolvi digitar tudo (trabalhinho danado!). O texto é este:
O Homem Que Inventou Trump
Em uma longa entrevista ao jornalista Ross
Douthat no The New York Times de
31/01/2025, Steve Bannon, a quem se atribui ter levado Donald Trump à sua
primeira vitória em 2016, mostra-se articulado, culto, divertido, e quase convence.
De família pobre democrata dos tempos de John F. Kennedy formado pela Harvard Business
School, Bannon se define como populista e nacionalista.
A pax
americana segundo ele, que se impôs ao mundo ocidental após a 2ª Guerra, é
uma construção que tem no topo uma elite bilionária, sustentada por uma grande
burocracia de pessoas com títulos universitários – a “classe dos diplomados” – incluindo
generais, professores universitários e jornalistas da grande imprensa –, e grupos
de interesse formados por sindicatos e organizações que se articulam em nome de
direitos sociais para receber parte do bolo. Tudo à custa do little guy, o homem do povo que é
enviado para matar e morrer em guerras longínquas cujos valores e estilos de
vida são corroídos pelas políticas identitárias financiadas com recursos
públicos e cura os empregos e salários são aviltados pelos imigrantes e a
concorrência de investimentos em outros países.
Para vencer esse sistema, seria preciso se
comunicar diretamente com o povo pelas redes sociais, deixando de lado a grande
imprensa; usar argumentos emocionais, para não precisar discutir com a classe
dos diplomados; e encontrar um líder capaz de dar voz aos ressentimentos e
frustrações do little guy: Donald Trump.
Uma vez no poder, seria necessário equilibrar as contas, cobrando impostos dos
milionários e cortando subsídios; proteger a indústria nacional, com
investimento e barreiras alfandegárias; desmontar a burocracia pública e as
organizações sociais que ela alimenta; deportar os imigrantes e taxar as
importações, valorizando o trabalhador americano. A estratégia funcionou para
ganhar eleições, tanto a primeira quanto a de 2024, mas não para governar. Bannon
saiu do primeiro governo Trump logo nos primeiros meses, e ficou fora do atual,
criticando de longe a influência do novo grupo de bilionários das tecnologias
digitais – Elon Musk, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg –, que, segundo ele, forma
uma nova oligarquia de “trans-humanistas”. Eles seriam os líderes de um novo “tecnofeudalismo”,
com o poder concentrado nas mãos de engenheiros e, cada vez mais, em sistemas
autônomos de inteligência artificial. Nesse novo mundo, as hierarquias baseadas
nas fortunas familiares e nos diplomas seriam substituídas pela nova hierarquia
formada pela simbiose homem-máquina, acumulação ilimitada de recursos em poucas
mãos e administração tecnocrática da sociedade das pessoas e da natureza,
levando ao fim as identidades locais e nacionais.
Como explicar que Trump tenha abraçado essa
distopia, e em que medida isso afeta a lealdade de Bannon à sua criatura? Trump
é imperfeito, explica Bannon, e tende a ficar sempre do lado de empresários bem
sucedidos, que agora são esses. Mas essa imperfeição seria a sua grandeza, diz
ele, o que o tornaria comparável aos grandes presidentes americanos como George
Washington e Abraham Lincoln, embora Trump mesmo prefira se comparar a Andrew
Jackson, o presidente que ficou famoso por entregar a economia americana aos robber barons do final do século 19.
Bannon foi astuto ao perceber as debilidades
da democracia americana e como atacá-la, e apostar num personagem sem limites como
Trump como instrumento para vencê-la, mas nenhum dos dois parece ter ideia do
que colocar em seu lugar. Nestas primeiras semanas do novo governo, o que vemos
são movimentos para cumprir as promessas mais espetaculares e destrutivas da
campanha, como a deportação de milhões de imigrantes, a suspensão da cooperação
internacional o ataque às políticas de inclusão e ao funcionamento da
administração federal, as barreiras alfandegárias à China e aos países vizinhos
e a indicação de personalidades marginais para os cargos mais importantes. A
aposta de que dos escombros uma nova e mais grandiosa América surgiria, sob o
comando dos novos tecnocratas bilionários, foi abalada pelo surpreendente
sistema de inteligência artificial chinês, lembrando que é a China, e não os
Estados Unidos, que lidera hoje a pesquisa, a produção industrial e o uso das
novas tecnologias em quase todos os campos.
Trump tem dito, em seus ataques às políticas
de inclusão, que agora as pessoas passarão a valer pelos seus méritos, e não
mais por seus supostos direitos. Mas o little
guy é, justamente, aquele que não conseguiu se valer das oportunidades criadas
pela sociedade americana em seus melhores momentos, e é difícil conciliar essa
suposta redescoberta do mérito com o ataque generalizado à “classe dos
diplomados” e suas instituições, incluindo as universidades, os centros de
pesquisa e as agências governamentais nas áreas de educação, saúde e meio
ambiente.
É provável que, passado primeiro susto, a sociedade norte-americana comece a reagir e, daqui a dois anos, Trump perca, nas eleições, a maioria que tem no Congresso. Mas o diagnóstico de Bannon sobre a debilidade e a vulnerabilidade da democracia Americana e de outras que tentam emulá-la, continua valendo, e deve preocupar.
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
ARAMAICO
- Estou pensando em aprender aramaico...
- Aramaico?
- Sim, aramaico, a
língua falada por JotaCristo.
- E para que você
quer aprender uma língua morta?
- Morta, não!
Descobri que na Síria e na Turquia ainda existem comunidades que falam
aramaico.
- Tá, mas pra que
saber uma língua que só meia dúzia de gatos pingados ainda utiliza? Vai virar
antropólogo ou arqueólogo?
- Marketing
pessoal...
- Agora seu
cérebro fritou de vez!
- Seu problema é
ser muito limitado, não consegue pensar fora da caixa!
- Tá bom, Olivetto, que “marketing pessoal” é esse?
- Tenho pensado que estou perto da tábua da beirada, pois minha saúde não tem estado muito boa. Por isso, acho que todo mundo com mais de setenta anos devia aprender aramaico.
- Esta é mais uma de suas piadas sem graça?
- Tô falando sério! Quando chegar o momento, acho vai pegar muito bem se eu puder conversar com o “Filho do Dono” na língua dele!
- Pããããta que pariu!
CULTURA INÚTIL
Li em algum lugar que o Vinicius de Moraes, de comportamento normalmente afetuoso, vivia oferecendo parcerias a seus amigos. E parece que foi isso que aconteceu quando resolveu escrever uma letra para a música “Gente Humilde”, composta na década de 1940 pelo violonista Garoto.
Vive João e a mulher com quem casou
Em um casebre onde a felicidade
Bateu à porta foi entrando e lá ficou
E à noitinha alguém que passa pela estrada
Ouve ao longe o gemer de um violão
Que acompanha
A voz da Rita numa canção dolente
É a voz da gente humilde
Que é feliz.
E sinto assim todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece de repente
Como um desejo de eu viver sem me notar
Eu muito bem vindo de trem de algum lugar
E aí me dá como uma inveja dessa gente
Que vai em frente sem nem ter com quem contar
E na fachada escrito em cima que é um lar
Pela varanda flores tristes e baldias
Como a alegria que não tem onde encostar
Feito um despeito de eu não ter como lutar
E eu que não creio peço a Deus por minha gente
É gente humilde, que vontade de chorar
Para concluir esta aula de cultura inútil, um comentário e uma confissão:
- Consegue cantar os versos da primeira letra sem problema? Percebeu que a letra é bem menor? Como fazer a divisão dos versos para que se encaixem na linha melódica? Difícil, não?
- Hoje bateu uma tristeza diferente, ao pensar que era mais feliz quando ainda tinha um pouco de fé, fé que me confortava e acalmava quando batia a depressão ou desespero. Foi quando me lembrei do verso “E eu que não creio peço a Deus por minha gente”. Sim, hoje eu sei que era mais feliz.
sábado, 15 de fevereiro de 2025
QUIXOTESCO
Talvez por não ter hoje ninguém com quem conversar, eu converso com qualquer pessoa que se disponha a me dar um mínimo de atenção. Algum leitor poderá perguntar se não converso com meus filhos ou com minha mulher. Minha resposta é que filhos e mulher não são “amigos”. Na verdade são mais que amigos, objeto que são de meu mais profundo amor, mas não têm a mesma característica de um colega de serviço ou de companheiros reunidos em torno de uma mesa de bar, pois já sabem como eu penso quais são meus interesses, minhas neuroses e obsessões, já estão acostumados com as bobagens que falo e penso.
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
PAIXÃO E FÉ – TAVINHO MOURA E FERNANDO BRANT
E sai o povo pelas ruas a cobrir
Velejar, velejei
Já bate o sino, bate no coração
Velejar, velejei...
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
CORAÇÃO SELVAGEM - BELCHIOR
Me abrace e me beije bem devagar
Que é para eu ter tempo,
Tempo de me apaixonar
Pediremos ao bom Deus que nos ajude
Falaremos para a vida:
"Vida, pisa devagar, meu coração, cuidado, é frágil"
Meu coração é como um vidro, como um beijo de novela
terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
LIVRINHO PORRETA
Se existe uma coisa em que me amarro é na chamada cultura inútil, aquela que você poderia ter morrido sem saber, pois não serve para porra nenhuma, nem mesmo para conversa de botequim. E se ampliar um assunto já naturalmente atraente para mim, melhor ainda. E um desses assuntos é a Bíblia. “Livrinho” danado de porreta!
domingo, 9 de fevereiro de 2025
O QUINTO CAVALEIRO
No futuro (se houver um futuro), por sua visão imediatista, simplista, por seu espírito beligerante e pelo radicalismo de suas atitudes, talvez Donald Tramp não seja lembrado como o 47º presidente eleito dos Estados Unidos, mas como o candidato a quinto cavaleiro do Apocalipse. Nos primeiros dias de seu segundo mandato, tomou as seguintes providências:
Descaso com o Meio Ambiente:
- Formalizou a retirada dos Estados Unidos do
Acordo Climático de Paris.
- Revogou políticas anteriores voltadas para
a sustentabilidade e o combate às mudanças climáticas.
- Autorizou a exploração doméstica de
petróleo, gás natural e minerais críticos, reduzindo regulamentações ambientais
e priorizando a eficiência na concessão de licenças. Também desfez subsídios
para veículos elétricos.
- Revogou restrições anteriores à exploração
de recursos naturais no Alasca, priorizando a exploração de gás natural.
- Permitiu o escoamento de água de áreas
protegidas para a preservação de peixes até regiões com falta de abastecimento
hídrico pelas queimadas na Califórnia.
- Declarou emergência energética nos EUA para
flexibilizar a produção interna de petróleo bruto, gás natural, produtos
petrolíferos refinados, urânio, carvão, biocombustíveis, etc., com o objetivo
de baratear os custos de energia.
- Restringiu temporariamente a permissão para
o aluguel de terrenos dos EUA para a instalação de parques de geração de
energia eólica.
- Assinou ordem executiva permitindo a
operação de oleodutos que passarão por terras sagradas para os povos indígenas
e por reservas hídricas importantes.
- Nomeou para o cargo de chefe da Agência de
Proteção Ambiental um sujeito que não crê no efeito do dióxido de carbono sobre
o aquecimento global (“eu não concordaria
que ele é um contribuidor primário para o aquecimento global”).
Parece ser uma norma entre os radicais de
direita o horror à chamada diversidade de gênero e alterações cirúrgicas na
região do púbis. E o Tramp está nesse grupo, pois meteu a caneta em uma ordem
executiva "restaurando políticas tradicionais" e definindo sexo como
uma classificação biológica imutável em que só existe “homem” e “mulher”. Essa
norma impacta o registro em documentos do governo. Também determina a suspensão
de materiais que promovam “ideologia de gênero” e o financiamento a programas
sobre o tema.
Não totalmente satisfeito, assinou ordem
executiva obrigando espaços públicos a terem sexos definidos, masculino e
feminino, ou seja, banheiros de gênero neutro serão proibidos.
Além disso, no dia seguinte à sua posse foram
removidos dos sites da Casa Branca e de agências federais palavras e expressões
como gay, lésbica, bissexual, LGBTQ, HIV, orientação sexual e transgênero.
Cometeu outras baixarias nessa área, mas não
quero espichar demais este texto.
- A postura linha-dura contra imigrantes foi
intensificada com penas mais severas e deportações em massa – ironicamente, uma
política endurecida por um filho de mãe imigrante.
- No cenário internacional, revogou sanções
contra colonos judeus na Cisjordânia e cancelou regulações para mitigar riscos
ligados à inteligência artificial.
- Como um de seus primeiros atos, concedeu também
perdão total e incondicional aos condenados pela invasão do Capitólio em 6 de
janeiro de 2021. Com isso, cerca de 1.500 pessoas envolvidas no ataque foram
liberadas imediatamente da prisão, em um gesto de apoio àqueles que, sob sua
ótica, “lutavam contra uma eleição fraudulenta”.
sábado, 8 de fevereiro de 2025
A LETTER BILINGUE
Hi, Mr. President Trump! Or seria Tramp? (I never sei the correct form!) You don’t know me (thank God!), but posso tell you to make you feel better que não sou one of the illegal immigrants que o senhor acabou de deportar of your country.
A PERDA DA INOCÊNCIA
Nosso filho trocou de apartamento e a mudança não foi só de móveis e de endereços. A seguir, o relato que recebi dessa história. Hoje na...
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Este post serve para divulgar as três obras primas publicadas por este blogueiro na Amazon.com.br . E são primas só pelo parentesco, pois...
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Esperando que ninguém tenha "fugido para as montanhas", apresento mais uma música fruto da parceria Suno-Jotabê (o compositor se...
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Tempos atrás, ouvi um filósofo dizer em uma palestra que a felicidade é um instante de vida que você gostaria de prolongar, de eternizar, de...