Como já comentei aqui, estou relendo o livro “200
Crônicas Escolhidas”, do Rubem Braga, pois tenho a mania de reler os livros que
me fizeram babar de prazer quando lidos pela primeira vez. E esse livro do
Rubem Braga é assim. Como eu gostaria que os textos que escrevo atingissem pelo
menos dez por cento do lirismo, ironia e humor suave encontrados nas crônicas
desse livro!
Preciso confessar que além
de algumas crônicas que encontrei na internet não conheço nenhum outro livro de
sua autoria, o que me faz parcialmente merecedor desta afirmação atribuída a
São Tomás de Aquino: “Temo o homem de um
livro só” (hominem unius libri
timeo).
Mas eu sou inofensivo, não represento ameaça para
ninguém. Sou como aqueles passarinhos engaiolados que, privados de sua liberdade, acabam até comendo na mão de seus carcereiros ou, melhor, de seus criadores. Como dizia um antigo chefe, sou “manso
de gaiola”. Além do mais, aprendi com o filósofo Heráclito de Éfeso que “Não podemos nos banhar duas vezes no mesmo
rio porque as águas se renovam a cada instante”. A explicação para essa
frase encontrada na internet (obrigado, Google!) é que “nem o homem nem as águas do rio são mais as mesmas quando se volta a
mergulhar. A lógica pode ser aplicada à leitura: não se lê duas vezes o mesmo
livro. Em essência, o livro é o mesmo. Mas o leitor não”.
Justamente por isso sinto-me confortável ao ler
um livro duas vezes (já li três vezes um de que particularmente gostei), na
certeza de que atendo o conselho de Mark Twain: “O homem que não lê bons livros não tem
nenhuma vantagem sobre o homem que não sabe ler”.
Ensinamentos encontrados na internet como
esses são bem mais saudáveis e úteis que as loas tecidas nas redes sociais a
esse ou aquele candidato à presidência da república. Mas o que mais me espantou
mesmo foi descobrir no livro que estou relendo (sinal de que não sou mais a
pessoa que leu o livro pela primeira vez) uma autocrítica bastante jotabélica do
Rubem Braga sobre uma crônica que escreveu, Logo ele, considerado o príncipe
dos cronistas brasileiros! Olha a autocrítica bracarense do capixaba a propósito de uma crônica que resolveu
republicar
“É uma
crônica de 1943 e não é tão inédita que não tenha sido publicada em duas
revistas. Mas ambas circulavam quase às ocultas e foram fechadas logo depois
pelo governo. A crônica pode ser má, e creio mesmo que está mal escrita, de um
modo diferente do meu modo costumeiro de escrever mal. Mas naqueles temos já
era uma grande coisa quando se conseguia escrever alguma coisa que não fosse louvaminha
ao Senhor; e quando se escrevia era ao mesmo tempo com raiva e contensão; duas circunstâncias
que atrapalham qualquer estilo, e ainda mais o meu, que se atrapalha à toa.
Talvez por isso mesmo reli com uma espécie de carinho e resolvi publicar outra
vez”.
E antes que eu me esqueça, "bracarense" é quem ou que é natural de Braga, Portugal. Perdoem-me a piada jotabélica (não resisti).
https://www.oficialfarma.com.br/fosfatidilserina-200mg-60-doses/p?utm_source=google_pmax&utm_medium=cpc&utm_campaign=institucional&gclid=CjwKCAjwoMSWBhAdEiwAVJ2ndqrvevrAUvaLmX_ypJOSIYMHDM5KMJFTrAuGnwls9rqeJn3eHNZenxoCcs0QAvD_BwE
ResponderExcluir