Nesse final de semana, à falta de coisa
melhor para fazer, dediquei-me a tentar organizar uma pasta de fotos
digitalizadas de meus avós, tios e primos. Com elas vieram também imagens
digitais de alguns desses parentes, obtidas mais recentemente com os
onipresentes smartphones. Hoje, minha mãe, dois tios e um primo são apenas
lembranças.
Sempre digo não sentir saudade de minha infância ou juventude, mas não consegui ficar imune à saudade de pessoas já falecidas. Dois retratos merecem destaque: a irmã mais velha de minha mãe ainda está viva e aparece em um deles em plena juventude, com olhos de atriz de cinema mudo; na segunda, uma velhinha está sentada aos 103 anos em uma cadeira de rodas, curvada, alquebrada, frágil, com um olhar meio vago e sem saber que perdeu um de seus dois filhos para a Covid.
A boa emoção sentida ao rever imagens de pessoas queridas me fez visitar novamente o site de genealogia dos mórmons, onde comecei a “escavar” mais informações dos parentes já falecidos. E encontrei o registro de sepultamento e a causa mortis de meus pais, alguns tios e avós maternos. O registro que mais me encantou foi o de um tio nascido na Itália. Sabia que ele veio ainda criança para o Brasil e que não falava italiano, mas o dialeto de sua cidade natal. E lá estava ela, identificada no “Registro de Falecimento”: Cotignola, Ravenna, Emilia-Romagna, Itália. O próximo passo será procurar esse lugar no Google Maps.
Esses retratos em preto e branco antigos, escaneados, comparados com os mais recentes, coloridos, mostram o efeito impiedoso da passagem do tempo nessas pessoas. Além disso, provocaram em mim uma reação estranha e inesperada, a sensação de que as fotos antigas é que eram as reais, elas é que mostravam a essência de cada retratado, uma essência cheia de magia e encantamento, provocando em mim talvez o mesmo tipo de emoção que um arqueólogo sente ao fazer nova descoberta, antes guardada e escondida sob camadas e mais camadas de solo.
Sempre digo não sentir saudade de minha infância ou juventude, mas não consegui ficar imune à saudade de pessoas já falecidas. Dois retratos merecem destaque: a irmã mais velha de minha mãe ainda está viva e aparece em um deles em plena juventude, com olhos de atriz de cinema mudo; na segunda, uma velhinha está sentada aos 103 anos em uma cadeira de rodas, curvada, alquebrada, frágil, com um olhar meio vago e sem saber que perdeu um de seus dois filhos para a Covid.
A boa emoção sentida ao rever imagens de pessoas queridas me fez visitar novamente o site de genealogia dos mórmons, onde comecei a “escavar” mais informações dos parentes já falecidos. E encontrei o registro de sepultamento e a causa mortis de meus pais, alguns tios e avós maternos. O registro que mais me encantou foi o de um tio nascido na Itália. Sabia que ele veio ainda criança para o Brasil e que não falava italiano, mas o dialeto de sua cidade natal. E lá estava ela, identificada no “Registro de Falecimento”: Cotignola, Ravenna, Emilia-Romagna, Itália. O próximo passo será procurar esse lugar no Google Maps.
Esses retratos em preto e branco antigos, escaneados, comparados com os mais recentes, coloridos, mostram o efeito impiedoso da passagem do tempo nessas pessoas. Além disso, provocaram em mim uma reação estranha e inesperada, a sensação de que as fotos antigas é que eram as reais, elas é que mostravam a essência de cada retratado, uma essência cheia de magia e encantamento, provocando em mim talvez o mesmo tipo de emoção que um arqueólogo sente ao fazer nova descoberta, antes guardada e escondida sob camadas e mais camadas de solo.
belo texto
ResponderExcluirObrigado! Bom que tenha gostado.
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