Meu coração se aperta de tristeza e angústia todas as vezes que leio ou ouço falar sobre espécies ameaçadas de extinção. Pode ser alguma identificação inconsciente, pois li há muito tempo (antes do Jurassic Park) que as pessoas idosas sentiriam uma afinidade maior com espécies extintas, justamente por estarem elas próprias mais perto da extinção. Pode ser, pode ser...
Na hora já fiquei pensando em como usar esse jogo de palavras absolutamente genial. Talvez em alguma
historinha ou diálogo envolvendo três ursos polares, onde um deles comentaria com
o colega sobre a magreza do terceiro urso. E a sequência seria algo nessa linha:
- Ele está
magro assim porque em metade do tempo ele é vegano.
-Vegano? Um urso polar carnívoro, vegano?
-Esquenta não, ele sempre foi meio bipolar.
Bolada essa piada horrível, saí à procura de
imagens para montar a história, mas me dei mal. Vi a foto de um urso polar magérrimo,
provavelmente pela crescente dificuldade para obter seu alimento e pela redução
do gelo onde vive e caça, além de notícias sobre sua provável extinção em futuro não
muito distante justamente pelo degelo acelerado de seu habitat. Essa imagem me impactou muito, talvez por sempre me sentir meio urso, um urso hibernando. E ligeiramente bipolar.
E me lembrei da frase do WWF. Aí não teve
conserto, acabou a graça, acabou a piada. É assustador pensar que você pertence a uma espécie que é um tipo gigante de formiga cortadeira, um bando de gafanhotos anabolizados, uma super colônia de cupins hipertrofiados, que vai deixando a Terra arrasada, o solo, as águas e o ar cada vez mais poluídos e a fauna selvagem cada vez mais frágil, desprotegida e ameaçada de se transformar apenas em animais empalhados ou imagens de documentários antigos (como o lobo da tasmânia, por exemplo).
-Vegano? Um urso polar carnívoro, vegano?
-Esquenta não, ele sempre foi meio bipolar.
Quando a Terra atingir níveis insuportáveis
de calor, de poluição do meio ambiente, de superpopulação, de escassez de água
e de alimentos eu já estarei “dormindo
profundamente”, alheio ao desespero, à violência crescente, ao pega pra
capar generalizado, ao holocausto mundial de pessoas e animais, ao verdadeiro Apocalipse.
Mas, talvez algum de meus descendentes ainda vagueie pela Terra desejando nunca
ter nascido. E pensar em tudo isso me deixa muito triste, muito, muito triste.
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