Um dos quatro amigos virtuais identificáveis
do Blogson Crusoe fez o seguinte comentário:
“uma
coisa que sinto falta no seu blog é vc falar das obras que te influenciaram ao
longo da vida: filmes, músicas e livros que te empolgaram
acho que seus leitores gostariam de saber o que você considera fundamental da cultura popular ou erudita”.
acho que seus leitores gostariam de saber o que você considera fundamental da cultura popular ou erudita”.
Manda a boa educação que os amigos sejam
tratados com cortesia. Por isso resolvi atender ao pedido de meu amigo Scant
(esse é seu nome – ou codinome), e dar uma viajada por essa estrada, mesmo que
já tenha abordado o assunto em alguns posts. Bora lá.
LEITURA:
Graças a um pai falido e endividado, eu
morava na casa de minha avó. Para dar uma situada nessa história, transcreverei
trechos de um post publicado um mês após a criação do blog:
Até os
onze anos de idade, eu vivi em prisão domiciliar, mais ou menos como o José
Genoíno quando tentou dar o golpe do coração doente. No meu caso, era uma
prisão amorosa (mas, sempre prisão). Como moravam 14 pessoas na casa de minha
avó e só duas dessas eram crianças, eu era mais vigiado e monitorado que beijo
gay na novela das oito e tinha menos liberdade que os mensaleiros que estavam
presos na Papuda. Então, para sobreviver a isso, eu lia.
Como é?
Você brincava de queimada, pegador, bentialtas, jogava bola na rua? O que posso
dizer é que você está na minha faixa etária – e que eu já invejei muitas
crianças como você. E, por isso, eu lia.
Ah,
você também era preso, mas via televisão? Via o “Xou da Xuxa”? Lamento pelo
Xou, mas você, além de muito mais novo que eu, pelo menos tinha televisão. Na
casa de minha avó não havia televisão; se tivesse, de nada adiantaria, porque
até meus onze anos, não havia programação dirigida às crianças. Cara, como eu
lia!...
Eu lia
tudo o que passasse na reta: quase todos os fantásticos livros infantis do
Monteiro Lobato, revistas em quadrinhos, livros diversos comprados por meus
tios e tias, livros de fábulas, de história antiga, histórias em quadrinhos
publicadas diariamente n’O Globo, livros das coleções compradas por uma das
minhas tias, clássicos da literatura mundial, Almanaque do Biotônico Fontoura,
o escambau. Até peça de teatro (Romeu e Julieta) eu li.
Sentiu a barra? Então vamos a uma leitura
cronológica do que li. Depois de alfabetizado eu adorava ler as histórias
magníficas do Pato Donald criadas
pelo genial Carl Barks (nessa época eu não sabia disso). Com uns onze anos.mais
ou menos, comecei a ler os livros infantis do Monteiro Lobato, acabando por ler
99% deles. Nesse meio tempo eu continuava a encarar histórias em quadrinhos que
pintavam na reta. Uma coisa notável é o fato de nunca ter curtido muito
histórias de heróis ou super heróis. Meu negócio não era porrada, era humor ou
tudo que provocasse encantamento, que me fizesse "viajar". Exemplo:
histórias do mágico e hipnotizador Mandrake, do Príncipe Valente ou Tarzan.
O início da adolescência já me pegou lendo um
baú cheio de “Seleções do Reader’s Digest"
que um tio deixou ao se mudar para outra cidade. As primeiras revistas eram de
1942 e as últimas de 1958. Leitura cheia de textos de autoajuda, altamente
intoxicantes, diga-se. Li também alguns livros do Mark Twain (os dois melhores
foram relidos) e comecei a encarar os livros que uma das tias comprava para
decorar as estantes (essa é minha impressão!). Aí rolou de tudo, desde muita
literatura brasileira até grandes clássicos da literatura mundial. Uma dessas coleções tinha 50 livros de autores mega consagrados: Cervantes,
Camões, Hemingway, Dante, Boccaccio, Stendhal, Dickens, etc. Li alguns, mas confesso que não tinha maturidade para apreciar a maioria. Uma das coleções abrangia
grande parte da obra de Alexandre Dumas; li todos (uns vinte livros ou mais).
Voltando aos quadrinhos, no início da década
de 1970 a revista Grilo foi lançada
com a nata dos desenhistas e cartunistas do mundo. Tenho todos os números. Meu
irmão comprou os relançamentos das revistas do Stan Lee (Demolidor, Hulk, Capitão América, Namor, Quarteto Fantástico, Thor, Homem
Aranha, Homem de Ferro, etc.). Nessa época (1969 a 1971), comecei a comprar
todos os números do Pasquim.
Depois do casamento, a leitura tornou-se uma
atividade mais difícil, dificuldade acentuada depois pelo nascimento do
primeiro filho. Mesmo assim, continuei a consumir quadrinhos, mas sempre na
vertente do humor – Fradinhos do
Henfil, Chiclete com Banana (Angeli),
etc. Hoje, leio os livros que os filhos me dão de presente (só tenho ganho isso
ultimamente). Apenas peço que não sejam de ficção, pois já cansei.
MÚSICAS:
Esse tema foi exaustivamente tratado em dois
posts do início do blog. Os links são estes:
RESUMÃO:
Se eu fosse para algum lugar deserto (praia),
eu levaria:
Filmes do Charles Chaplin e Mel Brooks
Livros do Millôr Fernandes, Rubem Braga, Luís
Fernando Veríssimo, Pedro Nava e Vinícius de Moraes
Músicas do João Gilberto, Beatles, Jimi
Hendrix, B. B. King, George Gershwin e dos compositores americanos das décadas
de 1920 a 1945. A propósito, sugiro uma olhada nessa ótima performance do
pegador Rod Stewart (põe ótima
nisso!)
Acho que é isso.
Rapaz, eu também li quase todos os livros infantis do Monteiro Lobato, só não dei conta do Poço do Visconde, acho que, apesar de ser escrito para público infantil, acabou sendo muito técnico. Tenho a coleção completa até hoje, meio mofada e amarelada, mas a tenho. Acho que foi o Monteiro Lobato que fez com que eu gostasse mais de livros do que de gente.
ResponderExcluirAgora, me pergunte se meu filho, de 10 anos, se interessa por ler os livros? Porra nenhuma.
Encarei o Poço do Visconde e seus "sinclinais" e "anticlinais". Os únicos que não li foram os de fábulas reescritos por ele (não me lembro do nome). Agora, esse lance de leitura pode mudar com o tempo. Tenho um filho geninho que começou a ler com quatro anos. Depois, já com seus dez anos, parou de ler. Só queria jogos eletrônicos ou filmes. Eu ficava puto com isso e dizia que ele se transformara em analfabeto alfabetizado. O tempo passou e hoje ele lê pra cacete. Pode ser fase. Agora, se eu pudesse sugerir, eu indicaria A Chave do Tamanho, o Minotauro, os Doze Trabalhos de Hércules, por aí. E para terminar, imaginando que você não viu o clip do Rod Stewart, sugiro que veja até o final, pois o cenário é muito bom.
Excluirtambém li vários livros infantis do Monteiro Lobato: esses tinha em casa
ResponderExcluirpeguei vários livros de diferentes autores em uma biblioteca municipal que tinha perto da minha antiga casa
ler é uma arte esquecida hoje no brasil
" não tinha maturidade para apreciar a maioria." - chato não? aconteceu comigo e quando era mais novo e com mais tempo para ler. coisas da vida