terça-feira, 14 de janeiro de 2020

O POST DA CONCÓRDIA

Se alguém estranhou o título deste post, lembro que existe a expressão "o pomo da discórdia". Como na internet qualquer um pode ler sobre seu significado, não vou me preocupar em explicar o "pomo". Estou mais interessado no post. Só para lembrar uma das máximas (ou mínimas, como quiserem) deste blog, "resposta longa vira post". E tudo começa com a publicação no Blogson de uma frase extraída do site Sensacionalista ("um jornal isento de verdade") sobre a última pisada no tomate do ministro Weintraub (“Imprecionante”).

Primeiro, a frase engraçadíssima: “Após repetidas agressões, Português quer liminar que impeça Weintraub de se aproximar dele".

Post publicado, post comentado. Meu amigo virtual Ozymandias escreveu:
- “Piadas a parte, gosto bastante desse ministro”.

Surpreso com essas palavras, respondi:
- Confesso minha sincera ignorância sobre o que já fez de bacana no Ministério da Educação. Tudo o que conheço são suas gafes (cafta, etc.), que me fazem pensar ser ele a pessoa menos indicada para cuidar da Educação. Gostaria que você me ajudasse a mudar de opinião. Por que você gosta dele?

- “Não acompanhei a fundo o trabalho dos outros ministros (como boa parte da população), mas já dou a ele o mérito dele jogar luz sobre esse trabalho, e mesmo aos críticos do trabalho dele, toda linha que ele faz é justificada em suas redes. O ponto forte do ministro é justamente cortar privilégios e monopólios que estavam ai, e que ninguém se mobilizava pra fazer nada sobre, como as carteirinhas de meia-entrada, que agora os estudantes podem fazer pelo celular, sem pagar taxas, enquanto antes eram obrigados a pagar a uma determinada organização. Até isso, da postagem, não só aqui, como na própria VEJA, do cara escrevendo alguma palavra errada, a zombaria serve pra cobrir um acerto em sua função, que foi abrir centenas de bolsas para estudo federal aprofundado em segurança pública, algo que em parceria com o ministério da segurança”.

Diante desse comentário, não resisti e lasquei:
Meu caro Ozy (permita-me chamá-lo assim), eu não critiquei o trabalho do ministro, até porque nunca acompanhei o trabalho de nenhum ministro em nenhum governo (você poderá dar a isso o nome de "irresponsabilidade" e eu serei obrigado a concordar). O que me faz postar coisas iguais a este post é a irreverência. Já sofri tanto bullying na vida que descer o cacete em famosos que fazem, escrevem ou dizem coisas risíveis e/ou condenáveis não me causam nenhum incômodo nem tenho o menor problema com isso. O tropeço de um ministro da EDUCAÇÃO em sua própria língua é automaticamente uma piada pronta, pouco importando se ele faz ou não um bom trabalho, pois não é isso que está em foco. Lá no início do blog eu escrevi esta reflexão: ‘Se você criticar a atitude de alguém, sempre encontrará quem tente amenizar ou justificar o comportamento da pessoa criticada com fatos e argumentos que nada tem a ver com o objeto da crítica’. Parece que você também escorregou neste ponto.

Depois dessa estocada amiga, meu amigo Ozy respondeu de forma educada e cavalheiresca:
“Não considero uma escorregada, não fiz uma defesa apaixonada do ministro, a ferro e fogo, eu tiro o que fez aqui como um humor mesmo, algo saudável de se fazer com qualquer figura pública desde que o mundo é mundo, a minha crítica maior são aos que tem grandes veículos, e se utilizam desse artifício propositalmente, para querer abafar os acertos - que são obrigatórios, visto que é um funcionário pago por nossos impostos - de algum determinado ministério. Então, sim, nesse sentido, rio das piadas, mas ainda prefiro um ministro cometendo erros ortográficos e não morais e legais, do que algum emplumado como o Haddad, que foi ministro, e suas aventuras estão ai a olho nu, em qualquer rápida pesquisa, suas "realizações nesse período", que certamente não recebeu 10% da pressão da mídia que o atual tá recebendo”.

Bem, foi exatamente esse o teor de nossa troca de comentários no post “IMPRECIONANTE!”. Como queria me estender mais um pouco, encerrei o diálogo com um sintético “OK”, mas doido para criar um novo post. Provavelmente tomado pela surpresa, direis: “Para quê?”

Ora, meu caro Ozy, para deixar claro que concordo com todas ou quase todas as suas ponderações! Longe de mim criticar indiscriminadamente o trabalho dos ministros e do próprio presidente, pois sendo de centro-direita fico feliz com os pontos positivos e torço para que acertem cada vez mais. Mas nada me impede de criticar, ironizar ou desprezar as atitudes radicais e palavras ditas de forma impensada ou que indiquem ignorância ou muita falta de cultura de quem deveria tê-la, capisce?

E tem mais: o bom jornalismo nunca é chapa branca, nunca está automaticamente contra nem a favor de nada nem de ninguém. É bobagem imaginar que o bom jornalismo mascara ou abafa os bons resultados e as realizações. Fora o fato inquestionável de que ninguém nunca se interessou em comprar jornais e revistas que só publiquem notícias boas. Excluídos os apoiadores incondicionais de ideias, governos e líderes políticos, o que nós, humanos, gostamos mesmo de ler são notícias sobre desastres, tragédias, traições, fracassos e congêneres. Talvez Freud explique. Ou não.


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