O mal que acomete algumas pessoas com mania
de escrever abobrinhas é achar que tudo o que conseguem obrar nunca é nada menos que maravilhoso, engraçadíssimo ou mais
profundo que a Fossa das Marianas. Eu sou um desses caras. Por isso, sem nenhum
pudor, transcrevo uma reflexão jotabélica:
“Eu sou
do tempo em que "redes sociais" eram coisas de aldeia de pescadores, que todo
mundo ajudava a puxar na chegada dos barcos”.
Você, caro leitor, pode ter achado isso uma
merda, mas eu achei lindo. E adequado ao tema de hoje, que trata justamente de
redes sociais, ou melhor, das pessoas que as utilizam.
No meu caso, quando estou sem assunto (o que
frequentemente acontece), volto os olhos para o Facebook, única rede a me enredar. Para mim, o feicibuque tem sido
o alvo e a arma para o cérebro pensar novas piadas e coisas do tipo.
Honestamente falando, tem sido uma experiência quase tão interessante quanto o
Blogson, pela possibilidade de analisar e verificar o comportamento inesperado
de conhecidos.
O que parece acontecer é que essa rede cumpre
o papel dos bancos e cadeiras nas calçadas ao final do dia, quando o povo saia
para trocar as últimas maledicências, as dores nas costas, para ver a rua e
coisas do gênero. Lembro-me de uma família perto da casa de minha avó que fazia
exatamente isso. Essas pessoas não leem quase nada ou nada mesmo. E o Facebook
permitiu a elas esse contato com o mundo mágico das fake news, dos cachorrinhos e gatinhos fofinhos, e a leitura de
mensagens do Chico Xavier psicografadas por Santo Agostinho ou Platão, alguma
coisa assim.
Mas criou um “defeito colateral” inesperado: na falta do "olho no
olho", muitas máscaras caíram e a agressividade explodiu nos comentários e
“notícias” compartilhadas, graças ao
moralismo insuspeitado, ao preconceito, ao fundamentalismo religioso, à
caretice desgovernada e por aí. Além disso, o Facebook transformou-se no palco de uma "guerra de trincheiras" entre Esquerda e Direita. E tome tiro!
As “palavras de ordem” ao final de cada post então são um porre. Até já pensei em fazer uma lista para postar na própria rede, só para encher o saco. “Quem gostou compartilha”, “Seu dever de cidadão que ama seu país é repassar o quanto puder...”, "Se gostou, diga Amém”, etc. etc. Algumas são tão fodidas que sugerem uma "corrente do bem": "Faz um favor pra mim? ...envie esta msg para 9 amigos ou 3 grupos, Não ignore em 4 minutos você receberá uma notícia boa. Não custa enviar.....!”. Dá vontade de responder "Vá à puta que o pariu!"
As “palavras de ordem” ao final de cada post então são um porre. Até já pensei em fazer uma lista para postar na própria rede, só para encher o saco. “Quem gostou compartilha”, “Seu dever de cidadão que ama seu país é repassar o quanto puder...”, "Se gostou, diga Amém”, etc. etc. Algumas são tão fodidas que sugerem uma "corrente do bem": "Faz um favor pra mim? ...envie esta msg para 9 amigos ou 3 grupos, Não ignore em 4 minutos você receberá uma notícia boa. Não custa enviar.....!”. Dá vontade de responder "Vá à puta que o pariu!"
As fontes das “notícias” divulgadas são as mais
suspeitas e desconhecidas possíveis. O que têm em comum é a divulgação de
irrelevâncias, tratadas como se fossem da magnitude da construção do canal do
Panamá ou das viagens à Lua. E por serem notícias que não mereceriam uma linha
sequer na grande mídia, surgem comentários que parecem ter sido escritos por
criança birrenta ou invejosa da atenção dada pela mãe ao irmãozinho mais novo: “Essa notícia a Globo não mostra...”.
Numa boa,
depois de suportar durante um bom tempo essas babaquices, tomei uma decisão:
deixei de seguir dois terços de meus “amigos de Facebook”. E essa experiência saneadora
serviu para mais uma coisa: escrever novo post para o Blogson.
Nenhum comentário:
Postar um comentário