Durante a primeira vida do
Blogson, imaginei escrever um texto sobre o impacto do Medo em minha vida. Até
cheguei a pensar no nome - “Sob o Domínio do Medo” -, que seria uma descarada
cópia do título que deram no Brasil a um excelente filme estrelado pelo Dustin
Hoffman. Como resolvi matar o blog, descartei esse e outros temas que já tinha
começado a rascunhar.
Depois que o velho blog da
solidão ampliada ressuscitou, perdi definitivamente o
desejo de escrever sobre isso, apesar de minha vida ter sido integralmente
pautada, balizada e controlada pelo
Medo, ou melhor, pelos mais diferentes tipos de medo.
Ainda bem que desisti de
escrever sobre esse tema, pois descobri hoje um poema do Drummond que iluminaria
a indigência do meu texto e o ridículo da minha tentativa de viajar pelos
domínios dos meus próprios medos. Olhaí que beleza:
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Gostei.
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