sábado, 28 de outubro de 2017

CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Durante a primeira vida do Blogson, imaginei escrever um texto sobre o impacto do Medo em minha vida. Até cheguei a pensar no nome - “Sob o Domínio do Medo” -, que seria uma descarada cópia do título que deram no Brasil a um excelente filme estrelado pelo Dustin Hoffman. Como resolvi matar o blog, descartei esse e outros temas que já tinha começado a rascunhar.

Depois que o velho blog da solidão ampliada ressuscitou,  perdi definitivamente o desejo de escrever sobre isso, apesar de minha vida ter sido integralmente pautada, balizada e  controlada pelo Medo, ou melhor, pelos mais diferentes tipos de medo.

Ainda bem que desisti de escrever sobre esse tema, pois descobri hoje um poema do Drummond que iluminaria a indigência do meu texto e o ridículo da minha tentativa de viajar pelos domínios dos meus próprios medos. Olhaí que beleza:


Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

Um comentário:

ESTRELA DE BELÉM, ESTRELA DE BELÉM!

  Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...