terça-feira, 31 de janeiro de 2017

YOU GOT TO KNOW HOW - SIPPIE WALLACE

Fico impressionado como as letras das músicas de funk cantadas por mulheres estão cada vez mais abusadas. Olha só:

Ele pode ser seu cachorro, mas ele está usando minha coleira
Estou te dando um toque
Ele pode ser seu cachorro, mas é comigo que ele vai seguir
Quando ele quiser um bom exercício...

Olha a letra de outra funkeira:
Garota, seja prudente, mantenha sua boca fechada, não anuncie seu homem
Não fique sentada tagarelando, contando o que ele realmente pode fazer
Algumas mulheres hoje em dia, oh Deus, não são boas
Elas vão rir na sua cara e tentar roubar o seu homem de você
Mulher, seja prudente, mantenha sua boca fechada, não anuncie seu homem

Da mesma funkeira:
Você pode fazer comigo o que você quiser
Mas você tem que saber como,
Você pode me fazer chorar, você pode me fazer suspirar,
Mas você tem que saber como,
Você pode fazer comigo desse jeito, você pode fazer daquele outro, 
Woh, Baby, mas você tem que saber como.

Está na cara que isso nunca foi letra de funk, é apenas uma brincadeira para criar um suspensezinho. Na verdade, os trechos acima são traduções livres de músicas interpretadas por cantoras americanas de jazz e blues da década de 1920 em diante.

Há muitos anos, comprei três vinis duplos de blues com vários intérpretes, que tinham por título “Atlantic Blues”. Um era dedicado aos guitarristas, o outro trazia os cantores e o terceiro era de pianistas. Havia ainda um dedicado só ao blues de Chicago, mas resolvi não comprar. No disco dos intérpretes vocais havia uma música com aquele jeitão de muito antiga, cantada por uma desconhecidíssima Sippie Wallace, mas foi a que mais me atraiu.

Outro dia, lembrando-me disso, procurei no Youtube e achei algumas gravações antigas e até apresentações ao vivo, com ela já mais velha. Nas sugestões que ficam na lateral direita encontrei a “música da coleira”. Achei o título divertidíssimo e comecei a buscar as letras das duas músicas. Ao jogá-las no Google Tradutor, percebi a fortíssima conotação sexual e gostei mais ainda. Aí resolvi fazer um post, contando essa história e disponibilizando os links correspondentes.

O primeiro trecho foi extraído de uma música interpretada por Rosa Henderson, cantora de jazz e blues, (24/11/1896 – 06/04/1968):

He May Be Your Dog But He's Wearing My Collar
He may be your dog but he’s wearing my collar
I’m putting you right
He may be your dog but it’s me he’ll follow
when he wants good exercise...



O segundo e terceiro trecho foram originalmente tirados da cantora (e pianista) que motivou este post: Sippie Wallace (01/11/1898 – 01/11/1986). Infelizmente, o vídeo correspondente ao título do post, interpretado pela própria Sippie Wallace, foi retirado do Youtube. Aí fui obrigado a substituí-lo por um da Bonnie Raitt (excelente também), ao vivo. Coincidentemente, um vídeo de J.B. Music, sinal inequívoco de bom gosto. Olhaí:

 Women Be Wise
Women be wise, keep your mouth shut, don't advertise your man
Don't sit around gossiping, explaining what your good man really can do
Some women nowadays, Lord they ain't no good
They will laugh in your face, Then try to steal your man from you
Women be wise, keep your mouth shut, don't advertise your man



You Got To Know How
You can make me do what you wanna do
But you got to know how,
You can make me cry, you can make me sigh,
But you got to know how,
You can make me do like this, you can make me do like that,
Woh, baby, but you got to know how.





2 comentários:

  1. Me impressiona que as tais funkeiras conheçam obras de tal qualidade e calibre.

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  2. Essa era a piada pois isso não é letra de funk nem elas eram funkeiras. A Sippie Wallace foi organista de igreja por uns trinta anos, segundo a Wikipédia. O que acho interessante é o fato de tais letras terem sido criadas por volta de 1920 e poucos (minha mãe nasceu em 1922). Creio que o establishment americano não podava talvez por nem saber disso, nem se importar com isso.

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TEMAS QUE NÃO PRETENDO AMPLIAR

  Alguns pensamentos meio caóticos ou delirantes têm invadido minha mente. Se fosse outro o tempo, ficaria divagando e escrevendo abobrinhas...