A vantagem de ter nascido em 1950 (se isso
pode ser realmente chamado de “vantagem”) é não ter sido submetido na juventude
à tortura mental de ouvir funk e sertanejo em todas as suas variantes.
A melhor fase da minha vida aconteceu entre
os anos de 1969 e 1990, quando eu era um jovem adulto (ou adulto jovem), época
em que eu conheci e me casei com o Amor de minha vida, anos em que eu vivi a
experiência intransferível, indescritível de me tornar pai de quatro das
melhores e mais inteligentes pessoas que eu tive a sorte e a oportunidade de
conhecer. Foi também uma época de muita autoindulgência, época em que ainda
acreditava em mim.
Pois bem, nessa fase - que eu poderia chamar
de "dourada" -, eu ouvia rock, quase que só rock. Ouvia também o pessoal do Clube
da Esquina e começava a me interessar por blues. Comprava discos de vinil de
forma cada vez mais moderada, mas continuava com a mania elitista (não só em
relação à música) de descobrir novidades que ninguém mais (ou só os
"iniciados") conhecia.
Caso, por exemplo, do disco “Sociedade da
Grã-Ordem Kavernista” do Raul Seixas, que, em entrevista dada ao
Pasquim, disse ter vendido apenas 500 unidades no lançamento, fato que teria
provocado uma reação da matriz americana. Pois bem, eu achei esse disco em uma
banca de saldos! Tempos depois, quando o “Maluco
Beleza” já era famoso, relançaram esse e até o disco gravado por “Raulzito e os Panteras” (que não me
interessou).
Nessa busca pelo exclusivo, pelo raro e pelo
pouco conhecido, encontrei o disco "Lisztomania",
trilha sonora do filme de mesmo nome que, até onde sei, nunca passou nos
cinemas comerciais do país (em Beagá não passou). Como não tem sentido falar de
um filme que nunca assisti, limito-me apenas a fazer um breve comentário do
disco. Foi produzido e interpretado por Rick Wakeman e orquestra, sendo a
maioria das músicas composta por Franz Liszt (que coincidência!), considerado o primeiro pop-star da história, pois suas apresentações provocavam histeria e
chiliques nas plateias, com fãs disputando souvenirs do ídolo (daí o nome
"Lisztomania"). E ele, que era
pegador, talvez um pegador à moda antiga, devia aproveitar.
Pois bem, nunca curti muito as músicas do
disco (por serem muito eruditas para um caipira como eu), exceção feita a duas faixas interpretadas pelo
Roger Daltrey, da banda The Who, talvez por já conhecê-las de
algum casamento ou coisa parecida. Na verdade, essas faixas têm a mesma melodia
e duas letras diferentes, ambas escritas pelo vocalista do Who.
Para quem nunca ouviu, apresento três versões
dessa música (que é lindíssima): as duas do Roger Daltrey (uma delas cantada em
estilo rock) e uma versão orquestral. Espero que gostem.
Franz Liszt - Liebestraum
- Love Dream
"Love's Dream"
(Liszt/ lyrics: Roger Daltrey)
"Peace At Last" (Liszt/ lyrics:
Jonathan Benson, Daltrey)
Quatro filhos? Pããããta..... trabalhou bem, hein, JB?
ResponderExcluirGostei especialmente dessa frase : Foi também uma época de muita autoindulgência, época em que ainda acreditava em mim.
Os melhores tempos de nossas vidas, acho que, são esses, em que ainda acreditamos em nós.
Eu tenho esse vinil da Sociedade da Grã-Ordem Kavernista. E fez bem em não se interessar por Raulzito e seus Panteras, também comprei-o à época, e é uma merda.
Agora, Franz Liszt.... porra!!!! é muita erudição para mim!!!
Você gostou da frase porque eu sou seu "instrutor de velhice", pois antecipo o que você sentirá (creio que já está sentindo) depois dos cinquenta. Quanto ao Liszt, é muita erudição para mim também. As únicas faixas de que gostei no vinil são as de que descolei os links. E uma delas tem uma batida rock bem legal.
Excluir