Encontrei no portal G1, no blog da jornalista Mariza Tavares um texto de que transcrevo uma parte. Para quem já leu alguma coisa sobre o mesmo tema no velho Blogson, não preciso explicar mais nada. Olhaí.
Dono de uma escrita afiada, o inglês Martin Amis narra as agruras do envelhecimento no parcialmente autobiográfico “A viúva grávida”. O livro é dedicado a revisitar seu passado e as experiências durante a revolução sexual, no início dos anos de 1970. Keith é o alter ego de Amis e integra um grupo de jovens intelectuais de férias num castelo na Itália. Daquela temporada inebriante, ele constata, pouco sobrou: os libertários da época optaram pelo pragmatismo e estão mergulhados na frustração. A fina ironia de Amis apresenta o envelhecimento como uma sucessão de perdas, mas sem abrir mão do humor, como mostra esse trecho:
“A meio dos quarenta temos a nossa primeira crise de mortalidade (a morte não vai me ignorar); e dez anos depois temos a nossa primeira crise de idade (meu corpo sussurra que a morte já está de olho em mim). Mas entre uma coisa e outra sucede algo de muito interessante. Quando se aproxima o 50º. aniversário, temos a sensação de que a nossa vida está a se desfazer. (...) Depois os cinquenta vêm e vão, e os 51 e os 52. E a vida torna a ganhar espessura. Porque há agora uma enorme e insuspeita presença no nosso ser, como se fosse um continente por descobrir. É o passado.”
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