quarta-feira, 18 de novembro de 2015

SOLTANDO O VERBO

Acho que já disse isso antes de outra forma, mas não tenho certeza. Como gente velha é muito repetitiva, vou correr o risco. Aliás, velho não gosta muito de correr riscos, velho gosta mesmo é de andar (duh!).

Não sei ao certo o que me move quando escrevo alguma coisa. No início, ou melhor, depois dos cinquenta, a minha inquietação fez com que eu divagasse sobre minhas dúvidas, minhas angústias, meu medo da morte. O tempo rolou e eu passei a viajar menos na maionese, mas cismei de fazer piadinhas e contar lembranças, causos. No início, torturando apenas meus filhos, expandindo depois para suas namoradas e esposas, amigos, sobrinhos, irmã, colegas.

Aí a coisa ficou meio compulsiva, com o envio maciço de bobagens e trocadilhos ridículos. Acredito que isso se deva a uma forma branda de TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo. Não importa. O fato é que demonstrei ser um mala, uma mala sem alça e sem classe, da feira de domingo da Afonso Pena, do Paraguai. Se ainda fosse uma legítima Louis Vuitton...

Falando sério, eu já fiquei chateado ao me dar conta que expus meus filhos ao constrangimento de ver seus amigos e amores descobrir que o pai deles é um sujeito bobo, vulgar, infantilizado, um velho sem noção, teimando em comportar-se como um jovem sem noção. Péssimo.

Creio que por uma vontade doentia de aparecer e de ser "engraçado", eu sempre acabo resvalando para a pura babaquice. Alguém pode (talvez) dizer que este texto é movido por uma baixa autoestima. Para que a verdade se estabeleça, entretanto, eu preciso dizer que meu comportamento paranoide e vulgar, esse sim, é fruto de baixa autoestima e insegurança.

Se eu fosse bom e legal, divertido e espirituoso, eu não precisaria obrigar as pessoas a ver essas qualidades (claro, se elas existissem realmente). Agindo de outra forma, eu sempre acabarei comportando-me como um imbecil que talvez apenas constranja e envergonhe seus familiares.


5 comentários:

  1. É... parece que você tá meio pra baixo mesmo. Constrangimento aos seus pelo que você escreve? De forma alguma. Muito pelo contrário.
    A não ser, é claro, que você comece a andar pelas ruas de BH trajando um vistoso bermudão.

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  2. "Quer moleza? Então, senta no pudim". Pode parar com a crise e suspender o remédio JB porque sinto dizer que o seu diagnóstico não passa de excesso de lucidez. Não é nada contagioso, porém infelizmente o prognóstico é de que você vai continuar a conviver com ela por muito e muito tempo ainda, pra sorte dos seus leitores e azar o seu.
    "J"

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    1. A resposta é coletiva e o agradecimento também. Este post foi motivado por um diálogo muito idiota que escrevi. Aí fiquei pensando o que minhas noras pensariam de mim, pois é mais vulgar que o normal. Eu gosto de escrever asneiras, putarias e me divirto com isso, mas tento não constranger minha família. Não quero que eles sintam-se como se tivessem me visto sentado no vaso sanitário. Esse é o mote do texto. Mas estou bem.

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FOLHA DE PAPEL

  De repente, sem aviso nenhum, nenhum indício, nenhum sinal, você se sente prensado, achatado, bidimensional como uma folha de papel. E aí....