Quando releio o que já postei nas seções
“Papo Cabeça” e “Falando Sério” às vezes eu acho que sou o campeão das
reflexões óbvias e sem originalidade ou profundidade, porque boa parte do que
já escrevi enquadra-se tranquilamente no estilo “acaciano”. O que me consola um pouco nessa história é que não usei a técnica copia/ cola; tudo o que divulguei saiu
(talvez fosse melhor dizer escorreu) da minha cabeça.
Este texto é mais um desses. Não tem nada de novo, original ou brilhante. É só um texto sério com a qualidade Jotabê – bobo, descartável e sem graça.
Às vezes eu vejo
pessoas lamentando que o Brasil, um país tão “cheio de recursos naturais”
esteja sempre em situação de vulnerabilidade econômica ou social – e elas têm
razão. Este é mesmo um país de imensos recursos naturais, mas nem parece que é
assim. Outro dia, depois de ouvir mais uma cantilena (antiga essa, não?), mais
uma choramingada desse tipo, fiquei pensando que não há nada de anormal nessa
situação.
Quando chegou a época do vestibular, sabia
que minha única opção era ser aprovado na UFMG, pois meu pai não tinha condição
de pagar uma faculdade particular para mim. Mesmo assim, comecei a estudar de
forma meio displicente. Uma desilusão amorosa (término de namoro) fez com que
eu mudasse a forma de encarar o desafio. Passei a estudar muito, ao ponto de
estudar até em pleno sábado à noite.
O resultado disso foi obter ótima
classificação no primeiro vestibular unificado da Universidade Federal de Minas
Gerais. Passar bastante bem classificado poderia indicar um futuro profissional
tranquilo e de sucesso. Para isso, bastaria que eu continuasse estudando normalmente, em um ritmo
pelo menos igual a 60% do adotado para entrar na faculdade.
Infelizmente, isso não aconteceu. Falta de maturidade, displicência e irresponsabilidade
gigantesca fizeram que eu me formasse em um dos últimos lugares. O reflexo
disso foi uma permanente insegurança que me acompanhou durante toda a vida
profissional.
Praticamente recém-formado, ouvi do dono da
empresa de onde estava sendo demitido que tinha “muito potencial”, pois era inteligente, etc. Trinta anos depois,
ouvi o mesmo comentário enquanto era comunicado de minha transferência para outro
setor da empresa (para onde eu não queria ir!).
Aparentemente, “potencial” é uma coisa que nunca me faltou. O diferencial é a forma
como “usei” esse potencial.
A mesma coisa acontece com os “recursos
naturais” do país. De nada adianta sua abundância se não há um aproveitamento
decente para eles.
Tal como aconteceu comigo, falta planejamento
integrado e de longo prazo (estudo), falta bom senso aos governantes e
políticos (maturidade) e sobra corrupção, empreguismo e falta de foco
(irresponsabilidade).
Com potencial para ser “o país do futuro”, o Brasil permanecerá “deitado eternamente” enquanto privilegiar soluções provisórias ou
equivocadas, do tipo “tabelamento de
preços”, “pedaladas fiscais” e
outras gracinhas.
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