quarta-feira, 18 de novembro de 2015

BERÇO ESPLÊNDIDO

Quando releio o que já postei nas seções “Papo Cabeça” e “Falando Sério” às vezes eu acho que sou o campeão das reflexões óbvias e sem originalidade ou profundidade, porque boa parte do que já escrevi enquadra-se tranquilamente no estilo “acaciano”. O que me consola um pouco nessa história é que não usei a técnica copia/ cola; tudo o que divulguei saiu (talvez fosse melhor dizer escorreu) da minha cabeça.

Este texto é mais um desses. Não tem nada de novo, original ou brilhante. É só um texto sério com a qualidade Jotabê  bobo, descartável e sem graça.


Às vezes eu vejo pessoas lamentando que o Brasil, um país tão “cheio de recursos naturais” esteja sempre em situação de vulnerabilidade econômica ou social – e elas têm razão. Este é mesmo um país de imensos recursos naturais, mas nem parece que é assim. Outro dia, depois de ouvir mais uma cantilena (antiga essa, não?), mais uma choramingada desse tipo, fiquei pensando que não há nada de anormal nessa situação.

Quando chegou a época do vestibular, sabia que minha única opção era ser aprovado na UFMG, pois meu pai não tinha condição de pagar uma faculdade particular para mim. Mesmo assim, comecei a estudar de forma meio displicente. Uma desilusão amorosa (término de namoro) fez com que eu mudasse a forma de encarar o desafio. Passei a estudar muito, ao ponto de estudar até em pleno sábado à noite.

O resultado disso foi obter ótima classificação no primeiro vestibular unificado da Universidade Federal de Minas Gerais. Passar bastante bem classificado poderia indicar um futuro profissional tranquilo e de sucesso. Para isso, bastaria que eu continuasse estudando normalmente, em um ritmo pelo menos igual a 60% do adotado para entrar na faculdade.

Infelizmente, isso não aconteceu. Falta de maturidade, displicência e irresponsabilidade gigantesca fizeram que eu me formasse em um dos últimos lugares. O reflexo disso foi uma permanente insegurança que me acompanhou durante toda a vida profissional.

Praticamente recém-formado, ouvi do dono da empresa de onde estava sendo demitido que tinha “muito potencial”, pois era inteligente, etc. Trinta anos depois, ouvi o mesmo comentário enquanto era comunicado de minha transferência para outro setor da empresa (para onde eu não queria ir!).

Aparentemente, “potencial” é uma coisa que nunca me faltou. O diferencial é a forma como “usei” esse potencial.

A mesma coisa acontece com os “recursos naturais” do país. De nada adianta sua abundância se não há um aproveitamento decente para eles.

Tal como aconteceu comigo, falta planejamento integrado e de longo prazo (estudo), falta bom senso aos governantes e políticos (maturidade) e sobra corrupção, empreguismo e falta de foco (irresponsabilidade).

Com potencial para ser “o país do futuro”, o Brasil permanecerá “deitado eternamente” enquanto privilegiar soluções provisórias ou equivocadas, do tipo “tabelamento de preços”, “pedaladas fiscais” e outras gracinhas. 

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