domingo, 18 de outubro de 2015

VOCÊ ESTÁ FORA DO AQUÁRIO?

Como está quente pra cacete, resolvi divulgar esta gororoba que acabei de escrever. Foda-se a sexta-feira!

Há muito tempo, eu vi na televisão um filme muito interessante sobre uma mulher que resolve se matar. Não me lembro do título em português, mas o original é 'night, Mother, tendo Sissy Spacek como protagonista e Anne Bancroft fazendo o papel de sua mãe.

É um filme curioso e denso, pois mostra as horas que antecedem o suicídio da personagem. Sem muita enrolação, é a história de uma mulher que comunica essa decisão enquanto limpa a casa, organiza suas coisas e, principalmente, orienta a mãe sobre como proceder depois que ela se trancar no quarto para se matar. A velha parece ser meio ingênua, usa aquelas roupas folgadonas de “mãe que não sai de casa” e tenta, sem sucesso, convencer a filha a mudar de ideia.

Depois que a filha se tranca no quarto, a mãe começa a seguir as instruções recebidas: começa a lavar vasilhas, liga o rádio e deixa o som alto, coisas assim, até ouvir o tiro. Só então liga para a polícia. Quem nunca assistiu, procure ver, vale a pena.

Esse filme causou-me a impressão de que, naquele momento, mãe e filha estavam como se existissem em ambientes distintos, algo assim como um peixe dentro de um aquário público, indiferente e imune à pessoa que o observa do lado de fora. E é aí que eu queria chegar: imunidade e indiferença.

Os políticos em Brasília movem-se como se estivessem dentro de um aquário, fazem conchavos, acordos, negociatas e todo tipo de putaria para rifar ou passar o rodo nesse ou naquele político, para preservar e manter aquele outro ou uma determinada visão ideológica, como se ninguém os estivesse vendo “nadar”.

E mesmo que estejam sendo vistos não ligam a mínima para nós mamíferos, pois têm respiração branquial, tiram seu oxigênio da água, uma água cada vez mais suja, turva e poluída. Mas, é como disse pragmaticamente uma vez o diretor de uma empresa onde trabalhei: - “água turva é que tem peixe graúdo”.

Pensando nessas coisas, tirei algumas frases que encontrei nos sites de vários órgãos de imprensa. Fala sério: esse pessoal de Brasília e São Bernardo vive ou não vive em um aquário (ou redoma)? Olhaí:

Por apoio no Congresso, governo vai liberar R$ 700 mi em emendas

A degeneração da política chegou a tal ponto que declarações, negociações e acordões que deveriam provocar repulsa são feitos à luz do dia

Na ânsia de salvar seus mandatos, a presidente da República e o presidente da Câmara costuram um acerto que ficará na história das práticas políticas condenáveis. Mas o conchavo pode acabar em típico abraço de afogados

Juntos, PT e PSDB se afundam na lama de Cunha

Levy deve sair se não quiser mudar a política econômica

Escalada da Lava Jato preocupa Lula

Dilma se reúne com Lula e ministros no Alvorada para tratar da articulação política




Um comentário:

  1. Como diria Bocage, essa é a típica situação onde a emenda sai pior que o soneto. E vou te contar JB como causídica nunca entendi que diabos nosso Congresso (na contramão dos demais) tanto remenda, na minha imaginação infantil não passam mesmo de aranhas tecendo e destecendo. Sobre o filme, em português ganhou o título de Noite de Desamor, segue o link http://cinecultzfilmesonline.blogspot.com.br/2015/10/noite-de-desamor-1986.html
    E só pra constar, adorei o "foda-se para a sexta-feira" (risos)
    "J"

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MARCADORES DE UMA ÉPOCA - 4