Acredito
que 99,9 % dos leitores deste blog são mais novos que eu – o que não é nada
difícil, pois eu sou um feliz “morador” da melhor idade (ah, hipocrisia!).
Então, não importa se têm trinta, vinte ou dez anos menos que eu. Para mim, são
jovens.
Eu
escrevi recentemente que não estava mais interessado em falar sobre velhice,
essas coisas. Mas, às vezes, a mente dá um solavanco e é preciso por ordem na
casa. Por isso, resolvi azedar o fígado, estragar o almoço, jogar farofa no
ventilador (se quiserem, podem trocar a farofa por produto de preferência de
cada um). E a melhor forma de alcançar esse objetivo é dar conselhos, porque
ninguém suporta receber o que não pediu. Mas não quero nem saber.
Por
isso, Jovem, o que posso, o que preciso te sugerir é que aproveite muito sua
juventude, que se divirta, que se apaixone por mil mulheres (ou mil vezes pela
mesma mulher), que viva plenamente, mas sem colocar sua saúde e integridade
física em risco. Por exemplo, tente proteger seus pulmões, preservar o seu
fígado, resguardar as mucosas nasais. Porque, não importa se hoje você fuma, bebe
ou cheira (parece slogan criado para o Gabeira), você de alguma forma, em algum
momento lamentará ter dado esse vacilo.
Para
ajudar, vou abrir a caixa de pandores da velhice para você (gostou dessa,
Marreta?): o futuro que te aguarda, meu amigo, não é nada róseo; é cinzento,
enfumaçado e quente pra caralho. Por isso, trate bem o seu corpo. É sério isso!
Porque,
como disse a Marina Lima, “só vou te contar um segredo”: as descobertas e
novidades da infância e da juventude surpreendem, alegram, fascinam, encantam ou
excitam. Na velhice, entretanto, as novidades e descobertas que restaram apenas
deprimem, irritam, angustiam, entristecem ou causam medo. E não há Pandora que
consiga consertar isso.
Lembrou-me dois poemas A velhice e As velhas árvores do Bilac.
ResponderExcluir"J"
Pandores...claro que gostei.
ResponderExcluirMas discordo de você em um ponto : uma Pandorinha bem que pode consertar isso sim, ou pelo menos tornar mais tolerável. Agora, quem é que tem a coragem de abrir a caixa, a boceta (que é uma pequena caixa) de Pandora? Eu é que não, tô velho pra isso.
Você é insuperável nos trocadilhos.
Você me fez lembrar de um ex-colega, viciado em cheirar rapé (rapé mesmo). Às vezes ele falava - "deixa eu pegar minha bocetinha". Parou de cheira porque o coração estava dando piripaque.
Excluir