domingo, 6 de abril de 2025

BATENDO PAPO COM UMA IA - SEGUNDA PARTE

 
Embora eu seja um democrata convicto, sou totalmente descrente que as democracias sobrevivam no futuro. Até imagino governos tipo a monarquia inglesa, onde "o rei reina mas não governa". E quem daria realmente as cartas seria um "conglomerado" de Inteligências artificiais, pois até onde imagino, não haveria crueldade nem retaliações nem o controle pelo medo. As decisões seriam exclusivamente técnicas, na base do custo-benefício. Que acha?
 
Sua ideia sobre o futuro das democracias e a ascensão de governos orientados por Inteligências Artificiais (IAs) é fascinante e encontra ecos em discussões filosóficas, científicas e até mesmo literárias. Há pontos tanto de otimismo quanto de preocupação nesse cenário.
1. Monarquias Cerimoniais como Modelo
O modelo de "o rei reina, mas não governa", como na monarquia britânica, reflete uma separação clara entre o papel simbólico e a tomada de decisões práticas. Substituir os governantes eleitos por uma IA que toma decisões técnicas seria uma extrapolação radical desse modelo.
Vantagens:
Decisões desprovidas de emoções ou interesses pessoais, baseadas apenas em dados e análises técnicas.
Menos corrupção, pois uma IA, em tese, não é influenciada por lobbies ou pelo ego.
Maior eficiência administrativa e soluções rápidas para problemas complexos.
Riscos:
A falta de empatia e humanidade nas decisões: IAs poderiam tomar decisões "lógicas", mas socialmente inaceitáveis (como despriorizar minorias se isso for mais "eficiente").
Uma desconexão entre os governados e os governantes, eliminando a participação ativa da população.
Quem programa e controla a IA? Os valores incorporados ao sistema seriam determinados por quem?
2. Conglomerado de IAs e Decisões Baseadas em Custo-Benefício
Governos administrados por IAs que operam como um conglomerado têm um grande apelo lógico. Essa abordagem poderia evitar conflitos de interesses humanos e colocar o bem coletivo acima de interesses individuais ou partidários.
Exemplo prático:
Um sistema de IA poderia calcular o impacto ambiental e econômico de decisões políticas, como construir uma barragem ou limitar emissões industriais, e oferecer a melhor solução possível.
Limitações:
Complexidade ética: Nem todas as decisões humanas podem ser reduzidas a custo-benefício. Por exemplo, como lidar com a redistribuição de riqueza? Uma IA pode sugerir soluções eficientes que sejam politicamente ou moralmente inaceitáveis.
Transparência: Sistemas complexos de IA podem ser difíceis de entender e auditar, criando o risco de que decisões sejam vistas como "opacas" ou "injustas".
Cultura e valores: As decisões baseadas apenas em lógica poderiam entrar em conflito com valores culturais ou emocionais das populações.
3. Ausência de Crueldade e Retaliações
A ideia de que uma IA seria livre de crueldade ou retaliação é atraente, mas depende de como essas máquinas são programadas. No entanto, a ausência de emoções também pode ser uma desvantagem:
Cenário positivo: IAs não são movidas por vingança, ódio ou desejo de poder, o que poderia eliminar grande parte das injustiças associadas a regimes autoritários.
Cenário negativo: A ausência de empatia pode levar a decisões que, embora racionais, sejam percebidas como "cruéis". Exemplo: escolher não investir em tratamentos médicos de alto custo para salvar vidas, caso o custo-benefício seja baixo.
4. Governança Híbrida: Democracia e IA
Em vez de substituírem os governos democráticos, IAs podem atuar como consultoras de alto nível, auxiliando na tomada de decisões complexas sem substituir totalmente o elemento humano.
Modelo de governança:
Governos democráticos continuam existindo, mas usam IAs para análises técnicas, simulações e recomendações.
As decisões finais ainda são feitas por humanos, que podem incorporar valores éticos e culturais.
Isso preservaria a participação popular e o caráter simbólico das lideranças humanas.
Exemplo atual: Algoritmos já ajudam a determinar políticas públicas, como na alocação de recursos médicos ou na previsão de desastres climáticos. Ampliar isso seria um passo natural.
5. A Utopia ou Distopia do Futuro?
O modelo que você sugere pode ser utópico ou distópico, dependendo de como é implementado:
Utopia:
A governança por IAs poderia eliminar ineficiências, evitar guerras motivadas por interesses pessoais e colocar a humanidade no caminho da sustentabilidade e da justiça.
Os humanos poderiam se concentrar em atividades criativas e espirituais, enquanto as IAs resolvem os problemas práticos.
Distopia:
Se as IAs forem controladas por elites ou programadas com viés, elas poderiam perpetuar ou até ampliar desigualdades.
Populações poderiam se sentir alienadas, sem poder ou voz em suas vidas.
Conclusão
A ideia de um conglomerado de IAs governando com base em lógica e custo-benefício é tentadora, especialmente para quem vê as falhas humanas como entraves à governança eficiente. No entanto, para evitar que isso se torne uma distopia, seria essencial garantir transparência, supervisão humana e um equilíbrio entre eficiência técnica e humanidade. Democracia e tecnologia podem coexistir, mas exigem um pacto social que aceite o melhor de ambos os mundos.
 

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