quarta-feira, 14 de junho de 2023

O CANTO DAS SEREIAS

 
Estava eu posto em desassossego, com os ouvidos cada vez mais moucos quando, apesar da surdez progressiva, ouvi o canto das sereias. Como sabem muitos alfabetizados funcionais, as sereias - ao contrário do cavalão, que é um mito ilógico - eram seres mitológicos, metade o busto de uma deusa maia, metade um grande rabo de baleia, seres que enfeitiçavam os marinheiros daqueles navios mequetrefes que sangravam o mar oceano em busca de riquezas. Enlouquecidos, os mareantes deixavam os navios se arrebentar nos rochedos, só pensando em comer aqueles rabos.
 
Mas o canto das sereias que ouvi é uma versão moderna e mal acabada dessa bela história, pois veio em forma de mensagens. Por isso, não ouvi, apenas li. Ainda bem, pois esse canto deve ser horrível e muito desafinado. Mesmo assim fiquei seduzido.

Mas é dureza ter de admitir que as sirenes dos tempos modernos, além da Pequena Sereia e do uóuóuó das viaturas policiais, são dois sereios (ou tritões), marmanjos mal ajambrados – o intrépido e macho das antigas Marreta do Azarão e meu sobrinho Rafael, que é mais que espada, é espadachim. Então, devo mesmo estar com Alzheimer para prestar atenção no que esses dois disseram! Mas preciso deixar registrado para as futuras degenerações que nunca me senti atraído por rabo de homem nenhum. Para ser sincero, com tanta gostosa se ondeando por aí vou me preocupar com rabo de sereio? É ruim!
 
Pondo de novo o bonde nos trilhos, primeiro, tendo alguma música do Raul ao fundo, o Marreta silvou amistosamente: É só uma sugestão. Já que você vem fazendo postagens inéditas com uma certa frequência, por que não voltar ao Blogson?
 
Tentei reagir respondendo que a razão principal é que eu tenho um mínimo de vergonha na cara. Eu disse que nunca mais postaria nada no Blogson e seria uma calhordice inimaginável se eu recomeçasse a postar coisas no Blogson. E, falando a verdade, provavelmente a única coisa que sairia seriam as críticas ao Lula e ao Bozo.
 
Aí a segunda sereia sibilou: Mesmo você tendo falado que não ia postar mais no Blogson, isso não te impede de voltar a postar. Que eu saiba, você não assinou nenhum contrato com você mesmo de nunca mais postar. Tem uma história engraçada envolvendo o Sean Connery, que fez o primeiro James Bond (o David Niven já tinha feito papel dele em um filme meio estranho e um ator americano também já tinha feito em um programa de televisão, mas o do Sean Connery é considerado o primeiro Bond "oficial"). Ele não gostava do personagem e quando largou o papel, disse que nunca mais faria outro filme dele. Pois bem, em 1983, ele fez de novo papel do Bond e o título do filme era "Never Say Never Again", que é literalmente "Nunca Diga Nunca Novamente" (aqui no Brasil virou "Nunca Mais Outra Vez").
 
E eu que já estava intoxicado por uma porção dupla de leite com toddy, sucumbi a essa argumentação cinematográfica, joguei para o alto o resto de amor-próprio que ainda tinha, varri para debaixo do tapete a vergonha na cara que possuía e resolvi voltar. Sereio matusalém da blogosfera, emitindo meu próprio canto para ver se seduzo os leitores a comprar meus e-books. Mas mudanças acontecerão. E só serão conhecidas no próchimo post. 

 


2 comentários:

  1. Rapaz, eu sou é Tritão!!!! Nos seres mares, o Marreta é conhecido como o Tridente do Tritão.

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    1. Captei vossa associação, caro mestre! Marreta no ar, tridente no mar. Um pulveriza, outro perfura. Boa imagem. Mas continua a existir o problema do seu rabo. É usado? Não é? Por favor, poupe-me dos detalhes sórdidos!

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