domingo, 18 de junho de 2023

O RISO DO PALHAÇO

  

Hoje eu vou recontar uma história muitas vezes já contada. Era uma vez... Não, isto não é um conto de fadas, menos ainda um conto de fodas, pois é apenas a história de um sujeito que às vezes se sente como se tivesse sido atropelado pela Vida ou, mais provavelmente, que tivesse atropelado a própria vida. Esse alguém sou eu, um cara que acabou de completar setenta e três aninhos e que até hoje padece de insegurança, carência afetiva e arrependimento pelas burradas que fez e pelos acertos que deixou de fazer.
 
Esse cara, por sugestão de dois filhos, criou um blog onde publicou mais de 2.600 posts com todo tipo de assunto, de acordo com o humor do dia. A quase totalidade do material publicado – assim como acontece em extração de ouro (legal ou ilegal) – é formada por rejeito sem nenhuma utilidade (exceto assorear e poluir com mercúrio os cursos d’água próximos).
 
Mas alguma coisa poderia ser salva, mesmo que de baixa qualidade. E foi aí que eu entrei. Com a morte matada do blog Blogson Crusoe (a quarta ou quinta!), fiquei meio jururu e doido para fazer alguma coisa diferente. Por isso, resolvi selecionar os textos e desenhos minimamente razoáveis para depois imprimir uma cópia do material selecionado. Foi quando surgiu o último amigo virtual, um talentosíssimo sujeito que já publicou no site da Amazon uma série de e-books.
 
Inspirado em seu exemplo tive a ideia de também publicar e-books sem gastar nada, o que acelerou a seleção que já vinha fazendo. Com o auxílio, incentivo e orientações desse amigo virtual, o primeiro e-book – dedicado aos falsos poemas que escrevi – foi lançado pela Amazon. “O Eu fragmentado” foi o título que escolhi. A surpresa foi descobrir que existe um livro (não disponível atualmente) exatamente com esse mesmo título.
 
O segundo e-book foi dedicado às crônicas, contos e textos tipo papo-cabeça que escrevi. O título “Meu nome é Ricardo” remete a uma história do início de minha adolescência. O terceiro, dedicado aos desenhos toscos, cartoons e HQs que fui produzindo com o auxílio do processador de textos da Microsoft recebeu o merecido e auto-explicável título “What a Wonderful WORD!”.
 
Em 28 de maio saiu o quarto e último volume que planejei publicar (alguém tem de ter bom senso!), focado nos textos, frases e diálogos de humor, um humor de quinta série. O título escolhido é “Confraria das Hienas”, mas bem poderia ser “O Riso do Palhaço”.
 
Porque na prática, ao olhar para trás, eu percebo que sempre fui exatamente isso, um palhaço, um bufão que tentou sobreviver à insegurança e carência afetiva através do comportamento apalhaçado e sem noção, que fui cada vez mais intensificando.  Mas não reclamo disso, pois o palhaço é aquele que pode dizer que o rei está nu sem medo de ser preso por essa insolência.
 
Para finalizar, repito a piadinha que fiz ao dizer que publicar um e-book seria uma forma de deixar a marca de minha pegada sobre a Terra. Como publiquei quatro e-books, quatro são as marcas deixadas. O que significa que eu sou um quadrúpede, uma anta! Mas isso eu já sabia bem antes da publicação dos livros. Olhaí a boniteza de suas capas.


2 comentários:

  1. Fala a verdade, tá sendo bom voltar ao Blogson, né?
    O título me lembrou de um excerto de uma HQ, Wathmen, umas das melhores de todos os tempos já publicadas até hoje (aqui, em 1989), dum cara que é um puta dum escritor, o inglês Alan Moore. Essa HQ foi adaptada para o cinema e também uma outra dele, V de Vingança.
    Mas, voltando ao título, num dado momento da HQ, um personagem conta uma piada :
    "Ouvi uma piada uma vez: Um homem vai ao médico, diz que está deprimido. Diz que a vida parece dura e cruel. Conta que se sente só num mundo ameaçador onde o que se anuncia é vago e incerto.
    O médico diz: "O tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade, assista ao espetáculo. Isso deve animá-lo."
    O homem se desfaz em lágrimas. E diz: "Mas, doutor... Eu sou o Pagliacci."
    E não é isso, mesmo?

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    1. Sim, está sendo bom, mesmo trazendo um pouco daquela ansiedade antiga, a de pensar "o que vou postar depois?" A piada do Pagliacci é muito boa e tem tudo a ver. Eu semre penso na piada sobre o riso da hiena ("Ri de quê?...) Outro dia fiquei puto pois um filho que eu estava usando o humor como escapismo. Ora, caralho, por que escapismo? Rir, pensar asneiras não é escapismo, não para mim. É uma forma de não se levar muito a sério, não levar muito a sério a arrogância ignorante das pessoas, de olhar o mundo com algum cinismo apesar dos problemas vividos. E o título surgiu a partir de um comentário feito pelo desenhista.

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