quarta-feira, 28 de junho de 2023

FALANDO COM AS PAREDES

 
Eu amo a Ciência, o conhecimento científico. Talvez por isso, se um dia me candidatasse a presidente da república certamente seria derrotado. Mas, acima de tudo, eu amo a Matemática, ciência mais que exata de tão exata que é. Porque na Matemática não tem coré coré. Na Matemática – como até o Caetano Veloso sabe – dois e dois são cinco.
 
Por isso, senti-me ofendido com um comentário feito por um parente a uma informação sensacional que descobri lendo o livro “Catástrofe”, que ganhei de presente (estou no início). E já adianto que apesar do título não é minha biografia.
 
Segundo o autor, desde o surgimento dos homo e hetero sapiens, já viveram na Terra 107 bilhões de pessoas. Entusiasmado por essa informação, passei a seguinte mensagem para umas dez pessoas pelo zap:
 
Eu sempre tive curiosidade de saber quantos netos sapiens da Lucy já viveram na Terra desde seu surgimento nas savanas africanas. O livro Catástrofe traz essa informação: 107 bilhões de pessoas. Pesquisei na internet (não sei por que não fiz isso antes!) e o número informado é 108 bilhões. O livro foi escrito em 2020. Bacana, né?
 
Um de meus filhos (ateu e vasectomizado) sabiamente comentou:
- É muita gente para ainda existir quem pense em ter filho.
 
Vou discordar dele? De jeito nenhum, mas fiquei puto com o negacionismo de um parente (aposto que ele acredita na cloroquina) ao dizer:
- Isto é um chute, antigamente não contavam os humanos.
 
Que posso responder a esse parente?
- Você está certo, caro primo, segundo a internet o primeiro censo de que se tem notícia aconteceu na China, por volta de 2.200 antes de Cristo. Mas isso não invalida a informação do livro.
 
E aí continuaria detonando:
- Não sei qual é sua formação acadêmica, mas talvez se lembre ainda que remotamente dos tempos do segundo grau, quando ensinavam progressão aritmética e progressão geométrica. Acredito que a população cresce em progressão geométrica. Para isso, basta pensar na família surgida a partir de nossos avós comuns: Um casal, dez filhos, 26 netos e sabe Deus quantos bisnetos e tataranetos. Ou seja, Seu Chico e Dona Leta foram uma espécie de bomba populacional de efeito retardado. A mesma coisa pode ser dita da população atual da Terra, algo em torno de sete bilhões.
 
Para chegar aos 107 bilhões  (ou 107.1, ou 107.4) não é preciso ser um gênio, basta entender de matemática – cálculos probabilísticos, progressão geométrica e estatística. Hoje eu não sei mais calcular a soma dos termos de uma progressão, mas existem pessoas que sabem. 
 
(Transcrevendo da internet) Segundo estimativas do Population Reference Bureau (PRB), instituição que realiza pesquisas e análises de dados demográficos financiada por fundações privadas, agências governamentais e doadores individuais, já nasceram desde o surgimento do Homo sapiens 108 bilhões de pessoas. Carl Haub, pesquisador do PRB, explica que o cálculo utilizado para chegar a este número é um Guesstimating (uma estimativa realizada com informações incompletas), pois envolve suposições dos tamanhos de população para diferentes pontos da antiguidade até o presente com aplicação de taxas de natalidade assumidas (portanto, não reais) para cada período.
 
O PRB divulgou uma primeira análise sobre o assunto em 1995, atualizando os dados em 2002 e, mais recentemente, em 2011. Os dados não podem ser considerados científicos, afinal não há registros demográficos disponíveis para serem calculados em 99% da extensão da estadia no planeta Terra. A instituição, através de uma especulação sobre as populações pré-históricas, denominada por eles de "semi-científica", busca se aproximar de uma resposta para esta questão. "Nossa estimativa é que 6,5% de todas as pessoas que já nasceram estão vivos hoje. Isso é realmente uma porcentagem muito grande quando você pensa sobre o assunto", afirmou Haub.
 
Os pesquisadores partem da ideia de que esta estimativa depende de basicamente dois fatores: o tempo que cada ser humano fica na Terra e o tamanho médio da população nos diversos períodos históricos. Mesmo assim, a própria complexidade que envolve a data certa do surgimento do Homo sapiens interfere para saber quantas pessoas nasceram antes.
 
Por isso, fica a pergunta final: o número 107 (ou 108) x 10^9 é exato? Claro que não, mas pouco importa se é 107,3 ou 108,2, o que importa mesmo é a ordem de grandeza desse número. E essa é a informação fascinante, mesmo que mais um exemplo de cultura absolutamente inútil.

5 comentários:

  1. O mais impressionante é o planeta ter aguentado até hoje essa horda voraz de gafanhotos e parasitas.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Segundo li, mais 99% das espécies já surgidas na Terra foram extintas. Imagino que com o surgimento do Sapiens" tenha havido uma aceleração bem boa nesse processo. Porque, cá pra nós, nós somos muito bons para arregaçar o planeta

      Excluir
  2. Só não publico o que me pedem para não publicar. Justamente por isso eu tenho moderador. Como deve se lembrar, eu tenho obsessão pela privacidade.

    ResponderExcluir
  3. Como deixei claro no post RETURN OF THE LIVING DEAD, “mesmo que contem com minha total simpatia (ou até desprezo em alguns casos - pois 'a perfeição é uma meta defendida pelo goleiro que joga na seleção') os amigos virtuais serão considerados apenas seguidores”. Porque no fundo somos apenas isso mesmo, seguidores ou leitores uns dos outros, o que acaba tirando espaço para eventuais decepções.

    ResponderExcluir

ESTRELA, ESTRELA DE BELÉM!

  Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...