segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

O SONHO ACABOU

EXÉRCITO DE BRANCALEONE

“Quando a estupidez é considerada patriotismo, não é seguro ser inteligente”. (autor desconhecido)

Este post era só de despedida e fechamento do blog, mas depois dos acontecimentos mais que deploráveis em Brasília e ainda mais lamentáveis por existir pessoas que aplaudem e aplaudiram o vandalismo descontrolado de uma escória criminosa, resolvi deixar também registrada minha revolta e desprezo por todos os que concordaram, não se importaram, ou até aplaudiram essa inadmissível tentativa de golpe.
 
Depois de noticiada na mídia a intenção de bolsonaristas de fechar refinarias e a utilização de caminhoneiros para bloquear estradas, ficou claro para mim que uma operação de guerra havia sido planejada e financiada por uma minoria endinheirada e com apoio de estrategistas. Ou seja, um grupo de golpistas (que precisa ser identificado, preso e punido) resolveu criar um exército de Brancaleone para que as Forças Armadas se dispusessem a intervir e melar um governo democraticamente eleito.
 
Um exército trapalhão formado por idiotas, lunáticos, vândalos e mercenários, dividido em três “armas”: “infantaria”, a turba de vândalos que viajou para Brasília; “cavalaria”, os caminhoneiros que fechariam as estradas e “engenharia" ou "artilharia”, a gangue que bloquearia as refinarias.Em uma guerra de verdade os comandantes sempre ficam obviamente a salvo para acompanhar, planejar e conduzir as operações, jamais ou quase nunca na "frente de batalha", jamais deixando o cuzinho à mostra. Esse pessoal precisa ser identificado e punido, muito bem punido, para parar de brincar de “Comandos em Ação”!"

Como símbolo e recordação desta época triste sugiro buscar no Youtube uma lindíssima música apropriadamente intitulada “Stormy Weather” (“Clima Tempestuoso” ou “Tempo de Tempestade”), interpretada por Etta James. Para facilitar, o link é este: https://www.youtube.com/watch?v=et7SReenr_s

O SONHO ACABOU
O sonho acabou. Não foi o Gilberto Gil nem um dono da confeitaria que disse isso. Sou eu que estou dizendo.
 
13 amigos e amigas virtuais (eram 15, mas dois, mais "sensíveis", resolveram abandonar o blog), mais de 146 mil visualizações, 2.620 postagens, mais de 4.700 comentários (metade disso, provavelmente, correspondente às minhas respostas). Bacana, não? Oito anos e meio de muita diversão, piração, angústias, insights, raiva, decepção e alegrias, tempo em que este blog transformou-se em "blogoterapia", palanque para criticar os políticos mais em evidência, "sitting comedy" de má qualidade (o oposto de stand up comedy), galeria de desenhos de jardim de infância, palco para todo tipo de exibicionismo jotabélico, idiossincrasias e neuroses mal ou nunca curadas.
 
Esse é o retrato do Blogson Crusoe. Mas acho que já deu. Não tenho mais vontade nem estômago (talvez no sentido literal, só um exame que estou postergando dirá) para continuar a brincar de blogueiro ou ficar me explicando ou contestando opiniões contrárias à minha forma de ver a vida, pois, por mais que alguns não acreditem, eu sou uma pessoa moderada e a favor da conciliação, da “abertura de portas”, sempre na torcida a favor do Bem, sempre contra todo tipo de radicalismo.
 
Também não tenho mais vontade de ficar usando linguagem coloquial e gírias mal aprendidas para esconder minha ignorância e falta de cultura. Cansei de buscar inspiração, de tentar garimpar assuntos interessantes ou pequenas lembranças ainda não registradas. Sinto-me incapaz de fazer novas piadas de quinta série (acho que fui reprovado) ou de escrever uma crônica minimamente bem humorada. Resumindo, acho que já deu mesmo.
 
Como disse antes, foram muitas as emoções vivenciadas nesses oito anos de vida. Mas a partir de hoje o Jotabê vestirá seu pijaminha de unicórnio cor de rosa, calçará suas pantufas e voltará a ser apenas o José Botelho, um idoso triste, deprimido e solitário, mas com ódio eterno ao cloroquínico ex-presidente (e aos baderneiros e terroristas de extrema direita que ontem, dia 08/01, além de vandalizar prédios públicos e bens histórico-culturais em Brasília, ainda barbarizaram este post que já estava pronto, pois não queria criar um post apenas para fazer meu desabafo contra os bolsonaristas idiotas (a grande maioria).
 
Voltando ao texto original eu já estava acalentando a ideia de fechar o Blogson há muito tempo (este texto começou a ser escrito ainda antes do Natal, mas fui enrolando sempre procrastinando, sempre adiando o xeque-mate, algo parecido com um relacionamento que terminou mas que você demora a aceitar), pois eu ainda pretendia publicar (e publiquei) oito posts já prontos (mesmo que fossem uma merda), pois detesto jogar fora o que escrevi.
 
Mas agora não há mais nada no estoque. Por isso, vou utilizar a “cláusula pétrea” que descrevi no post “Uma Cláusula Pétrea” para fechar o Blogson, pois agora tenho certeza do que realmente quero. Em outras palavras, nunca mais postarei nada neste blog da solidão ampliada. Este é o fim real e definitivo do Blogson, pois "nunca mais" é para sempre.
 
Mesmo assim, deixo para os amigos e amigas virtuais (inclusive para os que optaram por deixar de ser e até mesmo para os que talvez tenham aplaudido o vandalismo em Brasília) meu coração eternamente grato pelo que representaram para mim e para o Blogson nesses oito anos.
 
Fui, ou melhor, fomos.

11 comentários:

  1. Jotabê, sentirei falta das suas postagens. Como Fabiano considerou, nosso único contato é esse. Nós, enquanto postamos, estamos vivos.
    Espero que, de alguma forma, você volte!

    Abraços. E adorei a música.

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  2. Que bom que leu, mas um é cópia do outro. Quando eu vi que não tinha mais moderação eu excluí. Tentei em outro post e deu a mesma coisa. Quando um comentário é feito ele aparece no e-mail, mas só se ele for aprovado. Como você tirou a moderação todos são aprovados.

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  3. https://linguicanofumeiro.blogspot.com/

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    1. Você achou o Linguiça, legal!. Não sei se percebeu ou se leu , mas ele é um blog de posts usados, um blog brechó. Eu estava querendo selecionar material do Blogson para fazer um (cinco) e-book(s). Por isso, resolvi reativá-lo. Mas essa era apenas sua finalidade, pois terá vida efêmera (muito efêmera). Quando o Marreta incluiu o Linguiça em sua lista de blogs pedi a ele para que fosse retirado, pois o Marreta já tinha lido praticamente 90% ou mais do que foi publicado no Blogson. E eu não quero mais publicar nada de novo. Mas às vezes sinto vontade de reler o que os amigos e ex-amigos virtuais estão publicando. Por isso entrei no seu blog. E me surpreendi com uma lista de "canais censurados". Fiquei me perguntando se você é um moderado como sempre acreditei que fosse ou se curte um radicalismo mais acentuado. Mas está de boa. Para seu alívio e meu também não precisa responder as perguntas que te fiz. E o Linguiça será e3xcluído da blogosfera no dia 24/02 ou até antes. A partir daí acho que vou me recolher dentro de mim e me afastar do mundo dos blogs. Em tempo: não sinto mais nenhuma falta do Blogson e acho o Linguiça uma chatice.

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  4. Bah! E se tu vier com uma mudança brusca no blog, ao invés de extingui-lo?

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    1. Meu prezado GRF (prezado, porque o prezo de verdade), eu não extingui o Blogson, não no sentido de removê-lo da blogosfera. O que eu fiz foi parar de fazer novas postagens. E o motivo foi a incapacidade de escrever ou dezénhar alguma coisa minimamente interessante, original ou inteligente (não que as postagens feitas obedecessem esta receita). Meu cérebro está em curto no quesito originalidade e relevância mínima. Por isso, ficar apenas falando do Lula, do Bolsonaro ou batendo cabeça no muro das minhas lamentações é uma coisa que eu me recuso a fazer. O Blogson Crusoe continuará indefinidamente acessível, só não será mais alimentado. Hoje o blog assumiu definitivamente o papel de blblioteca do que escrevi, uma verdadeira blogoteca.
      Quanto à mudança brusca que você sugere, ela está acontecendo agora, pois resolvi publicar e-books com seleções de coisas extraídas do Blogson. Essas seleções estão em andamento. Abraços.

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  5. Respostas
    1. Sabe, Ozy, você foi a segunda pessoa a seguir o Blogson. Por uma forma particular de ver a Vida, sempre considerei como meus amigos verdadeiros (ainda que virtuais) todas as pessoas que se interessaram pelas bobagens que publiquei no blog. Entretanto, as suas convicções ideológicas e políticas fizeram com que cancelasse esse vínculo de amizade. Sinceramente, fiquei triste ao descobrir que você não era um amigo virtual, mas só um seguidor do blog. A sorte é que já tinha mentalmente decretado o fim definitivo do Blogson Crusoe e a tristeza por essa “deserção” logo se diluiu, tornou-se irrelevante. Continuo te desejando sucesso e sorte, mas acrescento: com menos radicalismo.

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    2. Se eu fosse radical, eu nem mesmo teria diálogo, eu faria como muitos amigos seus de esquerda que tentam jogar todos que não gostam numa fogueira em um linchamento virtual e apoiaria ditadores corruptos como o Alexandre De Moraes, que "em nome da ordem promove a desordem e a injustiça" e que fala abertamente que "ainda tem muita gente pra prender, e muita gente pra multar". O ponto de ruptura pra mim foi lhe ver defendendo gente como essa, enquanto xingava idosos cujo crime eram estar em frente a quarteis. Muitas dessas pessoas foram inclusive presas sem fazer vandalismo, sendo conduzidas pelo exercito a ônibus para serem colocadas em campos de concentração, respondendo na mesma medida com as que deperderam, enquanto isso o MST invade propriedade privada, mata e destrói e isso não soa nem um pouco "antidemocrático" ao seu líder de quadrilha travestido de presidente, nem mesmo aos estimados juízes do STF. No 2023, violência só é crime a depender da cor da sua camisa, se não for verde e amarela, tá tudo liberado. Ter o Lula de volta foi o maior retrocesso político e cultural que já vivi nos meus mal vividos e incompletos 30 anos. Uma mancha na história desse país a ser lembrada por outros 30 anos. Minha desinscrição do blog foi só relativo a isso, mas sem ofensas, sem perseguição, sem ficar de textos com ataques (como o seu amigo desenhista fica com o Neófito, e o senhor sabe disso) ou qualquer coisa do tipo. Sempre republiquei textos seus como forma de acreditar no seu trabalho, mesmo muitas vezes não concordando com alguns deles, como alguns sobre o Olavo de Carvalho, mas isso é justamente o exercício de não ficar tão preso em uma bolha, porque querendo ou não, todos nós estamos. Colocando numa balança, de forma pausa e calma, acredito que a maneira que enxerga as pessoas de direita seja ainda mais caricata e estereotipada do que eu enxergo a de esquerda. Só releia com a devida calma os seus últimos dez textos e veja as palavras que diz.

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    3. Obrigado pelo (longo) comentário, Ozy. Só quero dizer três coisas:
      1- Não sou de esquerda, sou de centro (e já disse isso inúmeras vezes).
      2- Não consigo imaginar ninguém pior e mais danoso ao Brasil que o Bolsonaro.
      3- Sou radicalmente contra qualquer ato, declaração ou atitude que fira a Donstituição (invasão de Brasília, pedido de intervenção militar, etc.).
      Afora isso, o que penso ou deixo de pensar sobre qualquer assunto ou pessoa pode ser apenas defeito meu, que tenho a mania de tentar pensar de forma livre e independente sobre tudo. Abraços.

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