quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

ERA UMA VEZ...

Recentemente, para criar um espaço maior para as netinhas brincar, resolvemos cobrir com pedra São Tomé um canteiro onde só havia mato. Dentre as pedras entregues uma chamou minha atenção, pois tinha a “impressão digital” de uma folhagem de prováveis milhões de anos atrás. Fiquei encantado com a imagem preservada e resolvi criar uma historinha para entreter as menininhas. Parece que elas gostaram, pois a Lulu pediu: “Conta de novo”. 
 
Depois da terceira vez contando a mesma história (cada vez com mais detalhes “empolgantes”) e como o Blogson já está mesmo em fase terminal, resolvi guardar na blogoteca o texto da historinha imaginada. Os leitores e leitoras podem achar uma merda, piegas ou o que quiserem, mas estou pouco me lixando. Meu negócio é memória, preservação da memória desimportante, mas não menos digna, não menos saborosa. Olhaí.
 
 
Há muito, muito, muito, muito tempo não existiam ainda galinhas nem porquinhos nem cachorrinhos. Ah, e nem vaquinhas, zebrinhas ou gatinhos. Só existiam dinossaurões, dinossauros, dinossaurinhos e lagartixas do tamanho de um carro. E baratas também. As plantas eram árvores muito grandes, mais ou menos grandes e plantinhas.
 
Havia um dinossaurinho que gostava muito de comer plantinhas, mas ele era muito pequeno e tinha de viver escondido, pois tinha medo dos dinossaurões. Seu nome era Dininho (nome escolhido por votação).
 
Um dia ele estava comendo sua salada de plantinhas (nhoc nhoc nhoc) quando ouviu o barulho de um dinossaurão por perto. A terra até tremia com as pezadas que ele dava no chão ao andar (mãos batendo alternadamente na mesa). Dininho precisava se esconder rapidinho, mas aquela saladinha estava tão boa!
 
Foi aí que ele teve a ideia de cobrir suas plantinhas com uma pedra para comer depois que o dinossaurão fosse embora.
 
O dinossaurão estava com fome, doido para comer algum dinossaurinho e ficou rugindo (ROARR!!!!) enquanto olhava para ver se encontrava algum. Como não achou nenhum, foi embora.
 
O Dininho saiu da toca, olhou pra cá, olhou pra lá, ficou escutando para ver se o dinossaurão ainda estava por perto. Quando viu que não tinha mais perigo, resolveu continuar a comer sua saladinha deliciosa (tinha alface, brócolis, tomate, beterraba, só faltou um salzinho e azeite).
 
O resto da história, eu não sei, mas acho que ele não conseguiu se lembrar do lugar onde tinha escondido sua plantinha deliciosa. Levantava uma pedra aqui e nada, levantava outra e nada também (as mãos e pés das menininhas fazendo às vezes de pedras). E ele nunca mais encontrou a saladinha escondida. Mas não ficou com fome, pois como era muito esperto logo encontrou outras plantinhas deliciosas.
 
Muito, muito, muito, muito tempo se passou, os dinossaurões, os dinossauros e os dinossaurinhos sumiram, surgiram as galinhas e também os porquinhos, as vaquinhas, as zebrinhas, os cachorrinhos e os gatinhos. Mas ninguém nunca mais achou a saladinha do Dininho, que foi ficando sequinha, sequinha e esmagada pela areia, até que tudo virou pedra.
 
Um dia a vovó e o vovô compraram umas pedras para colocar no chão e olha só o que encontraram: não era mais a plantinha perdida do Dininho, mas o retrato dela! Olha como ela era bonitinha:



 



8 comentários:

  1. Esta é uma ótima história de realismo fantástico, mas não daria para contar para crianças de três e quatro anos. Mudando de assunto, tive um cunhado que bebia de forma tão descontrolada que um dia, passando mal, vomitou um palito que tinham posto de sacanagem em seu copo. É mole?

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  2. Que belezinha. Eu não teria tanta imaginação, kkkk.
    É necessário muita ludicidade pra acompanhar as crianças. Adorei.

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    1. Eu sempre gostei de "viajar na maionese" com meus filhos quando ainda eram crianças. Umas das histórias "desconstruídas" era "O lobo bom e os três porquinhos malvados". E a expressão facial ajudava muito, pois eu arregalava ainda mais os olhos já naturalmente empapuçados.

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    2. vou procurar. Obrigado pela dica.

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    3. Como eu sou uma anta tecnológica, não sei dizer se temos acesso a esses "portais" (?). A dona do controle é minha mulher.

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  3. Essas "manchas" nada têm de mistério. Ou são impregnações de manganês no arenito, ou fósseis de algas; pela coloração, chuto que sejam impregnações de manganês.

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    1. Gostei da erudição, mas as algas serviram melhor à historinha. Valeu!

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ALLEZ, DIS DONC, MOLIÈRE!

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