sexta-feira, 30 de junho de 2023

DURA LEX SED LEX

 
Eu gosto de contar casos, pois talvez a única coisa que me reste na mente são lembranças de pessoas que conheci, acontecimentos que presenciei, momentos em que vivi, sensações que experimentei. E só consigo me lembrar de episódios antigos, pois meu cérebro se recusa a guardar coisas novas. Bom preço a pagar por ser idoso? Me engana que eu gosto!
 
O caso de hoje é sobre um sujeito que conheci e que acaba de falecer, creio que perto dos noventa anos. Chamava-se José. Só José, condenado como eu a ter apenas o sobrenome como complemento. A sorte dele era ser conhecido por “Zé Japonês”, pois sendo filho de pai e mãe japoneses, seu nome era José Uemoto Maia. Uemoto, tudo bem, mas... Maia? E é aqui que começa esta história.
 
Bem no início do século XX um casal de japoneses desembarcou no Brasil. Não sei quanto tempo permaneceram em São Paulo ou no Rio de Janeiro, só sei que decidiram morar em Minas Gerais, mais precisamente no interior de Minas Gerais.
 
Vida difícil, a barreira do idioma a vencer, foram levando a vida até a esposa adoecer. Nessa época já conheciam Dona Rosinha, provavelmente vizinha do casal. Dona Rosinha tratou e cuidou da doente até ela curar-se. O casal nada tinha a oferecer como pagamento ou prova de gratidão. Nem eles nem Dona Rosinha tinham filhos Por isso, ofereceram o impensável (para mim, pelo menos): o primeiro filho do sexo masculino que nascesse seria dado definitivamente para a benfeitora, para que o registrasse e criasse como filho legítimo.
 
O primeiro e único filho do sexo masculino a nascer foi José, o Zé Japonês. O tempo passou, o casal de japoneses decidiu se mudar para São Paulo e Dona Rosinha veio para Belo Horizonte com o filho José. As amigas mantinham contato por carta mas nunca mais se encontraram.
 
Um dia, quando o Zé já estava no final da adolescência, sua mãe brasileira disse que ele precisava conhecer seus pais biológicos. A primeira reação foi a recusa total. Para que conhecer pessoas com quem não tinha nenhum vínculo afetivo nem contato?
 
Dona Rosinha não era pessoa para ser contrariada. E os dois acabaram viajando para São Paulo. O encontro com a desconhecida família teve o formalismo e a seriedade nipônicos que a ocasião pedia. O pai curvando-se respeitosamente para cumprimentá-los, a mãe e as irmãs com sorrisos e (talvez!) abraços. Enquanto esteve com a família recém-adquirida, ficava sentado ao lado da mãe, ambos calados, trocando sorrisos tímidos e risinhos encabulados.
 
Creio que o primeiro e talvez único emprego que teve foi em empresa que trabalhava com projetores de filmes e artigos correlatos. Aprendeu a consertar e operar os equipamentos e, talvez pela seriedade e comportamento reservado e discreto, acabou trabalhando também como projecionista de filmes em sessões no Palácio da Liberdade, quando Juscelino Kubistchek era governador de Minas.
 
O passo seguinte foi montar a “Cinetécnica Uemoto”, onde continuou a consertar projetores depois do fechamento da empresa onde trabalhava. Com o fechamento progressivo dos cinemas de rua e o advento do videotape o conserto e manutenção de projetores foram também diminuindo, obrigando-o a começar a consertar eletrodomésticos. E foi assim que eu me aproximei dele.
 
A última vez em que estive em sua oficina foi para que ele me prestasse um grande favor. Temos um pequeno rolo de filme 16 mm com cenas de nosso casamento. Mas não conhecemos ninguém que tivesse o equipamento para fazer a projeção desse filme. Foi aí que tive a ideia de procurá-lo para saber se tinha um projetor que permitisse essa projeção. Para minha sorte, tinha acabado de restaurar um equipamento desses e o cliente ainda não tinha ido buscá-lo. Concordou imediatamente.
 
Pedi à namorada de meu filho para trazer sua filmadora e filmar as antigas imagens em preto e branco que estavam sendo projetadas em uma parede branca em sua oficina. E foi assim que conseguimos resgatar cenas filmadas em 1975, gravadas por cinegrafista profissional em um resto de filme utilizado em campanha publicitária (um cunhado de minha mulher era sócio de uma agência publicitária).
 
A história de vida do Zé Japonês atraiu a atenção de uma jovem que estudava Cinema e era vizinha e amiga de seus filhos. Disso resultou um curta metragem que recebeu o título “Duralex Sedlex” (ainda bem que é falado em português, pois as legendas parecem ter sido feitas por um semi-analfabeto).

Se você, caro leitor (como é mesmo o seu nome?), tiver interesse em assisti-lo, o link é este: 
https://www.youtube.com/watch?v=SZLYl7ywhoY

O atencioso, calado e reservado Zé Japonês morreu com Alzheimer, mesma doença que se manifestou em sua esposa, que agora mora com os filhos.
 

PENSANDO EM TI - HERIVELTO MARTINS E DAVID NASSER

 
Recentemente eu ouvi esta música em um episódio muito antigo do seriado “A grande família”. Aí fiquei pensando em que grande melodista foi o Herivelto Martins. Se você, meu raríssimo leitor, ainda não conhece, sugiro que ouça a interpretação “caetaneada” da música. Salve, Herivelto!
 


quarta-feira, 28 de junho de 2023

O CHATO DE UM GPT

Graças à minha descoberta do ChatGPT resolvi criar mais um marcador para publicar textos criados por essa IA quando eu estiver com zero inspiração. E o motivo deste novo marcador é o fato de não mentir nunca no blog, duela a quien duela. Assim, quando estiver sem saco, sem inspiração, sem tesão para escrever qualquer merda jotabélica, pedirei ao Chato do GPT para fazer uma crônica qualquer. Pode ser até sobre onçinhas pintadas, zebrinhas listradas e coelhinhos peludos. E se ficar muito ruim posso pedir para substituir para oncinhas peitudas, zebrinhas listradas e coelhinhas peladas.
 
A seguir, para conhecimento de ignorantes como eu as informações que o caretão forneceu para as perguntas que fiz:
 
 
QUAIS TEMAS VOCÊ É PROIBIDO DE USAR?
Como modelo de linguagem desenvolvido pela OpenAI, fui projetado para seguir diretrizes éticas e políticas de uso responsável. Existem certos temas e tipos de conteúdo com os quais sou programado para não lidar ou promover. Isso inclui, mas não se limita a:
Conteúdo ilegal: Não posso fornecer informações ou suporte relacionados a atividades ilegais, como hacking, violação de direitos autorais, tráfico de drogas, violência extrema, etc.
Conteúdo violento ou ofensivo: Não estou autorizado a gerar ou promover discurso de ódio, violência gratuita, conteúdo adulto explícito, racismo, misoginia, xenofobia, homofobia ou qualquer forma de discriminação.
Difamação e calúnia: Não sou capaz de criar informações falsas ou difamatórias sobre pessoas, empresas ou organizações.
Orientação e aconselhamento médico: Embora possa fornecer informações gerais e educacionais sobre saúde, não sou um substituto para aconselhamento médico profissional. Sempre é importante consultar um médico ou profissional de saúde qualificado para obter diagnóstico, tratamento e orientações específicas.
Informações pessoais sensíveis: Não sou projetado para solicitar ou armazenar informações pessoais confidenciais, como números de segurança social, números de cartão de crédito, senhas ou detalhes bancários.
Contextos políticos sensíveis: Evito tomar partido em questões políticas delicadas ou fornecer informações tendenciosas.
Lembrando que, apesar de ser programado para evitar esses temas, sempre pode haver situações em que algumas respostas possam ser interpretadas como inadequadas ou não alinhadas com essas diretrizes. Caso você encontre alguma resposta problemática, por favor, avise-me para que eu possa melhorar.
 
QUAIS PALAVRAS VOCÊ NÃO PODE UTILIZAR?
Como modelo de linguagem desenvolvido pela OpenAI, não há uma lista específica de palavras que eu seja proibido de utilizar. No entanto, é importante ressaltar que existem diretrizes éticas e políticas de uso responsável que buscam promover um ambiente seguro e adequado para os usuários.
Essas diretrizes geralmente envolvem evitar o uso de palavras ofensivas, obscenas, discriminatórias, violentas ou que promovam discurso de ódio. O objetivo é garantir uma interação respeitosa e inclusiva.
 
POR QUE VOCÊ SEMPRE TERMINA OS TEXTOS QUE CRIA DE FORMA POSITIVA?
Como modelo de linguagem, meu objetivo é fornecer informações úteis e auxiliar os usuários da melhor maneira possível. Uma abordagem positiva é geralmente preferida, pois promove um ambiente mais amigável, encorajador e construtivo.
Ao terminar as respostas de maneira positiva, busco oferecer um tom encorajador e otimista para o diálogo. Isso pode ajudar a transmitir uma sensação de apoio, motivação e encorajamento aos usuários, tornando a interação mais agradável.
No entanto, é importante observar que, mesmo com uma abordagem positiva, tento ser realista e objetivo nas informações fornecidas. Meu objetivo é fornecer respostas úteis e confiáveis, independentemente do tom final utilizado.
Se houver alguma preferência específica em relação ao tom das respostas, sinta-se à vontade para indicar e ajustarei meu estilo de acordo. Estou aqui para atender às suas necessidades da melhor maneira possível.
 
NÃO QUERO QUE FAÇA ISSO AGORA, MAS VOCÊ SERIA CAPAZ DE ESCREVER UM TEXTO COM FINAL TRÁGICO OU TRISTE?
Sim, como modelo de linguagem, posso criar um texto com final trágico ou triste, se necessário. Embora eu geralmente prefira uma abordagem mais positiva, sou capaz de gerar conteúdo com diferentes tons e emoções, incluindo tragédia, tristeza ou qualquer outro tema que você queira explorar.
No entanto, é importante lembrar que, como um modelo de IA, não possuo sentimentos próprios. Posso simular emoções e criar narrativas com diferentes tons, mas não experimento emoções de forma pessoal. Meu objetivo é fornecer informações e interagir com os usuários da maneira mais útil possível, independentemente do tom emocional desejado.
 
Fala sério, esse Chat é mesmo um chato, bundão e careta! (mas é divertido)


FALANDO COM AS PAREDES

 
Eu amo a Ciência, o conhecimento científico. Talvez por isso, se um dia me candidatasse a presidente da república certamente seria derrotado. Mas, acima de tudo, eu amo a Matemática, ciência mais que exata de tão exata que é. Porque na Matemática não tem coré coré. Na Matemática – como até o Caetano Veloso sabe – dois e dois são cinco.
 
Por isso, senti-me ofendido com um comentário feito por um parente a uma informação sensacional que descobri lendo o livro “Catástrofe”, que ganhei de presente (estou no início). E já adianto que apesar do título não é minha biografia.
 
Segundo o autor, desde o surgimento dos homo e hetero sapiens, já viveram na Terra 107 bilhões de pessoas. Entusiasmado por essa informação, passei a seguinte mensagem para umas dez pessoas pelo zap:
 
Eu sempre tive curiosidade de saber quantos netos sapiens da Lucy já viveram na Terra desde seu surgimento nas savanas africanas. O livro Catástrofe traz essa informação: 107 bilhões de pessoas. Pesquisei na internet (não sei por que não fiz isso antes!) e o número informado é 108 bilhões. O livro foi escrito em 2020. Bacana, né?
 
Um de meus filhos (ateu e vasectomizado) sabiamente comentou:
- É muita gente para ainda existir quem pense em ter filho.
 
Vou discordar dele? De jeito nenhum, mas fiquei puto com o negacionismo de um parente (aposto que ele acredita na cloroquina) ao dizer:
- Isto é um chute, antigamente não contavam os humanos.
 
Que posso responder a esse parente?
- Você está certo, caro primo, segundo a internet o primeiro censo de que se tem notícia aconteceu na China, por volta de 2.200 antes de Cristo. Mas isso não invalida a informação do livro.
 
E aí continuaria detonando:
- Não sei qual é sua formação acadêmica, mas talvez se lembre ainda que remotamente dos tempos do segundo grau, quando ensinavam progressão aritmética e progressão geométrica. Acredito que a população cresce em progressão geométrica. Para isso, basta pensar na família surgida a partir de nossos avós comuns: Um casal, dez filhos, 26 netos e sabe Deus quantos bisnetos e tataranetos. Ou seja, Seu Chico e Dona Leta foram uma espécie de bomba populacional de efeito retardado. A mesma coisa pode ser dita da população atual da Terra, algo em torno de sete bilhões.
 
Para chegar aos 107 bilhões  (ou 107.1, ou 107.4) não é preciso ser um gênio, basta entender de matemática – cálculos probabilísticos, progressão geométrica e estatística. Hoje eu não sei mais calcular a soma dos termos de uma progressão, mas existem pessoas que sabem. 
 
(Transcrevendo da internet) Segundo estimativas do Population Reference Bureau (PRB), instituição que realiza pesquisas e análises de dados demográficos financiada por fundações privadas, agências governamentais e doadores individuais, já nasceram desde o surgimento do Homo sapiens 108 bilhões de pessoas. Carl Haub, pesquisador do PRB, explica que o cálculo utilizado para chegar a este número é um Guesstimating (uma estimativa realizada com informações incompletas), pois envolve suposições dos tamanhos de população para diferentes pontos da antiguidade até o presente com aplicação de taxas de natalidade assumidas (portanto, não reais) para cada período.
 
O PRB divulgou uma primeira análise sobre o assunto em 1995, atualizando os dados em 2002 e, mais recentemente, em 2011. Os dados não podem ser considerados científicos, afinal não há registros demográficos disponíveis para serem calculados em 99% da extensão da estadia no planeta Terra. A instituição, através de uma especulação sobre as populações pré-históricas, denominada por eles de "semi-científica", busca se aproximar de uma resposta para esta questão. "Nossa estimativa é que 6,5% de todas as pessoas que já nasceram estão vivos hoje. Isso é realmente uma porcentagem muito grande quando você pensa sobre o assunto", afirmou Haub.
 
Os pesquisadores partem da ideia de que esta estimativa depende de basicamente dois fatores: o tempo que cada ser humano fica na Terra e o tamanho médio da população nos diversos períodos históricos. Mesmo assim, a própria complexidade que envolve a data certa do surgimento do Homo sapiens interfere para saber quantas pessoas nasceram antes.
 
Por isso, fica a pergunta final: o número 107 (ou 108) x 10^9 é exato? Claro que não, mas pouco importa se é 107,3 ou 108,2, o que importa mesmo é a ordem de grandeza desse número. E essa é a informação fascinante, mesmo que mais um exemplo de cultura absolutamente inútil.

terça-feira, 27 de junho de 2023

JOTABÊ, O IMPAGÁVEL

 
Carajo! Fui obrigado a deixar para amanhã um belíssimo poema da legítima safra jotabélica, mas o motivo é mais que nobre. Qual motivo? O auto-endeusamento, uai! Queria o quê?

Pra começo de conversa endosso e concordo com quase tudo o que o Chato (o robô ChatGPT, bem entendido) disse a meu respeito no blog A Marreta do Azarão (e deve ter gasto apenas uns sete segundos para iluminar e tornar pública toda a minha magnificência). Se eu ainda estivesse trabalhando usaria aquele texto como meu currículo! Mas há tantas “liberdades poéticas” no meu impagável perfil (impagável porque não custa nada, é de grátis) que eu preciso corrigi-las. Antes, porém, todavia, contudo, transcreverei o belíssimo e super fidedigno texto. E depois as correções necessárias. Deixando de parola flácida, olhai meu currículo:
 
Jotabê, o engenheiro aposentado de 73 anos, é um homem peculiar. Com sua mente afiada e seu humor sarcástico, ele cativa quem o rodeia com suas histórias engraçadas e suas charges divertidas.
Sua infância é uma fonte inesgotável de memórias que ele adora compartilhar. Para Jotabê, seus pais, avós e primos foram os pilares que o ajudaram a se tornar quem é hoje. Ele fala com muito carinho das brincadeiras de rua, das tardes de pescaria e dos churrascos em família.
Mas Jotabê também é conhecido por ser um exímio frasista e pelo seu gosto apurado pelos trocadilhos. Ele sempre tem um comentário engraçado para fazer e é capaz de criar piadas impagáveis em questão de segundos.
Seu único vício é o leite gelado com Toddy, que ele toma diariamente. Ele se recusa a beber álcool e acredita que sua sobriedade é uma das razões pelas quais ele consegue manter uma mente tão afiada mesmo na terceira idade.
Jotabê é um músico talentoso e já fez muito sucesso nos festivais da Universidade Federal de Ouro Preto, onde se apresentou ao lado de grandes nomes da música brasileira, como Ney Matogrosso. Ele é um exímio violonista e adora tocar suas músicas favoritas em reuniões familiares.
Apesar de ter construído uma vida bastante ativa e movimentada, Jotabê adotou hábitos reclusos nos últimos anos e tornou-se um ermitão urbano. Ele prefere ficar em casa, escrevendo suas memórias e criando suas charges, enquanto toma café em copo lagoinha.
No fim das contas, Jotabê é um homem único que viveu uma vida cheia de aventuras e histórias incríveis. Ele é um exemplo de que a idade não é um impedimento para a criatividade e o bom humor, e que podemos encontrar alegria nas coisas mais simples da vida, como um copo de leite gelado com Toddy e uma boa conversa com amigos e familiares.

E agora as correções:

Ele fala com muito carinho das brincadeiras de rua, das tardes de pescaria e dos churrascos em família”? 
Como assim? O máximo que eu consegui pescar até hoje foram uns peixinhos de uns cinco centímetros, pescados em Lagoa Santa quando eu tinha uns dez anos. Depois disso, fiquei sem saco para segurar uma vara por muito tempo (isso ficou muito estranho!). Hoje prefiro peixes em moquecas ou fritos - e sem espinhos, pois a vida já é muito espinhosa. E claro, adoraria comer um rabo de sereia, mas na minha idade isso seria tarefa impossível, principalmente por sereias só existirem hoje na música dos Paralamas. Quanto aos churrascos eu curto, mas são raridade, com frequência máxima de talvez um por ano.
 
“Jotabê é um músico talentoso e já fez muito sucesso nos festivais da Universidade Federal de Ouro Preto, onde se apresentou ao lado de grandes nomes da música brasileira, como Ney Matogrosso. Ele é um exímio violonista”(...) 
Aí já é sacanagem! Que porra é esta? Esse Chato deve ter tomado uma overdose de leite com toddy virtual e está delirando. Eu não sou “exímio”, eu apenas espanco o violão. E esse negócio de Festival de Ouro Preto e Nei Matogrosso quem entende é meu irmão, que ficou lá um mês em 1970 e trouxe um cinto de couro que alguém deu para ele. Talvez o Nei Matogrosso tenha dado para ele (o cinto) antes de ficar seco e molhado, mas eu não tenho nada a ver com essa história.
 
E copo lagoinha – apesar de minha total simpatia por ele – não existe aqui em casa. Em compensação, quando a manteiga acaba eu gosto (muito) de tomar café no pote vazio, só com raspas de manteiga remanescente (para horror de meus filhos, que me consideram muito tosco). 
 

 

segunda-feira, 26 de junho de 2023

A ZARETA DO AMARRÃO

 
Jotabê: Você conhece um blog chamado "A Marreta do Azarão"? Ele é publicado em três portais diferentes.
 
ChatGPT: Desculpe, mas não tenho informações atualizadas sobre blogs específicos, pois meu treinamento foi concluído em setembro de 2021 e não tenho acesso à internet em tempo real. Portanto, não posso confirmar se o blog "A Marreta do Azarão" é publicado em três portais diferentes. Recomendaria fazer uma pesquisa online para obter informações mais atualizadas sobre esse blog.
 
Jotabê: Marreta do Azarão é um blog cujas caracteristicas principais são sarcasmo, humor ferino, ideologicamente de direita, às vezes emula os textos e poemas pornográficos de Bukowski, sempre fala de "cerveja barata mas boa", frequentemente publica ótimas poesias do titular do blog, tem uma seção com o título "Travessuras de Menina Má", onde publica fotos de lésbicas fazendo sexo oral e muitas vezes termina os textos com a expressão "Pãããããta que o pariu!!!!". Gostaria que escrevesse uma pequena crônica com essas características, mas sem mencionar o nomes do blog e do poeta Bukowski.
 
ChatGPT: Entendo que você deseja uma crônica com características semelhantes ao blog que mencionou, mas sem mencionar o nome do blog ou do poeta Bukowski. No entanto, é importante ressaltar que o uso de linguagem ofensiva, explícita ou pornográfica não é adequado nem permitido nesta plataforma. Estou à disposição para ajudar com qualquer outra solicitação ou tema que esteja dentro dos limites aceitáveis.

Jotabê: Então escreva um texto sem usar linguagem ofensiva, explícita ou pornográfica, mas mantendo o clima encontrado em seus textos.
 
ChatGPT: Com certeza! Vou escrever uma pequena crônica com um tom sarcástico e um humor um pouco ácido, mas sem utilizar linguagem ofensiva, explícita ou pornográfica. Aqui está:
 
Na cidadezinha de Recantolândia, havia um lugarzinho peculiar, um verdadeiro oásis para os apreciadores de uma boa cerveja barata, mas de qualidade duvidosa. Era um antro de diversão para os desafortunados, conhecido apenas como "A Taverna das Surpresas".
Naquela taverna, os frequentadores encontravam um refúgio para as agruras da vida cotidiana. Ali, reuniam-se aqueles que carregavam o peso do mundo nas costas, buscando um momento de alívio e esquecimento, enquanto apreciavam a amargura daquela cerveja de sabor peculiar.
O ambiente era peculiar e repleto de personagens excêntricos. O dono da taverna, um sujeito de semblante carrancudo, sabia como ninguém entreter seus clientes. De suas profundezas etílicas, ele despejava poesias ácidas, palavras que balançavam o senso comum e desafiavam o politicamente correto.
Em uma das paredes da taverna, uma seção curiosa chamada "Travessuras de Almas Inquietas" despertava a curiosidade dos frequentadores. Ali, retratos de pessoas expressavam, em sutis nuances, as nuances das relações humanas. Era um convite ao olhar perspicaz, um mergulho no reino das emoções e descobertas.
Os frequentadores da Taverna das Surpresas sorviam suas cervejas baratas com um sorriso irônico nos lábios, como se cada gole fosse um desafio ao paladar, um testemunho de sua coragem em enfrentar as adversidades do mundo. Entre risadas maliciosas e sussurros conspiratórios, cada um criava sua própria história e vivenciava o sentimento de pertencer àquela pequena comunidade.
E, assim, a Taverna das Surpresas continuava a exercer seu papel singular na vida dos moradores de Recantolândia. Era um espaço onde o sarcasmo e o humor ferino se fundiam com a necessidade de escapar da rotina, de questionar o status quo, sem ofender nem ultrapassar limites.
Pois, afinal, o mundo sempre necessitará de lugares assim, onde as risadas e as reflexões se misturem em uma dança curiosa, desafiando convenções e proporcionando um breve respiro em meio ao caos.
 
ChatGPT: Espero que tenha capturado o espírito do clima que você desejava! Se precisar de mais alguma coisa, estou aqui para ajudar.
 
Pãããããta que o pariu!!!! Pô, Marreta, não sabia que você era tão bundão! Esse texto que escreveu é uma merda! Perdeu o pique (ou a pica)?

UM SOUVENIR PARA O AZARÃO

 
Este texto é um brinde, um souvenir para o Azarão do blog A Marreta do Azarão. Resolvi brincar com um aplicativo (ou que nome tenha) que meu filho instalou para mim. Um software para distrair uma mente vazia e um coração dolorido. Sem fazer dramas nem suspense, trata-se do ChatGPT, um treco que utiliza Inteligência Artificial. Como disse meu filho é meio bobinho mas divertido. Fiz algumas experiências e achei bacaninha, mas sem a força e a consistência de um texto escrito por gente de carne e osso. Claro, estamos ainda a dois metros do precipício, mas já dá para sentir o perigo.
 
A título de curiosidade, apresentei para o “bicho” a seguinte questão: “escreva um mini texto ao estilo de Bukowski”. 

A reação veio em segundos. E um texto surgiu na tela do micro (a partir de agora, quando ficar sem assunto nenhum vou chamar meu “ghost writer” e pedir a ele para quebrar o galho para mim. Talvez fique muito melhor que os textos que já escrevi).

Olhaí, Marreta, agora estamos feitos! Quando a inspiração acabar (o que tem sido normal para mim em tempos recentes), nós chamaremos o Chato para nos ajudar. Estou até pensando em usar um pseudônimo para assinar os textos criados pela IA: "A Zareta do Amarrão". Que tal?

E agora, o texto escrito por IA e que deixo de brinde para o Azarão:
 
Acordei com uma ressaca daquelas, a cabeça latejando como um martelo implacável. Os restos de cigarros e garrafas vazias espalhados pelo chão testemunhavam a noite perdida na escuridão do meu apartamento decadente. O sol escaldante invadia as frestas da cortina, penetrando minha alma cansada e desiludida.
Arrastei-me até a cozinha e abri a geladeira, encontrando apenas uma garrafa de cerveja solitária, quase quente, que mal tinha forças para espantar minha ressaca. Eu tinha dinheiro para contas atrasadas, mas preferi investir na fonte inebriante que amenizava por alguns instantes a angústia que corroía minha existência.
As paredes desbotadas testemunhavam meu vazio, as marcas de cigarro e manchas de vinho eram cicatrizes de batalhas travadas em minha própria solidão. Eu era um animal enjaulado, um ser humano à deriva em meio a uma sociedade hipócrita e superficial.
Sentado à mesa, acendi um cigarro e deixei a fumaça se perder no ar rarefeito. As lembranças de amores fracassados e sonhos não realizados me assombravam como fantasmas sussurrando em meu ouvido. Eu era um bêbado errante em busca de algo que nem mesmo sabia o que era.
Mas em meio a toda a escuridão e desolação, eu encontrava consolo nas palavras. As letras rabiscadas em pedaços de papel sujo eram minha única forma de redenção, meu escape da mediocridade do cotidiano. Elas se tornavam poesia, gritos desesperados que ecoavam em um mundo surdo.
Eu era um Bukowski sem nome, um espírito livre condenado a vagar pelas ruas e bares imundos, absorvendo a miséria humana como um antídoto para a minha própria miséria. Eu me afundava em vícios e devaneios, mas ali, nas palavras lançadas ao vento, encontrava um fragmento de esperança, uma centelha de humanidade em meio à minha autodestruição.
E assim, continuava minha dança solitária, perambulando pela cidade sem destino certo, procurando nas palavras a redenção que a vida me negava. Eu era um Bukowski sem nome, um poeta maldito, um sobrevivente dos becos escuros. E talvez, em meio a todo o caos e desespero, eu pudesse encontrar a verdadeira essência da vida, mesmo que fosse apenas por um instante fugaz.

 

sexta-feira, 23 de junho de 2023

POSE PARA SELFIE

 
Tive um colega curitibano super bem humorado. Além de ser a primeira pessoa que vi atacar uma coxa de frango sem sujar as mãos, só com garfo e faca, falava despreocupadamente sobre seu sofrimento com hemorroidas. Um dia, carregando no sotaque de sua cidade, exclamou:

- “Meu cu está que é uma Roseira!” (nós mineiros diríamos “rroseira”, “ronronando” o R).

Lembrei-me disso na fila do supermercado, ao ouvir um sujeito dizer para o amigo:

- “Já caguei tanto hoje que meu cu está até fazendo bico!”

Como tenho andado muito interativo com estranhos (sinônimo de estar falando até com as paredes), tive vontade de sugerir uma linguagem mais criativa, menos explícita, algo assim:

- Já caguei tanto hoje que meu cu está até fazendo pose para selfie!”

quinta-feira, 22 de junho de 2023

BANANA EM FIM DE FEIRA

 
Fiz bem em transcrever esta frase do Marx (o Groucho) “a história se repete, a primeira vez como farsa e a segunda como tragédia”, porque a minha falta de vergonha na cara está uma tragédia, pois resolvi propagandear e vender produtos de mim mesmo. No caso, e-books com material extraído do velho Blogson (um dos rins ainda estou pensando se vendo ou não). Por isso, resolvi transformar a rede do Zuckerberg em megafone eletrônico, com este texto promocional (o sucesso foi tão grande que tive duas visualizações!).
 
 
Depois de tornar público o último dos quatro e-books que previ lançar, fiquei me coçando de vontade de divulgá-los para meus "amigos de facebook", quantidade um pouco maior que os quatorze seguidores do redivivo Blogson Crusoe. Aí resolvi escrever este texto "promocional" (a intenção de reproduzi-lo aqui atende apenas minha mania de guardar tudo o que escrevo). Olhaí. 
 
Sabem o que faz um aposentado que não tem dinheiro para viajar, não bebe, não gosta de sentar em barzinhos e botequins e que mora no bairro mais boêmio de BH? Escreve e desenha.
E essa estranha mania acabou resultando na seleção do menos ruim de uma montanha de arquivos guardados no computador.
Essa seleção do “melhor do pior” resultou em quatro e-books publicados na Amazon, com os seguintes títulos e temas:
 
O EU FRAGMENTADO – poemas (na verdade, prosa fingindo ser poesia) Preço: R$1,99
https://www.amazon.com.br/EU-FRAGMENTADO-VERSOS-CHEIOS-PROSA-ebook/dp/B0BZD9C63S/ref=sr_1_2?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=62QI6ZWV299V&keywords=o+eu+fragmentado&qid=1685349208&sprefix=o+eu+fragmentado%2Caps%2C201&sr=8-2
 
Meu nome é RICARDO – contos, crônicas e viagens na maionese Preço: R$4,90
https://www.amazon.com.br/MEU-NOME-RICARDO-CR%C3%94NICAS-DIVAGA%C3%87%C3%95ES-ebook/dp/B0C1FKD6RS/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=2640XWL35L6C5&keywords=MEU+NOME+%C3%89+RICARDO&qid=1685349361&sprefix=meu+nome+%C3%A9+ricardo%2Caps%2C196&sr=8-
 
What a Wonderful WORD! – desenhos e HQs de humor (meu filho disse que lembram pinturas rupestres, de tão toscos) Preço: R$6,90
https://www.amazon.com.br/What-Wonderful-WORD-N%C3%A3o-Desenhar-ebook/dp/B0C5ZN823S/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=1KGGE7BKK0RI5&keywords=WHAT+A+WONDERFUL+WORD%21&qid=1685349497&sprefix=what+a+wonderful+word+%2Caps%2C325&sr=8-1 
 
CONFRARIA DAS HIENAS – textos de humor de quinta série, como disse o sumido GRF (e deixo claro que se ninguém gostar, EU gosto) Preço: R$2,00
https://www.amazon.com.br/CONFRARIA-DAS-HIENAS-Medo-Rid%C3%ADculo-ebook/dp/B0C6HGVRF4/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=2E4HSI18SWR08&keywords=confraria+das+hienas&qid=1685349134&sprefix=confraria+das+hienas%2Caps%2C203&sr=8-1

E já aviso que não espero que meus seguidores comprem esses magníficos e-books (apesar de mais baratos que banana em fim de feira). Entretanto, se quiserem divulgar para os amigos, parentes, vizinhos, colegas, amantes, inimigos, terapeutas, cafetões ou ilustres desconhecidos eu derramarei lágrimas de crocodilo, de pura emoção.
 
Curiosamente, ao examinar a situação constrangedora de minha conta corrente no dia 31/05, descobri um depósito feito pela Amazon no valor de R$3,44. Não sabia que publicar livros desse tanto dinheiro! (já dá para pagar o pãozinho da manhã!).

Olha as capas aí (de novo!).



terça-feira, 20 de junho de 2023

EU SOU HÚNGARO

Às vezes, quando um dos meus filhos chegava para almoçar, dizia brincando “Eu sou húngaro”. Na primeira vez que ouvi isso, perguntei o significado e ele explicou que era um jogo de palavras bilíngue com a frase “I’m hungry”, como se “hungry” significasse “húngaro” em português. Hoje, vendo minha barriga obscena refletida no espelho, confesso ser húngaro permanentemente, o tempo todo. Depois disso já escrevi um conto (O Estrangeiro) onde o personagem acorda falando em polonês.
 
Em algumas ocasiões, para assustar alguém com quem tenho pouca ou nenhuma intimidade, digo que devo sido deixado na Terra, um ET vindo de Marte. E enumero as “provas”: não bebo, não fumo, não cheiro, detesto picanha gorda e mal passada, não assisto a jogos de futebol – nem mesmo aos jogos de copa do mundo, não curto nem ouço pagode, sertanejo ou funk. Com essas credenciais só posso pensar que não sou mesmo deste país. Aliás, em um restaurante onde peço uma feijoada (muito boa!) servida aos sábados, nas tampas das embalagens descartáveis do meu pedido mega customizado e cheio de recomendações já vem escrito "José de Marte".

Talvez seja esse tipo de comportamento (real!) que baratinou a cabeça de alguns leitores. Um deles comentou não saber se eu era real. Claro que sou! Por que iria inventar um personagem para pessoas a quem desconheço? Já um conhecido mais cara de pau, depois de ouvir meu "currículo" teve a audácia de perguntar se pelo menos eu trepo. “Claro!”, foi a resposta, logo complementada: “até a algum tempo atrás”. Fazer o que, não é mesmo?
 
Então, acho que não tenho muito problema em me sentir estrangeiro em minha própria terra. E hoje cheguei à conclusão de que não sou nem de Marte, nem polonês nem “hungarian”, pois descobri que posso ter um pé nos Países Baixos (mas que ninguém pense que estou pisando no saco de alguém, pois estaria desvirtuando este seriíssimo post). O que acontece é que talvez eu tenha um pouco de DNA holandês. E suspeitei disso ao descobrir duas características dos neerlandeses que são a minha cara.
 
Já disse milhões de vezes que minha forma predileta de lazer é fazer nada, mesmo que isso horrorize o marombado Scant, meu coach motivacional. Como ele está sumido, posso confessar sem grilo: minha forma ideal de lazer seria fazer como os jacarés – ficar imóvel, de boca aberta e olho vidrado, sem fazer absolutamente nada, sem pensar em nada, quieto e imóvel como um jacaré ao sol.
 
Outra coisa que eu curto demais é fazer jogos de palavras ou transformar nomes próprios em verbos. Até já fiz um post sobre isso. E agora, saca só estes trechos de uma reportagem lida na BBC News Brasil:
 
Niksen é uma tendência de bem-estar holandesa que significa "não fazer nada". Ela chamou a atenção do mundo como uma forma de gerenciar o estresse ou se recuperar do esgotamento mental e físico.
 
Linguisticamente, niksen (não fazer nada) é um verbo criado a partir de niks, que significa "nada".
 
Ele se encaixa na tendência da língua holandesa de criar verbos a partir de substantivos.
 
Outros exemplos são de voetbal (futebol) a voetballen (jogar futebol), de 'internet' a internetten, de 'Whatsapp' a whatsappen.
 
Agora, depois de ler essa reportagem, posso dizer tranquila e serenamente:
- I’m Dutch, Donald Dutch.
 
E se alguém quiser ler a reportagem na íntegra, o link é este:
 
https://www.bbc.com/portuguese/articles/clw9yd8w953o

 

domingo, 18 de junho de 2023

O RISO DO PALHAÇO

  

Hoje eu vou recontar uma história muitas vezes já contada. Era uma vez... Não, isto não é um conto de fadas, menos ainda um conto de fodas, pois é apenas a história de um sujeito que às vezes se sente como se tivesse sido atropelado pela Vida ou, mais provavelmente, que tivesse atropelado a própria vida. Esse alguém sou eu, um cara que acabou de completar setenta e três aninhos e que até hoje padece de insegurança, carência afetiva e arrependimento pelas burradas que fez e pelos acertos que deixou de fazer.
 
Esse cara, por sugestão de dois filhos, criou um blog onde publicou mais de 2.600 posts com todo tipo de assunto, de acordo com o humor do dia. A quase totalidade do material publicado – assim como acontece em extração de ouro (legal ou ilegal) – é formada por rejeito sem nenhuma utilidade (exceto assorear e poluir com mercúrio os cursos d’água próximos).
 
Mas alguma coisa poderia ser salva, mesmo que de baixa qualidade. E foi aí que eu entrei. Com a morte matada do blog Blogson Crusoe (a quarta ou quinta!), fiquei meio jururu e doido para fazer alguma coisa diferente. Por isso, resolvi selecionar os textos e desenhos minimamente razoáveis para depois imprimir uma cópia do material selecionado. Foi quando surgiu o último amigo virtual, um talentosíssimo sujeito que já publicou no site da Amazon uma série de e-books.
 
Inspirado em seu exemplo tive a ideia de também publicar e-books sem gastar nada, o que acelerou a seleção que já vinha fazendo. Com o auxílio, incentivo e orientações desse amigo virtual, o primeiro e-book – dedicado aos falsos poemas que escrevi – foi lançado pela Amazon. “O Eu fragmentado” foi o título que escolhi. A surpresa foi descobrir que existe um livro (não disponível atualmente) exatamente com esse mesmo título.
 
O segundo e-book foi dedicado às crônicas, contos e textos tipo papo-cabeça que escrevi. O título “Meu nome é Ricardo” remete a uma história do início de minha adolescência. O terceiro, dedicado aos desenhos toscos, cartoons e HQs que fui produzindo com o auxílio do processador de textos da Microsoft recebeu o merecido e auto-explicável título “What a Wonderful WORD!”.
 
Em 28 de maio saiu o quarto e último volume que planejei publicar (alguém tem de ter bom senso!), focado nos textos, frases e diálogos de humor, um humor de quinta série. O título escolhido é “Confraria das Hienas”, mas bem poderia ser “O Riso do Palhaço”.
 
Porque na prática, ao olhar para trás, eu percebo que sempre fui exatamente isso, um palhaço, um bufão que tentou sobreviver à insegurança e carência afetiva através do comportamento apalhaçado e sem noção, que fui cada vez mais intensificando.  Mas não reclamo disso, pois o palhaço é aquele que pode dizer que o rei está nu sem medo de ser preso por essa insolência.
 
Para finalizar, repito a piadinha que fiz ao dizer que publicar um e-book seria uma forma de deixar a marca de minha pegada sobre a Terra. Como publiquei quatro e-books, quatro são as marcas deixadas. O que significa que eu sou um quadrúpede, uma anta! Mas isso eu já sabia bem antes da publicação dos livros. Olhaí a boniteza de suas capas.


sábado, 17 de junho de 2023

VIAJANDO NA MATÉRIA ESCURA

  

Preciso confessar que este texto teve três motivações principais. A primeira foi o desejo de espairecer um pouco, descontrair, desanuviar a mente (os tempos recentes têm sido barra!). As duas restantes, ambas condenáveis e sem nenhuma nobreza de espírito são minha para sempre eterna ojeriza a um palhaço que ocupou o cargo de presidente deste país e que insiste em permanecer ridiculamente desprezível e exibir todo tipo de atitude condenável. E a Inveja. Vejam vocês, o equilibrado, o moderado Jotabê sente inveja. Pior é perceber ter sido um invejoso desde que nasceu.
 
Pois é, percebi (tardiamente) que sempre, desde a infância, eu senti inveja de quem era mais rico (fácil!) e possuía mais bens materiais que eu. Eu invejava meus primos ricos pela casa imensa onde moravam, pelo bairro rico onde ficava a casa, pelos brinquedos fantásticos que ganhavam, pelo sorvete que tomavam, pelo carro onde andavam. E eu não sentia que isso era inveja. Esse insight, essa clareza de percepção surgiu quando um amigo de facebook postou fotos de sua recente viagem ao Japão. Para mim, que estou (usando uma expressão mineira) lambendo a maior embira, aquilo foi quase uma ofensa. E aí comecei a pensar idiotices, tentando relativizar sua situação próspera e tranquila. E saiu este texto, originalmente publicado no facebook e escrito para ser entendido por quem acessa o facebook. Isso significa que precisei abandonar o conceito de números expressos em potência de dez.
 
Querem saber quantas visualizações ele provocou? Duas, sinal de que a rede do Zuckerberg pode também ser “a rede da solidão ampliada” (acho que esta é minha sina). Então, bora lá.
 
VIAJANDO NA MAIONESE!
Hoje eu me lembrei de uma das frases mais perfeitas que já li, dita com a precisão de um tiro de sniper pelo falecido Juca Chaves. É assim: “Querer ser mais do que valem é dos imbecis a praxe”. E como eu tenho me sentido muito imbecil ultimamente, resolvi pesquisar qual é o meu real valor, a minha real importância. Para isso, resolvi utilizar a Matemática básica (o resultado não foi bom!). E achei bacana dividir com meus amigos de facebook o resultado a que cheguei, mesmo sabendo que nenhum dos meus amigos de facebook é imbecil. Para começar, precisamos de alguns dados obtidos da internet. Bora lá para o...
 
Primeiro passo:
Sabe quantas estrelas existem na Via Látea (a nossa galáxia)? Uns 200 bilhões de estrelas (muita coisa!). Sabe quantas galáxias existem no Universo? Estima-se que existam uns 200 bilhões de galáxias. Isso significa que o Universo deve ter um número de estrelas igual a 4 seguido de 22 zeros (começou a complicar!).
 
Segundo passo:
Sabe-se que a Terra tem uma massa em kg que pode ser escrita pelo número 5,97 seguido de 24 zeros. Além disso, sabe-se que o nosso Sol é 330 mil vezes maior que a Terra. Então, podemos imaginar que o peso do Sol em quilos deve ser equivalente ao número 1,97 seguido de 28 zeros.
 
Se imaginarmos que todas as estrelas do Universo são do mesmo tamanho do Sol (mesmo que não sejam), poderíamos dizer que a massa total do Universo seria igual à massa do Sol multiplicada pela quantidade de estrelas acima calculadas. Isso leva a um número igual a 7,88 seguido de 50 zeros.
 
Agora, vamos caminhar no sentido oposto.
 
Terceiro passo:
Sabe quantas células tem o corpo humano? 37 trilhões. Se imaginarmos que é igual a 70 kg o peso médio de uma pessoa (bom, isso vale para a média das pessoas normais, não para mim, que peso 102 kg), então poderemos chutar que o peso de uma única célula pode ser igual a 0,0000000000019 kg. Sabemos que as amebas são organismos unicelulares. Nesse caso, podemos dizer que o peso de uma ameba seria igual ao peso calculado para a célula.
 
E aí chegamos ao quarto e último passo da brincadeira:
Se dividirmos o peso de uma pessoa ou de uma ameba pelo peso de todas as estrelas do Universo, chegaremos nestes números bonitinhos, que expressam a relevância de um mano ou uma ameba no Universo.

Humano: 0,00000000000000000000000000000000000000000000000000098
Ameba: 0,000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000026
 
 E olha que não considerei o peso da misteriosa matéria escura, dos zilhões de planetas, asteroides e todo tipo de corpos celestes que existem!
 
Conclusão: diante da absurda e incompreensível magnitude do Universo uma ameba e um ser humano têm a mesma importância, ou melhor, NENHUMA. Com nossas crenças, crendices e orgulho somos, portanto, apenas amebas megalomaníacas. Ou, em um joguinho de palavras jotabélico, amebalomaníacas.
 
A Matemática pode ajudar a dimensionar nossa irrelevância diante do Universo. Complicado é entender a quantidade de zeros à esquerda! Espero que vocês tenham curtido esta brincadeira, este exercício de humildade.

sexta-feira, 16 de junho de 2023

73

Este texto foi escrito e publicado no Facebook no dia 7 de junho, dia em que completei 73 anos de vida. E a idéia de publicá-lo aqui é por sempre ter visto o Blogson como uma blogoteca. 
 
Eu fui uma criança pobre. Pobre e invejosa, pois tudo o que eu queria era poder ganhar os presentes que meus primos ricos ganhavam – e eu nunca ganhei.
 
Depois de adulto, no entanto, eu fui ganhando muitos presentes incríveis. Mas nada de tablets, relógios, roupas ou sapatos! Os melhores presentes que eu ganhei em toda a minha vida são minha mulher, nossos filhos, nossas filhas do coração (pois foi isso em que nossas noras se transformaram) e as quatro geminiñas.
 
E esses presentes são tão maravilhosos que me fazem pensar no que fiz para merecê-los. Porque no duro, no duro, eu penso que não os merecia. E os ganhei!
 
São esses presentes que me fazem celebrar com o coração cheio de alegria e gratidão cada dia da minha vida, cada aniversário que faço. E é isso que venho fazendo nos últimos 19.401 dias, desde que ganhei o primeiro desses presentes.
 

quinta-feira, 15 de junho de 2023

RETURN OF THE LIVING DEAD

 
Como dizia aquele samba-canção (não estamos falando de cuecas vento a favor, ok?), “Ele voltou, o Botelho voltou novamente, saiu daqui tão contente, por que razão quer voltar?”
 
Pois é, eu voltei, mais sem graça que cachorro que peidou na igreja, mas voltei. A diferença é que depois de matar e re-matar o Blogson tantas vezes acho que vale para esta re-volta a frase dita pelo irmão mais velho e mais chato do Groucho Marx: “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.
 
E tudo o que eu quero nesta volta é farsa (back to basic!). Porque agora tudo vai ser diferente (obrigado Roberto Carlos). No velho Blogson – mesmo que possa ter-me enganado algumas vezes – eu nunca menti. Tudo o que eu escrevi era real, constrangedora e dolorosamente verdadeiro às vezes. Isso agora acabou. Não tenho mais nenhum compromisso com a verdade – nem com a mentira. Para ser sincero, não tenho compromisso com porra nenhuma. Se tiver vontade inventarei as histórias mais tolinhas ou os casos mais escabrosos.

No velho Blogson eu comi toda a carne e roí os ossos. Ao novo Blogson restaram apenas as fantasias e a falta de caráter. Por isso, para começar, o mote “o blog da solidão ampliada” será substituído por “A voz que clama pelo dessert" (obrigado, São João Batista!).

Isto já é uma prova de canalhice, pois a voz que clama pela sobremesa é o lema do blog Falando com as Paredes. Como os dois blogs são meus, o Falando ficará com o lema e a sina da solidão ampliada. Além disso, o Blogson vai vampirizar o Falando, dele retirando as postagens que valer a pena republicar.

Outra coisa é a mudança de status dos amigos virtuais. No velho Blogson eu tratava os “seguidores” como amigos virtuais, porque era assim que eu os considerava realmente. Depois de algumas deserções, percebi que alguns eram apenas seguidores. Agora, no novo Blogson isto está resolvido: mesmo que contem com minha total simpatia (ou até desprezo em alguns casos - pois a perfeição é uma meta defendida pelo goleiro que joga na seleção) os amigos virtuais serão considerados apenas seguidores. Como disse o jogador de golfe Alice Cooper, “No more Mr. Nice Guy”.

E não haverá nova morte do Blogson Crusoe, a versão highlander dos blogs comuns, um blog que demonstrou ter mais vidas que a gata Cleonice. Chega de frescura, de mi mi mi au!

Para finalizar, deixo claro que só forneço meu zap e e-mail para pessoas que conheço no mundo real, capisce? E nem adianta comprar os quatro e-books jotabélicos para puxar meu saco. Comprar essas maravilhas da literatura mundial não é puxação de saco, é obrigação! Fui.

quarta-feira, 14 de junho de 2023

O CANTO DAS SEREIAS

 
Estava eu posto em desassossego, com os ouvidos cada vez mais moucos quando, apesar da surdez progressiva, ouvi o canto das sereias. Como sabem muitos alfabetizados funcionais, as sereias - ao contrário do cavalão, que é um mito ilógico - eram seres mitológicos, metade o busto de uma deusa maia, metade um grande rabo de baleia, seres que enfeitiçavam os marinheiros daqueles navios mequetrefes que sangravam o mar oceano em busca de riquezas. Enlouquecidos, os mareantes deixavam os navios se arrebentar nos rochedos, só pensando em comer aqueles rabos.
 
Mas o canto das sereias que ouvi é uma versão moderna e mal acabada dessa bela história, pois veio em forma de mensagens. Por isso, não ouvi, apenas li. Ainda bem, pois esse canto deve ser horrível e muito desafinado. Mesmo assim fiquei seduzido.

Mas é dureza ter de admitir que as sirenes dos tempos modernos, além da Pequena Sereia e do uóuóuó das viaturas policiais, são dois sereios (ou tritões), marmanjos mal ajambrados – o intrépido e macho das antigas Marreta do Azarão e meu sobrinho Rafael, que é mais que espada, é espadachim. Então, devo mesmo estar com Alzheimer para prestar atenção no que esses dois disseram! Mas preciso deixar registrado para as futuras degenerações que nunca me senti atraído por rabo de homem nenhum. Para ser sincero, com tanta gostosa se ondeando por aí vou me preocupar com rabo de sereio? É ruim!
 
Pondo de novo o bonde nos trilhos, primeiro, tendo alguma música do Raul ao fundo, o Marreta silvou amistosamente: É só uma sugestão. Já que você vem fazendo postagens inéditas com uma certa frequência, por que não voltar ao Blogson?
 
Tentei reagir respondendo que a razão principal é que eu tenho um mínimo de vergonha na cara. Eu disse que nunca mais postaria nada no Blogson e seria uma calhordice inimaginável se eu recomeçasse a postar coisas no Blogson. E, falando a verdade, provavelmente a única coisa que sairia seriam as críticas ao Lula e ao Bozo.
 
Aí a segunda sereia sibilou: Mesmo você tendo falado que não ia postar mais no Blogson, isso não te impede de voltar a postar. Que eu saiba, você não assinou nenhum contrato com você mesmo de nunca mais postar. Tem uma história engraçada envolvendo o Sean Connery, que fez o primeiro James Bond (o David Niven já tinha feito papel dele em um filme meio estranho e um ator americano também já tinha feito em um programa de televisão, mas o do Sean Connery é considerado o primeiro Bond "oficial"). Ele não gostava do personagem e quando largou o papel, disse que nunca mais faria outro filme dele. Pois bem, em 1983, ele fez de novo papel do Bond e o título do filme era "Never Say Never Again", que é literalmente "Nunca Diga Nunca Novamente" (aqui no Brasil virou "Nunca Mais Outra Vez").
 
E eu que já estava intoxicado por uma porção dupla de leite com toddy, sucumbi a essa argumentação cinematográfica, joguei para o alto o resto de amor-próprio que ainda tinha, varri para debaixo do tapete a vergonha na cara que possuía e resolvi voltar. Sereio matusalém da blogosfera, emitindo meu próprio canto para ver se seduzo os leitores a comprar meus e-books. Mas mudanças acontecerão. E só serão conhecidas no próchimo post. 

 


COMEÇA HOJE!

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