Por desejar comentar um dos posts recentes de
meu amigo virtual Marreta, achei pertinente divulgá-lo aqui, porque no
Blogson é assim: comentário grande vira post! Mas, concomitantemente a
isso, recebi pelo Facebook um desabafo que se encaixava com o assunto de meu
comentário. Talvez devesse tê-lo compartilhado apenas na rede social (pois
teria muito mais visualizações), mas não podia perder a oportunidade de fazer
mais um post. Antes, vamos às apresentações de praxe. O autor do desabafo do Facebook é Tadeu Martins Soares, escritor nascido em Itaobim, cidadezinha do norte
de Minas Gerais. Além disso, é produtor cultural, excelente contador de
“causos” e super do bem. Não é meu "amigo", não o conheço
pessoalmente, mas já ouvi seus casos na televisão e na empresa onde trabalhei.
E agora, vamos aos comentários sobre o post do Marreta.
Graças ao isolamento social em que estou,
descobri algumas curiosidades relacionadas à causa de minha clausura, que passo
a relacionar:
- Eu tinha entre sete e dez anos quando
peguei “gripe asiática”, influenza que
deixou a mim e a meu irmão prostrados com febrão de 40 graus ou mais. Creio que
meu irmão chegou a delirar. Dia desses resolvi ler alguma coisa sobre isso e
descobri que essa gripe surgiu na China, mesmo lugar de origem do Coronavírus
(coincidência, não?).
- Em 1968 aconteceu outro surto de influenza
que ficou conhecido por “gripe de Hong
Kong” (que coincidência!).
- Entre 2002 e 2003 o mundo tomou
conhecimento da SARS
(do inglês Severe Acute
Respiratory Syndrome) - Síndrome respiratória aguda grave causada
pelo coronavírus SARS, com taxa de letalidade de 10%. A SARS foi detectada
pela primeira vez na China (eitcha!). Pensa-se que a doença tenha
tido origem em gatos-de-algália (civetas) infectados por morcegos e
posteriormente vendidos em mercados. Aqui cabe um comentário: Na Indonésia, com
as sementes de café expelidos junto com as fezes da civeta é preparado o café
mais caro do mundo, o kopi-luwak –
que não deixa de ser um café cagado.
Então, sabe Deus por qual motivo, a China é um
puta celeiro de epidemias viróticas graves. Mas essas designações pouco
significam para mim, pois a mais letal influenza de todas foi a “Gripe Espanhola” – e acredita-se
que “ela surgiu nos Estados Unidos,
que não divulgaram a informação. Os ianques estavam na Primeira Guerra Mundial
e censuravam dados que pudessem enfraquecer seu Exército. A neutra Espanha
noticiou o fato e, por isso, ficou conhecida como o berço do perrengue”.
Por isso, acho uma puta idiotice a China
exigir pedidos de desculpas. Como diria o Marreta, pedir desculpas é o caralho!
Mas também acho uma insanidade o Bolsonaro chamar de gripezinha um monstrinho
que aterroriza o mundo todo. E ainda culpa a mídia pela cobertura exaustiva do
avanço da doença pelo Brasil e o resto do planeta!
Assim, pouco importa para mim que o Covid-19
tenha surgido na China (parece mais que óbvio que tenha surgido lá). O que
realmente importa é a reação mais ou menos rápida das autoridades para iniciar
o combate à doença. Parece que a China e a Itália tiram nota baixa nesse
quesito. E é aí que entra nosso presidente. Eu nunca tinha notado a sua
existência até ser esfaqueado (que alguns gostam de dizer “esfakeado”). Achei o atentado o maior
dos absurdos e nunca acreditei ter sido “jogada de marketing eleitoral”. Ele
pode não ser 100% normal (tenho para mim a sensação de que não é mesmo), mas
louco é quem pensa em uma idiotice dessas.
Só não pode agir assim, de forma
irresponsável e leviana, pois está se equiparando ao silêncio chinês e à
inércia italiana. E isso pode dar merda, pois ele atrai toda a antipatia que
cada vez mais pessoas sentem por ele, justamente pelas idiotices que teima em
dizer. Assim, tudo o que diz - mesmo que tenha um mínimo de sensatez - é
neutralizado pelo ódio ou desprezo que sentem por ele. Eu posso falar por mim.
Até onde consigo me lembrar, sempre tive medo
e rejeição ao comunismo. Mas sempre tive também pavor da ditadura militar pós
1964. Por outro lado, nunca senti a menor simpatia pelo Lula, detesto o PT,
odeio o Zé Dirceu, a Gleise Hoffmann e o Lindberg Farias. Mas é ódio mesmo!
Acho o Lula um picareta amoral e nunca tive simpatia ou identificação com o que
se entende por Esquerda. Mas também sinto aversão pelo nosso presidente e sua
tchurma de extrema direita. Aliás, o que mais sinto mesmo é pena e desprezo,
justamente pelas convicções equivocadas que ele tem e pelo que diz sem se
preocupar. Então, nem sou de Esquerda nem "apoiador", pois detesto
radicalismo.
Então, quando ele diz que o país não pode
parar eu sinto que há sensatez no que diz, mas só do ponto de vista econômico.
Como manter os idosos de famílias que moram em “casas” de um ou dois cômodos
nas favelas? Como manter os idosos dessas famílias em isolamento se os filhos
saírem para trabalhar? Esse é o mega problema, que remete ao ditado “se correr
o bicho pega, se ficar o bicho come”.
O problema é que o Jair fala demais, fala sem
pensar, sem se controlar. Aliás, ele e seus filhos. O “Dudu” disse da pandemia
que "a culpa é da China e liberdade seria a solução", alvoroçando
meio mundo, inclusive as autoridades chinesas. Um modelo de diplomacia, como se
vê.
Outra coisa: tá na cara que o vírus é chinês,
mas daí a dizer que os chineses adquiriram o vírus ao comer animais
estranhíssimos para nosso paladar ocidental vai uma boa distância. Aqui em casa
somos constantemente metralhados, bombardeados por rajadas de cocô de morcegos
frugívoros. Época de jabuticaba é um inferno, mesmo que não tenhamos nenhum pé
dessa fruta em casa. Se houver bactérias ou alguma variante de coronavírus
nessas fezes e eu resolver limpar sem higienizar adequadamente as mãos, eu
poderia muito bem ser o marco zero de uma nova epidemia mundial. O mesmo vale
para os catadores de cocô das civetas que resulta no caríssimo café cagado.
Para finalizar este chatíssimo comentário,
fico imaginando que quase ninguém fala dos biscateiros, ambulantes, vendedores
de bala no sinal, das diaristas e todo tipo de gente que “ganha o pão com o suor do rosto”, ou
seja, se não fez, não ganha. Então, a preocupação do Ministério da Saúde em
achatar a curva estatística de evolução da doença precisa ser acompanhada da
preocupação de também "achatar" a fome de quem não encontra clientes
para seu bolinho de feijão, chá mate na praia, passageiro para seu táxi, ou
para aulas como personal trainer - e
mais uma infinidade de profissões sem vínculo empregatício. Precisamos
minimizar a evolução da doença para não implodir o sistema de saúde, mas não
podemos nos esquecer de também cuidar do estômago dos desvalidos, dos
trabalhadores informais e dos que vivem à base de comissão e gorjetas. Mas
pedir desculpas, nem pensar!
Dito isso, vamos à segunda parte (que sairá
logo em seguida), com o texto do Tadeu.
Só digo que entendo e não entendo este isolamento todo, comércios fechados - muitos nem reabrirão a depender do tempo de quarentena -, praticamente tudo parado.
ResponderExcluirNão nego a gravidade da situação, mas, só na Europa, por exemplo, morrem perto de 60.000 pessoas por ano das chamadas gripes sazonais, as de inverno; em 2019, no Brasil, foram mais de mil mortes causadas pelas mesmas gripes.
O que há de diferente, ou de especial nesta pandemia? Ou, sem querer aderir às teorias da conspiração, o que há de especial, o que há por detrás de todo esse isolamento?
https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2020/02/26/interna_internacional,1124415/oms-lembra-que-gripe-sazonal-mata-60-000-por-ano-na-europa.shtml
https://noticias.r7.com/saude/brasil-registrou-ao-menos-1109-mortes-por-gripe-em-2019-05032020
Não sei, meu caro Marreta. Se fosse só em um único país, uma boa teoria da conspiração daria conta do recado, jogando a culpa no Lula ou no Bolsonaro. O problema é a disseminação pelo mundo todo. Ouvi dizer que o coronavírus SARS de 2002 matava muito mais rápido - e esse foi o motivo de não ter contaminado muitas pessoas. Mas fiquei sabendo de uma votação ocorrida agora que destina R$1.200,00 para quem está no "grupo de risco financeiro". Ainda não fiquei sabendo dos detalhes. A merda toda é que hoje eu pertenço ao grupo de risco (minha mulher está em um nível ainda mais elevado). Por isso, estamos isolados em casa, com medo até de peidar.
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