quarta-feira, 11 de março de 2020

A GÊNESE DE "LUCA"


Acabei de ler o livro “O Caldeirão Azul”, do físico Marcelo Gleiser. Compõe-se de vários ensaios que publicou ao longo dos anos no Brasil e nos Estados Unidos. Livro quase tão bom de ler quanto os escritos pelo Yuval Harari. Em um desses ensaios ele aborda um assunto que me deixou fascinado ao ponto de pensar em transcrever alguns trechos aqui no Blogson - mas só para apresentar uma nova série de dezénhos “inspirada” no que li (já viu que não virá nada que preste, não é mesmo? E, pode acreditar, você está certo!). Segura aí!

Se os vitorianos se ofenderam com a teoria da evolução de Darwin, que diz que somos descendentes de primatas, imagina se soubessem que nosso primeiro ancestral era muito mais primitivo do que isso, uma mera criatura unicelular, nada mais do que um micróbio. Sim, temos uma Eva microbial. Hoje, sabemos que todas as criaturas vivas dividem o mesmo ancestral,chamado LUCA, do inglês Last Universal Common Ancestor, último ancestral comum universal.(...)
O biólogo evolucionário William Martin, da Universidade Heinrich Heine em Düsseldorf, na Alemanha, tentou achar sinais do LUCA escondidos nos genes de bactérias e arqueias. A tarefa não é nada fácil, pois organismos podem trocar genes ao evoluírem, tornando difícil distinguir genes que vieram de uma linhagem antiga daqueles que foram obtidos mais recentemente. (Pense numa família que tem um saco de dinheiro que vai passando de geração em geração, e que, de vez em quando, recebe uma nota nova). (...)
Depois de estudar 2 mil micróbios modernos, cujos genes foram sequenciados nas últimas duas décadas, o time de Martin descobriu 355 famílias de genes que aparecem frequentemente, sugerindo que têm uma origem comum. Analisando os genes em detalhe, Martin e seus colaboradores concluíram que o LUCA era uma criatura anaeróbica (que vive sem oxigênio) e termofílica (que gosta de ambientes quentes). Em artigo da revista Nature, escreveram,
LUCA habitava um ambiente geoquímico ativo, rico em gás de hidrogênio, dióxido de carbono e ferro. Os resultados são consistentes com a teoria de que os primeiros seres Vivos eram autotróficos (capazes de se alimentar de compostos químicos inorgânicos) [...] habitando ventas hidrotermais.(...)
De acordo com esses resultados, o LUCA era uma criatura unicelular simples, que viveu onde a água do mar encontrava o magma que jorrava do interior da Terra, em ventas hidrotermais.
No momento, a evidência que temos sugere que nossa Eva ancestral era organismo unicelular extremamente resistente, que gostava de nadar em água muito quente e de comer compostos simples. Não poderíamos esperar menos do incrível organismo que evoluiu para se tornar todas as outras criaturas que já existiram. Isso sim é legado genético!



4 comentários:

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    1. Scant, caguei! Em vez de clicar no "Responder", cliquei no "Excluir". Consegui copiar o texto mas não retorná-lo ao lugar original
      Scant disse: "luca foi o mais próximo da felicidade que o homem chegou". Você está muito severo na avaliação (mas não está errado).

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    2. "cliquei no "Excluir" fez muito bem.
      teria feito o mesmo ;)

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    3. Engano seu, para mim qualquer comentário é sagrado, mesmo que eu não concorde com ele (o que não era o caso). Foi vacilo mesmo (ou cochilo, pois tenho cochilado muito na frente do computador).

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MARCADORES DE UMA ÉPOCA - 4