terça-feira, 27 de novembro de 2018

BORRACHALIOTECA

Já vou avisando que o título do post não é mais um jogo de palavras estilo Jotabê. Estava ouvindo rádio no carro e resolvi procurar uma estação que estivesse tocando alguma música legal. Quando sintonizei uma das minhas prediletas, especializada em rock, estava rolando um papo de gente desconhecida. Já ia procurar outra frequência quando ouvi falar em Son Salvador, cartunista de BH. Para quem não sabe (eu não sabia), Son Salvador nasceu em Sabará, cidade histórica que pertence à região da Grande BH.

Como um dos meus assuntos prediletos são desenhos de humor, fiquei escutando, para descobrir que o entrevistado não era o cartunista, mas o criador de uma biblioteca em Sabará. Gostei tanto da história que resolvi postá-la no blog. A seguir, para poupar meu punho com tendinite, transcrevo algumas coisas que descobri na internet sobre essa biblioteca.

Desde agosto de 2002 a borracharia do “Joaquim Borracheiro”, no município de Sabará, vem perdendo cada vez mais espaços para os livros. Não que o Joaquim que dá nome ao negócio seja um leitor assíduo, mas devido à Borrachalioteca, criação do seu filho Marcos Túlio Damascena, os pneus agora têm companhia.

Marcos teve a ideia de utilizar parte do pequeno espaço da borracharia do pai “para dividir o gosto pela literatura, servir a comunidade e fazer mais leitores”, como ele mesmo conta. (...)

Perguntado sobre a razão do sucesso da sua iniciativa, Marcos Damascena acredita que a Borrachalioteca deu tão certo por fugir do modelo das bibliotecas comuns, ambientes rígidos e silenciosos. “O ambiente daqui é muito mais familiar e livre do que o de uma biblioteca normal”.

Marcos cuida sozinho dos livros e os concilia ao trabalho com os pneus e ao curso de Letras na Faculdade de Sabará, no qual cursa o 3º período graças a uma bolsa conseguida por seu trabalho com a Borrachalioteca. Além da bolsa na faculdade, a Borrachalioteca também rendeu outros frutos a Marcos, como convites para palestras em universidades e empresas.

Enquanto conversava com Marcos para fazer esta matéria três pessoas foram à Borrachalioteca fazer empréstimos e outras duas vieram utilizar os serviços da borracharia. Os livros acabam por ser também uma ótima forma de propaganda para o negócio.

O único problema enfrentado nos últimos tempos vem sendo a falta de espaço. A situação é tão dramática que atualmente ele só aceita doações em casos excepcionais, enquanto busca uma solução para seu problema de espaço.(...) Marcelo Santiago, 19/9/2006

Em 2006, a biblioteca foi registrada como Instituto Cultural Aníbal Machado, em homenagem ao escritor sabarense de mesmo nome. Um ano depois, a iniciativa ganhou o Prêmio Viva Leitura, dos Ministérios da Cultura (MinC) e da Educação (MEC) e da Organização dos Estados Ibero americanos para Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). Com o tempo, a Borrachalioteca se tornou Ponto de Cultura e ingressou no Polo Sou de Minas, Uai!, rede de bibliotecas comunitárias do Programa Prazer em Ler, do Instituto C&A. Com o aumento do acervo, a Borrachalioteca ganhou três novas unidades em outros locais: a nova biblioteca da Sala Son Salvador (olha o cartunista aí) , no bairro Cabral (2008); a Casa das Artes, no centro de Sabará, que abriga a Cordelteca Olegário Alfredo (2010) e o Espaço Libertação pela Leitura, no Presídio de Sabará (2010).

Borrachalioteca além de fornecer espaços de leitura, tem tentado estimular seu público a produzir e viver cultura também. Alguns exemplos disso são projetos como

Grupo Arautos da Poesia, em que jovens entre cinco e 17 anos, têm sido estimulados a navegar pelo mundo dos poemas, recitando e escrevendo.

"Projeto Pão e Poesia" (em parceria da Biblioteca Universitária), que distribui em padarias de Sabará, embalagens de papel impressas com poemas.

Hoje, segundo seu criador, a Borrachalioteca conta com 12.000 volumes exclusivamente de literatura. O público principal é composto de crianças e idosos. Para encerrar, um caso que ouvi no rádio. Perguntado sobre como fazia para ler quando ainda não tinha criado esse projeto, respondeu que ia sempre à Biblioteca Pública, onde retirava as obras que o interessavam. Um dia pegou um livro do Ferreira Gullar que, por coincidência, estava em Minas Gerais. Não teve dúvida – levou o livro da biblioteca para o poeta maranhense autografar.

- Como eu poderia devolver um livro autografado pelo Ferreira Gullar? Peguei um do Sidney Sheldon e devolvi. Naquela época podia fazer isso. Depois, mudaram o procedimento. Hoje, em caso de perda ou dano ao livro retirado da biblioteca, o leitor deve devolver um igual”. Figuraça!



4 comentários:

  1. Essas iniciativas são sempre louváveis.
    Aproveito para lhe sugerir uma série tragicômica que aborda de forma bem legal a velhice. Se você tem acesso à Netflix, assista a The Kominsky Method, com o veterano Michael Douglas. Broxadas e distúrbios da próstata são a tônica.

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    1. Rapaz, minha nora sugeriu a mesma série!

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    2. Pois é, tá vendo, só? Todo mundo querendo fazer o velhinho rir...

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    3. Mas eu rio! (mesmo que fique igual à hiena da piada)

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