Não pretendo transcrever
dados biográficos do Millôr Fernandes, pois a internet está cheia disso para
quem se interessar. Minha intenção – já que não encontrei a frase que buscava –
é compartilhar com os dois leitores do Blogson a surpresa e o prazer que senti
ao ler frases e sacadas geniais que fui descobrindo nos exemplares de VEJA à
medida que ia “desbastando” as 988 edições da revista que examinei à procura de
um único, específico pensamento do Millôr.
Então, este post, o anterior
e os subsequentes registram apenas algumas impressões pessoais e minha
admiração quase irrestrita por um escritor extremamente lúcido, para quem “livre pensar era só pensar”. Só esta
frase (com o verbo no presente) já o colocaria em posição de destaque em
qualquer antologia de frases filosóficas e aforismos geniais. Preciso também
lembrar que – na minha visão! – o Millôr é um dos integrantes da “santíssima
trindade do humor brasileiro”. O Luís Fernando Veríssimo é o segundo; o
terceiro, ainda não defini.
Isto significa também que as
frases e pequenos textos que tive a paciência de transcrever literalmente
(mesmo discordando da ausência de alguma vírgula) talvez sirvam também para me
definir um pouco mais, pois muitos poderão achar sem graça, sem lógica e
desimportantes, mas, para mim, são majoritariamente geniais e engraçadas. É
oportuno dizer que minha opção por frases isoladas e períodos curtos deve-se ao
fato de que o arquivo de VEJA foi digitalizado apenas como imagem. Se eu
quisesse transcrever um texto maior, teria que digitar tudo, numa trabalheira
dos diabos.
Lembro também que por mais
que goste de textos sérios e de poesia, tenho especial predileção pelo humor.
Talvez por achar a Vida uma coisa
estranha e muitas vezes dolorida e amarga. E o non sense e o humor seriam o antídoto, o anestésico para suportar as dores físicas e mentais do envelhecimento e, antes disso, da solidão. Neste
caso, o Millôr sempre se mostrou – para mim! – o remédio mais eficiente.
Feitos esses comentários, quero registrar
algumas impressões que ficaram, decorrentes do exame de dez revistas por dia,
em média. Como não sou crítico literário nem psicólogo, repito que são apenas
impressões minhas, sem nenhum vínculo obrigatório com a verdade ou com uma
análise mais apurada. Bora lá:
O Millôr morreu em 2012, com 88 anos (isto eu
tirei da internet). Tendo nascido em 1923, estava com 45 anos quando começou a publicar
na VEJA (edição 013, de 04/12/1968) e n'O Pasquim (26/06/1969). Em 08/12/1982,
na edição 744 de 08/12/1982 foi publicada sua última colaboração na revista.
Estava com 59 anos.
Entre 1982 e 2004 trabalhou na revista “Isto É”. Provavelmente deve ser dessa
época a tal frase que me fez estar agora escrevendo estas abobrinhas. Como não
existe acervo digital da “Isto É”, fica por isso mesmo.
Em 15/09/2004, na edição 1871, voltou a publicar
na VEJA. Estava com 81 anos. Seu último trabalho foi publicado na edição 2130,
de 16/09/2009. Estava com 86 anos.
Comparando os dois períodos em que trabalhou na revista VEJA, observei o seguinte:
Comparando os dois períodos em que trabalhou na revista VEJA, observei o seguinte:
- No primeiro período,
sua seção era apresentada em duas páginas. Na segunda vez, ficou só com uma;
- Aparentava menosprezar a medicina e a psicologia, talvez por nunca adoecer (segundo ele mesmo) e por ser “indecentemente feliz” (idem). Fez vários cartoons ironizando a terapia de divã e chegou a escrever um texto com o título “psicanalhismo”;
- Tinha obsessão por escrever o próprio nome sempre de uma maneira diferente (braile, lingua de sinais, código morse, letras com perspectiva distorcida, manuscrita, etc.);
- Seu traço de desenho era feio e mal acabado, mas muito eficiente. Abusava das cores berrantes e deixava que elas ultrapassassem o limite da forma, aparentemente de propósito;
- Aparentava menosprezar a medicina e a psicologia, talvez por nunca adoecer (segundo ele mesmo) e por ser “indecentemente feliz” (idem). Fez vários cartoons ironizando a terapia de divã e chegou a escrever um texto com o título “psicanalhismo”;
- Tinha obsessão por escrever o próprio nome sempre de uma maneira diferente (braile, lingua de sinais, código morse, letras com perspectiva distorcida, manuscrita, etc.);
- Seu traço de desenho era feio e mal acabado, mas muito eficiente. Abusava das cores berrantes e deixava que elas ultrapassassem o limite da forma, aparentemente de propósito;
- Usou vários títulos
para agrupar suas frases em cada número: DICIONÁRIO IRREFLETIDO, HEIN, COMO FOI MESMO
A HISTÓRIA?, LIVRE-PENSAR É SÓ PENSAR, PROVERBINHOS À MODA LUSITANA, REFLEQÇÕES AUTO-REFERENTES, REFLEXÕES SEM DOR,
etc.
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