“Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Creio que o autor
desta frase – ou, pelo menos, de seu conceito – foi o nazista Goebbels. Até
onde me lembro, em algum momento o Millôr Fernandes pegou esta ideia e a expandiu em períodos de
tempo, em um crescendo de importância e densidade. Alguma coisa como “passados ‘x’ anos transforma-se em norma, mais ‘y’ anos em doutrina, mais ‘z’
anos em dogma, até virar uma religião”.
Essa era a ideia contida em
uma frase (ou aforismo) de autoria do Millôr que li há alguns anos.
Na época, apesar de achar genial, “acusei o golpe” em minhas crenças
religiosas. Como sabem meus dois leitores, tenho uma fé vagabunda e frágil como
a chama de uma vela acesa em dia de vento. Por isso mesmo, a crítica ou a
defesa da essência do que creio sempre me atraem, viciado que sou em religião.
Nunca é demais lembrar que no final da adolescência fui dissuadido por meu
irmão do desejo de estudar teologia.
Recentemente, surgiu a
vontade de localizar e reler essa frase. Constrange-me um pouco dizer que esse
desejo teve motivos menos “nobres”, pois o que eu queria mesmo era provocar
meus amigos de Facebook ao publicá-la no meu perfil. Inicialmente, pensei que
teria sido publicada na VEJA durante o primeiro período em que fui assinante
dessa publicação.
Com esta ideia na cabeça,
resolvi pesquisar no acervo digitalizado da revista. Para isso, precisaria
saber em qual período o Millôr produziu sua seção semanal. Entrei na internet e
descobri que isso aconteceu em dois períodos distintos – com resultados também
distintos. O primeiro teve início em 04/12/1968 e encerramento em 08/12/1982. A
segunda participação aconteceu no período de 15/09/2004 a 16/09/2009. Ou seja,
14 anos na primeira vez e 5 na segunda, resultando tudo isso em quase mil (!)
semanas a pesquisar.
Sem me preocupar com a
trabalheira que ia dar, não quis nem saber: meti a cara nessa maluquice, nessa obsessão
de gente doida e desocupada. Comecei no início de julho e terminei agora, quase
no final de setembro. Resultado alcançado: 988 exemplares escarafunchados,
setenta dias gastos na empreitada e resultado gloriosamente igual a zero. Não
achei a porra da frase! Mas descobri muita coisa legal, muita cultura inútil,
que será revelada a partir do próximo post. Que já está pronto, doido para
entrar em campo!
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