quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

“SEU” SYLVESTER

Entra ano, sai ano, é sempre a mesma coisa. Basta passar o Natal e já começam as previsões para o próximo ano. São tantos os búzios jogados que os moluscos que fornecem a matéria prima até correm o risco de extinção. Fora as retrospectivas jornalísticas. O ano de 2015 foi tão brabo para os brasileiros que acho até que os repórteres deveriam usar o termo ré-trospectiva, de tanto que o país retrocedeu (e nem estou preocupado em fazer divagações com a palavra “ré”).

É inevitável que as retrospectivas incluam uma lista das personalidades falecidas no decorrer do ano. Sempre acredito que há uma mistura da curiosidade mórbida de lembrar quem “bateu a sapituca” (como dizia minha mãe) e o alívio de não estar entre eles. Normal.

Mas um dos eventos que chama mais a atenção(?) é a corrida de São Silvestre. Talvez fosse melhor chamá-la de “Seu” Sylvester. Para quem não se lembra ou não sabe, Sylvester é um gato desastrado que passa a vida tentando apanhar um passarinho com macrocefalia e que vive preso em uma gaiola. Ainda não entendeu? Foda! No Brasil esses personagens de desenho animado são também conhecidos pelos nomes de Frajola e Piu-Piu. Ah, bom!

Mas não estou interessado em falar de um desenho animado que serviu só para fazer trocadilho. Meu negócio é a corrida de rua e as associações de ideia que ela permite fazer. Como disse, entra ano e sai ano, é (quase) sempre a mesma coisa. Os brasileiros começam a corrida na dianteira e o público se alegra. Mas isso não demora a acabar, pois um bando de africanos com fôlego de fundista e desempenho de velocista vem e janta os atletas daqui.

E aí eu fiquei pensando que os brasileiros são bem parecidos com nossos atletas da São Silvestre (ou com o gato Sylvester): correm, correm, correm, sonham, sonham, sonham, mas nunca (ou quase nunca) veem o Brasil melhorar, ficam apenas com a esperança de que no ano que vem...


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MARCADORES DE UMA ÉPOCA - 4