Entra ano, sai ano, é sempre a mesma coisa.
Basta passar o Natal e já começam as previsões para o próximo ano. São tantos
os búzios jogados que os moluscos que fornecem a matéria prima até correm o
risco de extinção. Fora as retrospectivas jornalísticas. O ano de 2015 foi tão
brabo para os brasileiros que acho até que os repórteres deveriam usar o termo ré-trospectiva,
de tanto que o país retrocedeu (e nem estou preocupado em fazer divagações com
a palavra “ré”).
É inevitável que as retrospectivas incluam
uma lista das personalidades falecidas no decorrer do ano. Sempre acredito que
há uma mistura da curiosidade mórbida de lembrar quem “bateu a sapituca”
(como dizia minha mãe) e o alívio de não estar entre eles. Normal.
Mas um dos eventos que chama mais a atenção(?)
é a corrida de São Silvestre. Talvez fosse melhor chamá-la de “Seu”
Sylvester. Para quem não se lembra ou não sabe, Sylvester é um
gato desastrado que passa a vida tentando apanhar um passarinho com macrocefalia
e que vive preso em uma gaiola. Ainda não entendeu? Foda! No Brasil esses
personagens de desenho animado são também conhecidos pelos nomes de Frajola e Piu-Piu.
Ah, bom!
Mas não estou interessado em falar de um desenho
animado que serviu só para fazer trocadilho. Meu negócio é a corrida de rua e
as associações de ideia que ela permite fazer. Como disse, entra ano e sai ano,
é (quase) sempre a mesma coisa. Os brasileiros começam a corrida na dianteira e
o público se alegra. Mas isso não demora a acabar, pois um bando de africanos
com fôlego de fundista e desempenho de velocista vem e janta os atletas daqui.
E aí eu fiquei pensando que os brasileiros
são bem parecidos com nossos atletas da São Silvestre (ou com o gato Sylvester): correm, correm, correm, sonham,
sonham, sonham, mas nunca (ou quase nunca) veem o Brasil melhorar, ficam apenas
com a esperança de que no ano que vem...
Nenhum comentário:
Postar um comentário