terça-feira, 1 de dezembro de 2015

FATO OU VERSÃO

Para não alterar o texto do post que foi republicado hoje, resolvi fazer este adendo em novo post, pois descobri um vídeo que estava procurando há muito tempo. E o tema é justamente o do post republicado. 

Alguém já disse que em política a versão é mais importante que o fato. Se isso é fato ou versão, estou pouco me lixando, porque meu assunto é uma música. E suas duas versões.

Fazer uma nova letra para uma melodia estrangeira é a coisa mais comum, especialmente no Brasil. Bem mais raro é encontrar duas versões para a mesma música. Isso aconteceu com a música (linda) “All of me”.

No final da década de 1940, Haroldo Barbosa fez uma versão dessa música com o título “Disse alguém”. Em 1965, época da Jovem Guarda, o quarteto vocal Golden Boys gravou “Ai de mim”, outra versão da mesma “All of me”. Em 1981, João Gilberto regravou magnificamente a versão de Haroldo Barbosa.

Entrei nesse assunto para chamar atenção para a música “Lígia”, de Tom Jobim. Como já disse em um dos primeiros posts deste blog (e que está sendo republicado hoje), o Jobim fez uma letra incrível para essa lindíssima melodia. Até aí, tudo bem. Só que resolveu pedir uma ajuda ao Chico Buarque, que, sem assumir a coautoria, refez partes da letra original. E essa versão revista é que foi gravada.

Em um de seus shows de fim de ano, o Roberto Carlos (ainda sem chapinha) e o Tom cantam essa música. Imagino que durante os ensaios, apenas com o som do piano do Tom Jobim, os dois começam a passar a música. Em determinado momento, o Tom começa a cantar a letra original, o que desconcerta o Rei.

Resolvi buscar essa gravação na internet e, depois de muito tempo, acabei encontrando. Se alguém se interessar em ver/ouvir essa pegadinha do Tom, siga o link abaixo.



E se alguém quiser saber o porquê do título deste post, direi que é muito fácil de entender: não importa qual versão da letra você prefere, o fato é que ambas são excelentes. Fui.


3 comentários:

  1. Muito bom JB, já conhecia o vídeo, mas nem lembrava. O Tom era mesmo uma figuraça e ainda mais quando estava com o Vinícius, "o Tom do Vinícius", no vídeo a seguir (caso interesse) que íntegra o documentário Vinícius, um trechinho engraçado dos dois muito bêbados
    https://www.youtube.com/watch?v=A6MfF4v9ZD0
    "J"

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  2. quando lia a postagem de ontem, com as duas letras de Lígia, ia comentar sobre essa gravação do Tom e do Roberto, na qual o Rei, metódico e espartano que só ele, não reage muito bem ao "adendo" que o improvisador Jobim pôs na música que ensaiaram. Roberto até comenta : essa parte eu não conhecia; Tom diz que foi especialmente para ele; Roberto, acho, pede que eles se atenham ao que foi ensaiado. Coisa de quem tem TOC mesmo. Eu tenho essa música em CD, numa coletânea de duetos do Rei que baixei da net há tempo. Mas aí fiquei com preguiça de comentar e hoje você completou a história.
    Eu, particularmente, gosto mais da versão do Chico, mas a estrofe que o Tom mostra ao Rei, a dos cabelos castanhos que metem mais medo que um raio de sol, é das boas, acho que ela - só ela - poderia ter sido inserida na letra do Chico.

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  3. Esta é uma resposta dupla, endereçada aos dois malucos que mais comentam o que coloco no blog. Agradeço os frequentes comentários de vocês, sinal de que não preciso "procurar no dial" Lllu Santos). As intervenções do Chico são imbatíveis, mas isso em nada diminue a beleza da letra original. Para mim, o grande barato seria alguém gravar as duas letras, uma após a outra. Ou no estilo Milton e Chico, com duas letras e duas gravações para a mesma melodia (na verdade, três, pois existe ainda uma gravação da Simone com uma terceira letra).

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